A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, considerou, esta terça-feira, na cidade de Mbanza Kongo, uma marca para a província do Zaire o Festival Internacional da Cultura e das Artes do Kongo (Festikongo), por constituir um meio para a realização de uma série de iniciativas para a promoção, valorização e divulgação da rica cultura angolana.
Esperança da Costa, que chegou a Mbanza Kongo por volta das 10h45, onde trabalha até hoje, fez esta afirmação na cerimónia de reinauguração do Centro Cultural “Comandante Bula”, logo depois de ter presidido à I Sessão Ordinária da Comissão Nacional Multissectorial para a Salvaguarda do Património Cultural Mundial, que decorreu à porta fechada no anfiteatro do Governo Provincial.
“O Festikongo, realizado todos os anos, enquanto uma das recomendações da UNESCO aquando da elevação da cidade a Património Cultural Mundial, em 2017, ocupou o seu espaço e constitui, hoje, uma marca da província, tendo agora uma centro para a sua apresentação, realização de palestras, conferências, seminários, para ofertas formativas, enfim, para um conjunto de iniciativas ligadas à promoção, valorização e divulgação da nossa rica cultura”, disse a Vice-Presidente da República.
Quanto à reinauguração do Centro Cultural “Comandante Bula”, totalmente reabilitado e apetrechado com o financiamento da empresa Angola LNG, cujas obras executadas pela construtora Mema Angola Lda, no prazo de 11 meses, orçaram 3,5 milhões de dólares, a Vice-Presidente da República enalteceu a parceria entre o Governo do Zaire e o Projecto Angola LNG, cujos resultados ficam para sempre na consciência da população de Mbanza Kongo.
“Começo por deixar aqui uma palavra de enaltecimento e de apreço pela parceria bem estabelecida, profícua e sábia, entre o Governo da Província do Zaire e o projecto Angola LNG, permitindo, assim, a realização de obras de reabilitação e ampliação do antigo edifício, cujo resultado é este que todos nós pudemos testemunhar, que fica para sempre na consciência da população de Mbanza Kongo, o Centro Cultural Comandante Bula que hoje, tão solenemente, tivemos a honra de fazer o corte da fita”, disse Esperança da Costa.
No quadro da política do Executivo de incentivo à construção e aumento de infra-estruturas culturais para a juventude angolana, criando condições para a diversificação de produtos e iniciativas culturais, como frisou, tem proporcionado o acesso alargado à prática de actividades desportivas no seio da juventude, com vista a contribuir para um estilo de vida mais saudável.
“É neste contexto que vimos aqui presenciar este acto de reinauguração e de homenagem feita ao comandante José Manuel Paiva ‘Bula Matadi’, incontornável figura histórica angolana”, disse a Vice-Presidente.
O Centro Cultural está compartimentado em várias valências para permitir a promoção de actividades culturais e recreativas, mas, também, a promoção do desporto, das artes, da história e de toda a herança cultural” da região, acrescentou.
De acordo com a Vice-Presidente da República, o o centro há muito que era reclamado pela juventude, que, doravante, tem a oportunidade de desenvolver actividades diversas no domínio da cultura, bem como na promoção de diversas modalidades desportivas.
“A população do município de Mbanza Kongo, em especial o estrato juvenil, já há muito tempo tem vindo a reclamar por um centro desta envergadura, onde agora podem, efectivamente, aglutinar actividades culturais de ordem criativa, com distribuição, também, de bens culturais para o lazer, de forma a desenvolver as necessárias condições físicas, com vista ao alcance dos melhores resultados em modalidades desportivas, como o futsal, basquetebol, voleibol e o andebol”, acrescentou.
A Vice-Presidente Esperança da Costa aproveitou a ocasião para apelar aos jovens no sentido de tirar o maior proveito daquele empreendimento, desenvolvendo actividades que promovam o empreendedorismo, bem como cuidar daquele bem público.
“O meu apelo, entretanto, vai para a juventude, que saiba tirar o maior proveito com o usufruto deste centro, desenvolvendo actividades que visem a promoção do empreendedorismo, sem esquecer de cuidar deste tão elevado e rico bem público”, acrescentou.
Por seu turno, o governador do Zaire, Adriano Mendes de Carvalho, disse que o centro constitui uma mais-valia, não só para a cultura, mas também para o desporto e recreação que vão dar mais vida aos jovens, conferir maior e melhor dignidade à cidade de Mbanza Kongo, aos seus habitantes e visitantes.
“Por isso, o nosso apelo à população, que é a principal beneficiária deste bem social, para cuidá-lo da melhor maneira possível para que possa durar o tempo necessário. A nossa gratidão à empresa Angola LNG que, no âm-bito da sua responsabilidade social, patrocinou a reabilitação e o apetrechamento deste empreendimento de grande valor para a cidade”, acrescentou.
O director executivo da Angola LNG LTD, Amilton Cunha, disse que a empresa que representa, ao ter abraçado o desafio, sabia da relevância da iniciativa e do dever de colaborar com as autoridades da província para recuperar um activo que sempre acrescentou valor cultural, social, desportivo e económico ao Património Cultural da Humanidade.
