Dezembro 31, 2024

Benguela assinala hoje 406 anos desde que ascendeu à categoria de cidade, mergulhada literalmente em obras inseridas no Projecto de Infra-estruturas Emergenciais.

Por conta das muitas obras, na cidade de Benguela, o Museu Nacional de Arqueologia foi requalificado e o seu pátio foi transformado em salão nobre do Governo Provincial.

A reabilitação do Cine Monumental é outra obra de importância capital que está a ser encarada pelos fazedores de teatro como uma lufada de ar fresco para as artes cênicas.

E as obras não param, contemplam, ainda, a construção de uma lota de pescado nas Tombas. O sistema de iluminação pública foi, também, completamente remodelado, com a iluminação nocturna a levar mais gente às ruas da cidade.

Com a cidade transformada num verdadeiro canteiro de obras, o que também não ficou esquecido, é a reabilitação de infra-estruturas de apoio, como vias de acesso, pontes e lancis.

O Projecto de Infra-estruturas Emergenciais iniciou em Fevereiro de 2022 e tem a duração de cinco anos. Neste programa está, também, prevista a expansão do sistema de abastecimento de água e a reabilitação de ruas.

Até ontem, dos 11 quilómetros previstos, três já foram intervencionados e abertos aos utentes.

Na cidade das Acácias Rubras decorrem, actualmente, obras na Rua 31 de Janeiro e na estrada que liga a Max à Praia Morena. 

Aliás, a Praia Morena, um dos principais postais da cidade, beneficiou de obras de requalificação e é hoje um dos melhores destinos dos habitantes da urbe e de turistas.

Também já se deu início à intervenção do troço da Damas Morra, onde decorrem com sucesso trabalhos nas valas de drenagem.   

O representante do Ministério das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, João Dinheiro, explicou ao Jornal de Angola, que a Benguela que se perspectiva ter vai ser uma cidade completamente diferente. O cenário anterior, caracterizado por ruas danificadas e valas de drenagem infuncionais, vai ficar como recordação de um passado tortuoso para esquecer. Em função da especificidade de Benguela, com muitas áreas freáticas, a intervenção está a ser feita no casco urbano.  O impacto das obras está na geração de mais postos de trabalho. O mercado do Africano, agora reabilitado, vai albergar mais de 2 mil bancadas.

João Dinheiro, o responsável pelas obras, referiu que a lota que se vai fazer na Tomba são infra-estruturas que vão, também, gerar muitos postos de trabalho.

O projecto, salientou, contempla a macro drenagem, onde vão ser feitos o desassoreamento, reperfilamento e revestimento das principais valas de drenagem, bem como a construção de um dique de protecção contra as cheias no rio Bima, no município da Baía Farta.  “Estamos, neste momento, a fazer alguns trabalhos de ligação de drenagem. O troço parte do Colégio Elizângela e vai até à rotunda da Cruz Vermelha, isso em termos de arruamento”, explicou.

O projecto contempla, também, a construção de quatro pontes pedonais ao longo da Estrada Nacional nº 100, no troço Lobito – Benguela, zonas de maior aglomerado populacional.

João Dinheiro disse que, para um trabalho inclusivo, abrangente e acabado, se está a trabalhar com uma comissão que integra a Empresa Nacional de Distribuição de Energia Eléctrica, as empresas de Água e Saneamento e de telefonia. “O que se pretende  é evitar danos colaterais nestes serviços, durante as obras de reabilitação”.

De acordo com o representante do Ministério das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, João Dinheiro, o Projecto de Infra-estruturas Emergenciais, além de Benguela, contempla também os municípios do Lobito, Catumbela e Baía Farta.

A execução das obras, esclareceu, contempla a reabilitação e construção de arruamentos nos quatro municípios localizados no litoral (Lobito, Catumbela, Benguela e Baía Farta). 

 “As obras são o espelho da cidade”

A administradora municipal de Benguela, Paula Marisa, reconheceu que as obras que decorrem são o espelho principal do aniversário da cidade, conhecida como a Cidade-Mãe das Cidades de Angola.

