Outubro 7, 2024

A Sonangol registou, no exercício económico de 2022, um volume de negócios de 12,6 mil milhões de dólares, correspondentes a um resultado operacional (EBITDA) calculado em 4,9 mil milhões.

A informação foi avançada, sexta-feira, em Luanda,  pelo presidente do Conselho de Administração da petrolífera angolana, Sebastião Gaspar Martins, durante a conferência para apresentação do balanço provisório de desempenho.

O gestor disse que a empresa está presente em cerca de 35 concessões na qualidade de parceira, sendo actualmente a operadora em nove concessões que permitiram elevar os direitos ao petróleo  para 18 por cento da produção nacional, equivalente a uma produção de 200 mil barris de petróleo por dia.

Estes indicadores, avançou, têm incidência directa no aumento da produção nacional de gasolina em 3 a 4 vezes e aumento da poupança para suprir as necessidades do mercado interno e fornecimento aos países fronteiriços.

Sebastião Gaspar Martins faz uma avaliação optimista sobre o desenvolvimento da refinação e petroquímica, onde realça o relevante protagonismo da produção de gasolina pela Refinaria de Luanda, cujas obras de ampliação foram recentemente concluídas com sucesso, a chegada ao país dos equipamentos da refinaria do Soyo, com capacidade para processar 100 mil barris de petróleo por dia.

A chegada dos equipamentos para a Refinaria de Cabinda, que terá, numa primeira fase, um potencial para processar  30 mil barris por dia e mais 30 mil barris na fase subsequente, perfazendo 60 mil.

Constituem outros elementos preponderantes, sem desprimor para o facto de os trabalhos de construção da Refinaria do Lobito, desenvolvidos na íntegra sob responsabilidade da petrolífera nacional, terem retomado após um período de interrupção devido aos condicionalismos impostos pela pandemia da Covid-19.

“Em 2022, a Sonangol consolidou o foco na cadeia de valor com resultados positivos, num contexto de transição energética, o que quer dizer que estamos cientes do período de transição energética que estamos a viver, mas mantemos o foco na nossa cadeia de valor. Definimos uma estratégia de transição energética  em que focamos a nossa actividade, principalmente, nos hidrocarbonetos, tendo como base o gás”, disse.

Entre os procedimentos  da empresa, o responsável sublinha a entrada em funcionamento de vários comités de controlo e que são constituídos, principalmente, por membros não executivos na sua coordenação, ou seja, os comités  de auditoria, de governo, de riscos, de remuneração e benefícios, que permitem que a Sonangol possa desenvolver essa actividade com um controlo e equilíbrio, sem correr riscos de ter uma governação descoordenada.

Destacou, por outro lado,  a reactivação da actividade de avaliação de desempenho para fazer com que os trabalhadores possam ser avaliados e tenham o resultado deste processo em termos ou de promoção ou de formação, que é o que mais precisa a empresa.

“Preparamos aquilo que hoje é fundamental para qualquer instituição como a nossa que pretenda ir para o mercado à procura de financiamentos, em que nos exigem já o relatório de ESG (Environment Social and Governance, na sigla inglesa), fundamental para qualquer empresa que pretenda hoje aderir ou aceder a financiamentos internacionais, sem perder de vista que fizemos parte da Iniciativa Internacional para Transparência”, avançou.

Sobre a expansão no mercado regional, Sebastião Gaspar Martins disse que “estamos a fazer algumas vendas ao nível da  República Democrática do Congo (RDC) e ao nível da Namíbia. Estamos cientes da  transição e então caminharmos para as energias renováveis, usando as receitas geradas a partir da nossa principal actividade que é ainda o Oil & Gas”.

Negócios crescem

O PCA da Sonangol informou que a Refinaria de Luanda forneceu, para o consumo interno, um total de 2.3 mil milhões de  derivados, durante o ano 2022,  marcado pela manutenção da autosuficiência em Jet A1 e produção de derivados de petróleo como a gasolina e redução da importação de derivados no mercado internacional.

No período em referência, o gestor destaca, também,  um projecto que vai permitir que o país possa ter  gás adicional disponível para “fornecer à fábrica de fertilizantes no Soyo”, isto é, o projecto Falcão II, que vai adicionar 50 milhões de pés cúbicos provenientes da fábrica de LNG e que vai ser aplicado na produção de fertilizantes quando a fábrica estiver concluída.

Nas energias renováveis fez referência ao projecto Caraculo, no Namibe, que tem parceria com a multinacional ENI, encontrando-se na primeira fase com 90 por cento de progresso, no qual serão produzidos 25 Megawatts (MW) na primeira fase e mais 25 MW na segunda fase.