A Vice-Presidente da República, que se faz acompanhar ao Zaire pelos mi-nistros da Administração do Território, Dionísio da Fonseca, da Cultura e Turis-mo, Filipe Zau, da Educação, Luísa Grilo, das Pescas e Recursos Marinhos, Carmen do Sacramento Neto, das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, Carlos Alberto dos Santos, e dos secretários de Estado para a Comunicação Social, Nuno Caldas, e para o Interior, José Paulino, logo à chegada foi recebido no Lumbu (Tribunal Consuetudinário), onde se reuniu com os membros do Comité de Gestão Participativa do Centro Histórico de Mbanza Kongo e concedeu audiências a distintas personalidades da sociedade civil.
Valências do Centro Cultural Comandante Bula
O empreendimento, que ocupa uma área total de 7.064 metros quadrados, conta com um auditório para 408 lugares, está equipado com um sistema de som de última geração e um palco com sistema completo de iluminação cénica controlado por computador.
Um sistema de cinema completo por projector de vídeo e tela mecanizada retráctil com 50 metros qua-
drados, interface digital e o bactage apoiado por oito camarins com instalações sanitárias completas, fa-zem, igualmente, parte do centro cultural.
O Centro Cultural Comandante Bula conta, ainda, com uma sala multiusos adjacente ao auditório principal com 60 lugares, sala de ensaios de actividades culturais com capacidade para acolher 50 pessoas, equipada com sistema de som portátil, projector profissional e tela mecanizada retráctil.
Um recinto polidesportivo exterior com bancadas para 1500 lugares, uma tribuna VIP, apoiado por balneários para ambos os sexos e um outro para os árbitros, espaço para serviço de bar e arrecadação fazem igualmente parte das valências do Centro Cultural Comandante Bula Matadi.
O complexo tem, ainda, um espaço para restauração ou bar com 80 metros quadrados para o público, bem como uma área de serviço.
Recomendações do encontro de Mbanza Kongo
A finalização da desmontagem das antenas de telecomunicações e a necessidade de velar para que a actual pista do Aeroporto de Mbanza Kongo seja eliminada, após a entrada em funcionamento do novo em construção na localidade do Nkiende II, a cerca de 35 quilómetros do centro da cidade, constam das recomendações saídas da 1ª Sessão Ordinária da Comissão Nacional Multissectorial para a Salvaguarda do Património Cultural Mundial.
O encontro, que decorreu, ontem, naquela cidade histórica, cujo acto de abertura foi orientado pela Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, recomendou, igualmente, a necessidade de confirmar o funcionamento do sistema de gestão transversal, finalizar o regulamento urbano e o Plano Director da província, bem como elaborar uma estratégia de gestão do turismo.
Durante a reunião, os membros da comissão apreciaram a acta da sessão anterior, realizada no dia 22 de Dezembro de 2021, além de terem analisado o Plano de Acção da Comissão Nacional Multissectorial para a Salvaguarda do Património Cultural Mundial para o período 2023.
“Outras acções e medidas correctivas e de marketing têm sido desenvolvidas pelas partes interessadas na preservação e promoção do Sítio, entre as quais o Ministério da Cultura e Turismo e o Governo da Província do Zaire, enquanto coordenador, através do Comité de Gestão Participativa”, refere o comunicado final.
De acordo com o documento, lido pelo ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, o certame analisou, também, os bens a inscrever na lista indicativa de Angola na UNESCO, nomeadamente o Sítio Histórico da Batalha do Cuito Cuanavale, na província do Cuando Cubango, Estação de Arte Rupestre de Tchitundu-Hulu (Namibe), o Corredor do Cuanza, o Projecto de Okavango, Projecto de inscrição dos “Sona” (desenhos e figuras geométricas na areia, esta última a ser inserida na lista do Património Imaterial.
Os participantes ao en-contro passaram, ainda, em revista os projectos de construção e apetrechamento de memoriais, entre as quais as de Teka Dya Kinda e de Mukula a Ngola (memorial dos Ngolas). Da lista de bens a inscrever, acrescenta o comunicado, consta, igualmente, o projecto de construção de um memorial de escravatura transatlântica, no âmbito de uma parceria entre a Ilha de Santa Helena (Namíbia) e o Governo de Angola.
Na ocasião, foram prestadas aos presentes informações relevantes sobre o estado actual dos Sítios de Mbanza Kongo, face à necessidade da sua conservação, tendo sido, para o efeito, analisado o novo Plano de Gestão Participativa do Sítio, referente ao quadriénio 2023/2027, que leva em conta a recomendação da UNESCO sobre Paisagens Urbanas Históricas.
“Os membros da Comissão foram informados sobre o estado actual dos museus em Angola, numa altura em que estão em curso estudos etnográficos para a requalificação e reconversão do Cine Estúdio-Moçâmedes num Museu Etnográfico dos Povos do Sul de Angola”, refere o comunicado de imprensa.
JA