As intervenções que estão a ser feitas, reconheceu, têm um grande impacto visual, na medida em que esses eixos viários reabilitados, a recuperação da iluminação pública e passeios estão a proporcionar uma nova imagem à cidade de Benguela, para além de outro impacto que é funcional.

“As obras em curso têm um impacto indescritível na melhoria da qualidade de vida das populações e estão a mudar a imagem da urbe”, enalteceu.

Não faz muito tempo, para quem circulava nas artérias da cidade de Benguela, sobretudo na época chuvosa, era um “caos”. O projecto em curso visa alterar este quadro dantesco.

Exemplificou que a Estrada da Maxi, já foi um troço lastimável, porém, depois da requalificação e reabilitação, o cenário mudou. 

“A zona da Maxi, actualmente, é  onde se circula normalmente”. O outro benefício é a recuperação ou criação de zonas de lazer (campos de futebol 11, de salão e basquetebol), como aconteceu na zona do Cavaco. Disse que se reabilitou, também, o campo do Largo da Peça e os jardins adjacentes.

“Este projecto traz essas componentes todas que são de um extraordinário impacto funcional. Há uma maior fluidez no tráfego e mobilidade urbana. Acrescentou que Benguela ganha muito com as obras em curso, o que constitui um orgulho para os seus habitantes e para quem a visita.

As obras estão a elevar as condições sociais básicas e a dar maior qualidade de vida às populações, disse a administradora municipal de Benguela.

Breve História 

A 17 de Maio de 1617, Manuel Cerveira Pereira desembarcou na Baía das Vacas, onde fundou o Forte de S. Filipe de Benguela, futura capital do Reino de Benguela, administrativamente separado, em 1615, do Reino do Congo, feudatário da Coroa Portuguesa, e do Reino de Angola. 

Em 1641, Benguela foi conquistada pelos holandeses e só em 1648 forças portuguesas, comandadas por Salvador Correia de Sá e Benevides, libertaram a cidade e expulsaram os ocupantes.

A região tornou-se mais tarde numa das mais importantes “testas-de-ponte” para a migração e penetração dos portugueses no interior, conhecendo então uma fase de grande progresso. Quase totalmente destruída por uma esquadra francesa, em 1705, Benguela foi reconstruída entre 1710 e 1733 e crê-se que a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, aberta ao culto em 1 de Novembro de 1748 e classificada como monumento nacional, terá sido a primeira construção de pedra e cal de Benguela. 

O Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB), que liga o Lobito à cidade da Beira, em Moçambique, através dos sistemas ferroviários da República Democrática do Congo e da Zâmbia, continua a ser um elemento essencial para o desenvolvimento económico e social da província e do país. 

De igual forma, o Porto do Lobito, o segundo de carga de Angola depois de Luanda, permite a exportação da produção da região e o escoamento para os mercados internacionais de recursos minerais da República Democrática do Congo e da Zâmbia (cobalto e cobre), transportados pelo CFB. A Corrente Fria de Benguela, com origem no Oceano Glacial Antárctico, alarga-se no seu percurso para Norte, chegando a atingir cerca de 300 quilómetros de largura ao largo de Benguela. 

As suas águas, ricas em plâncton, fazem do litoral de Benguela um vasto ecossistema marinho e uma zona especialmente propícia às actividades relacionadas com a pesca. 

Benguela, hoje um importante pólo de desenvolvimento, é um dos mais activos centros culturais angolanos e uma das províncias mais mestiças de Angola, tanto do ponto de vista étnico como do cultural. Embelezada por acácias rubras, árvores que imortalizaram a cidade, Benguela é também famosa pelas suas praias, como as da Baía Azul, Praia da Caotinha, Santo António, Praia Morena e o Pequeno Brasil. Com uma população estimada em mais de 600 mil habitantes, Benguela tem uma extensão de 2.100 quilómetros quadrados.