“Estamos na província da Huíla com a Total, onde vamos produzir inicialmente 35 Megawatts e, posteriormente, adicionar   o equivalente que permitirá atingir os 80 Megawatts numa segunda fase”, anunciou.

A Sonangol, disse o gestor, está com um grupo alemão, constituído pela GAF e a Conjunta, para poder também passar a produzir hidrogénio verde, que deve estar localizado junto do terminal Oceânico da Barra do Dande, com capacidade de produção equivalente a 280 mil toneladas, no ano que este  estiver em pleno funcionamento.

“Em termos estatísticos, a entrega de gás em 2022 não foi de grande quantidade. Em termos de gás natural, entregámos 38 milhões  de pés cúbicos por dia em média, divididos entre a Central de Ciclo Combinado do Soyo e a Central do Malengo. A média de entrega e consumo de LPG (gás doméstico) foi de 1 223 toneladas métricas, dia”.

No domínio do tradding e shipping, acrescentou Sebastião Martins, foram exportados 56,9 milhões de barris, em termos de produtos refinados foram exportados o equivalente a  1,0 milhão e 55 toneladas métricas de refinados, assim como LPG na ordem dos 93.5 mil toneladas métricas.

Revelou que a frota que suportou todo esse processo é composta por 35 navios, 9 dos quais do tipo Suezmax, com capacidade para 1 milhão de barris e três navios de LNG. Os restantes estão ligados à actividade de Cabotagem ao longo da costa angolana.

“Estamos a vender, com alguma timidez ainda, mais produtos para a República Democrática do Congo e Namíbia. No domínio da distribuição e comercialização, tivemos nove terminais em operação, 10 instalações de  armazenamento em terra, 341 postos de abastecimento pertencentes à Sonangol e 15 aeroinstalações. As actividades em 2022  concentraram-se, principalmente, na modernização dos postos de abastecimento”, disse.

Dos 24, foram alienados seis activos, estão em negociação sete e foi liquidado um, o que permitiu arrecadar 130 milhões de dólares.

Desempenho operacional

Os proveitos operacionais alcançaram os 127 mil milhões de dólares, com custos operacionais, fruto do aumento do custo dos produtos no mercado, de 9,7 mil milhões de dólares, com resultados operacionais estimados 4,9 mil milhões de dólares.

“O ano de 2022 permitiu diminuir significativamente a nossa dívida de Cash Call e, por outro lado, a dívida de produtos refinados importados. Mais de 96 por cento dos investimentos estão associados à cadeia primária, o que quer dizer que cerca de 1,5 mil milhões foram investidos e mais de 96 por cento dentro da nossa cadeia de valor”.

A empresa pública tem uma força de trabalho constituída por 7.988 pessoas, dos quais 68 por cento do sexo masculino e 32 por cento do feminino.

Petrolífera angolana aposta na refinação

A Sonangol adoptou como estratégia, para o período 2023-2030, a cadeia de valor ligada aos hidrocarbonetos, sendo que os investimentos poderão centrar-se na geração do gás como produto de transição.

A intenção é chegar aos 10 por cento da produção operada, aumento da capacidade de refinação até 425 mil barris de petróleo por dia, e adição de um pólo petroquímico.

Fazem ainda parte das projecções, um aumento da capacidade de armazenamento em 580 mil metros cúbicos, bem como a produção em energias renováveis a partir de projectos fotovoltaicos próprios na ordem dos 450 Megawatts, no sentido de produzir energias mais limpas e tornar-se numa empresa considerada resiliente. A empresa prepara em bolsar  um valor que permita chegar aos 30 por cento, e reduzir as emissões de dióxido de carbono em todas as actividades de exploração, produção e refinação em cerca de 15 por cento.

Prevê, igualmente, aumentar a captura de carbono e o investimento no capital humano também constam no plano estratégico da empresa, de acordo com o PCA.

A nível dos blocos em que é operadora, a empresa pública prevê para 2023  a perfuração de um poço de exploração, onde estão as concessões recentemente  licitadas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG) na Zona Terrestre.

“Nos outros blocos, estamos a avaliar o potencial para ver até que ponto é que aumentamos os nossos recursos disponíveis”, frisou.

Executivo elogia regeneração da empresa pública

O secretário de Estado para os Petróleos enalteceu sexta-feira, em Luanda, o sucesso do processo de regeneração levado a cabo pelo actual Conselho de Administração e trabalhadores da Sonangol, com vista à reestruturação do sector petrolífero, com foco na cadeia de valor e perspectiva na garantia de sustentabilidade para a transição energética.