Programa das festas

Para assinalar os 406 anos de Benguela, decorrem várias actividades socioculturais, desportivas e económicas.

A realização da Feira Internacional de Benguela (FIB) 2023, Feira Agropecuária, Fórum Angola – União Europeia, Fórum sobre o Dia Internacional dos Museus, a decorrer no Museu de Arqueologia de Benguela, figuram como principais atractivos, cujo objectivo é atrair investidores a Benguela e ao país.

Durante este período estão em curso, também, a Feira de Gastronomia 12ª Edição Paladares Mil, assim como provas desportivas, com destaque para o atletismo, karting, ciclismo e torneios de futebol 11. A Feira Agropecuária, denominada “O mercadão”, shows musicais e stand up comedy são outros atractivos durante as festas da cidade de Benguela.

E como não só do pão vive o homem, um culto ecuménico e show Gospel com Miguel Buila, campanha de plantação de acácias rubras, apresentação de marionetes e o festival de teatro “Walale Benguela 406 anos” fazem parte das cerca de 50 actividades a serem realizadas no âmbito do aniversário de Benguela – Cidade Mãe das Cidades, durante o mês em curso. 

Cumprimento dos prazos 

À medida que as obras forem concluídas, vão ser entregues à população, reafirmou o governador provincial de Benguela, Luís Nunes.

O governante, que exerce o cargo desde Março de 2021, depois de obra feita na Huíla, sua terra natal, lembrou que a recuperação das vias se insere no Projecto Integrado de Infra-estruturas de Benguela, projectado pelo Governo e tendo como prioridade as zonas que apresentam um acentuado nível de degradação.

O governador provincial de Benguela, Luís Nunes, voltou a exortar às empresas responsáveis pela execução das obras a cumprirem com os prazos previamente estabelecidos e constantes nos contratos.

Luís Nunes reconhece que o cenário que se vive é de muitos desafios, mas, como governador, prometeu, que “tudo faremos, em parceria com o sector privado, para mitigar os impactos negativos, sempre à luz da nossa meta que é de criar muito mais postos de trabalho”.

Tolerância de ponto

Com vista a celebrar, de forma digna, os 406 anos de cidade de Benguela, que hoje se comemora, o governador provincial, Luís Nunes, decretou tolerância de ponto.

  O governante apelou à solidariedade e encorajou todos os homens e mulheres, trabalhadores e trabalhadoras, que ocupam a linha da frente naquilo que considerou esforço geral e colectivo para dar resposta às adversidades sociais e económicas que o país vive, a ter esperança em dias melhores.

       Ao pessoal da Saúde, professores, aos agentes da Polícia, aos provedores de serviços, aos operários, entre outros, que dão o melhor de si em prol de Benguela e do país, para que continuem a prosseguir a marcha para frente, não obstante as adversidades vivenciadas no dia-a-dia.

“Faço questão de expressar, aqui, o meu louvor e reconhecimento pela acção efectiva de todos no desenvolvimento sustentável da cidade de Benguela, em particular, e da província, em geral”, enalteceu.

Segundo o governante, que a celebração desta data decorra num ambiente pacífico e com os olhos postos na promoção da cultura de trabalho, e de um ambiente laboral são e seguro, para que “todos juntos possamos continuar a contar com as capacidades, habilidades e destreza dos trabalhadores de Benguela, na construção de um futuro melhor, como factor de unidade, estabilidade e desenvolvimento, tornando a cidade de Benguela numa melhor terra para se viver”.

“Celebremos esta data reflectindo sobre o que cada um de nós pode dar, com criatividade e espírito empreendedor, para que juntos seja possível superar os muitos desafios que nos são apresentados na nossa jornada laboral, reiterando o papel fundamental dos trabalhadores na materialização do nosso sonho de progresso e bem-estar”, defendeu. 

Por último, destacou o papel das entidades empregadoras na promoção de um ambiente de trabalho justo e seguro para todos os trabalhadores de Benguela. 

JA

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