José Alexandre Barroso, que discursava na abertura da conferência de imprensa para apresentação dos resultados preliminares referentes a 2022, no quadro das comemorações do 47º aniversário da petrolífera nacional, exteriorizou a sua convicção de que a Sonangol continuará a grande influência na implementação e no desenvolvimento de projectos socioeconómicos em vários domínio  da  economia angolana.  “A Sonangol, no decurso dos 47 anos da sua existência, tem sido uma das principais precursoras das inúmeras transformações que têm ocorrido no nosso país. Angola assiste, de um tempo a esta parte, uma dinâmica de mudanças com o objectivo de termos cada vez mais entidades corporativas do sector empresarial público e não só, com capacidade de contribuir na sustentação da sua economia”, destacou.

O governante recordou que a reestruturação do sector petrolífero, que direccionou o foco da Sonangol para o exercício da sua  actividade em toda a cadeia de valor do sector petrolífero nacional, com uma visão de actuação regional e internacional, foi alicerçada na estratégia do Executivo angolano para a consolidação da fileira do Petróleo & Gás.

A Sonangol, na opinião de José Alexandre Barroso, é hoje mais ágil e está melhor preparada para a implementação de programas  e projectos do “up, mid e downstream”, fruto da alienação de grande parte dos seus activos não core (nucleares), “com modelo de organização e adopção de uma visão empresarial” orientada para  resultados, ao mesmo tempo que se prepara para “dispersão de parte do seu capital em bolsa”, pautada pelas  melhores práticas internacionais “em benefício de toda a sociedade angolana”.

José Alexandre Barroso sublinhou que no “upstream”, a empresa deve continuar a implementar a estratégia de exploração e produção, com o objectivo de aumentar para 10 por cento até 2027 a sua quota de produção operada, o que passa por investir na exploração e desenvolvimento de novos campos, ao mesmo tempo que prossegue a produção e revitalização dos campos de petróleo e gás existentes nos blocos já operados por si.

No domínio do “midstream” e “down stream”, avançou,  a Sonangol está envolvida em projectos de refinação que visam materializar a estratégia do Executivo para que o país possa atingir a autosuficiência em combustíveis até ao ano 2027. Em Julho de 2022, foi inaugurada a nova unidade de plataforma da Refinaria de Luanda, que quadruplicou a produção de gasolina nesta unidade fabril.

“Recentemente, visitamos a Refinaria de Cabinda, um projecto ambicioso que prevê a edificação de uma unidade de destilação de petróleo bruto com capacidade de processar 30 mil barris por dia na sua primeira fase, contribuindo, assim, para a diminuição das importações, para o aumento do nível de empregabilidade da nossa juventude localmente, bem como impulsionar o crescimento sustentável da indústria naquela região”.

Infra-estruturas

O secretário de Estado atribuiu nota positiva ao facto de a Sonangol aumentar a capacidade de armazenamento de combustíveis líquidos  e gasosos em terra, por via da construção do Terminal Oceânico da Barra do Dande (TOBD) com uma capacidade para cerca de 580 mil metros cúbicos de produtos derivados na primeira fase do projecto, que está em fase conclusiva.

José Alexandre Barroso acredita que o projecto, quando terminar, “eliminará completamente a armazenagem offshore e permitirá, também, melhorar o sistema de distribuição de combustíveis no país e a sua expansão a nível regional”.

“Com a maturidade adquirida ao longo destes 47 anos, a Sonangol tem enfrentado os desafios actuais com extrema sabedoria  e a devida proactividade, encontrando os melhores mecanismos para o cumprimento das suas metas, que actualmente passa, incontornavelmente, pela adaptação das suas operações aos desafios da transição energética”, lembrou.

Centro de pesquisas

Destacou a “importância”  do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento da Sonangol no Sumbe (Cuanza-Sul), “cujo foco será a elaboração de estudos e projectos de energias renováveis e, também, de minerais críticos do futuro próximo, com poucos ou sem  hidrocarbonetos”.

“Este centro, em colaboração com empresas alemãs, está a desenvolver um projecto de hidrogénio verde que será  implementado na Barra do Dande, numa área contígua ao terminal oceânico que acima mencionámos. Por outro lado, a Sonangol, em parceria com as empresas Azul Energy e a TotalEnergies, está a desenvolver dois projectos de energia fotovoltaica  nas localidades de Caraculo, na província do Namibe, e Quilemba, na província da Huíla, que irão ajudar a melhorar, indubitavelmente, as condições de vida das populações nestas localidades”, disse.

Concluiu que os últimos anos, com excepção do período mais crítico da pandemia da Covid-19, a Sonangol tem apresentado resultados financeiros positivos, que demonstram engajamento do seu corpo directivo e trabalhadores, no geral, mas também comprova a eficácia do seu novo modelo de governança, saído dos processos de reestruturação  do sector petrolífero e consolidados durante o seu processo de regeneração.

JA

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