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Governador defende instalação de linha férrea para apoiar actividade mineira

O governador da província do Uíge defendeu, ontem quinta-feira, nesta cidade, a instalação de uma linha férrea para apoiar a actividade mineira na região, onde nos últimos tempos despontam várias iniciativas, com destaque para o Projecto Mavoio, que permitirá a exploração de cobre, zinco, ouro e cobalto a uma profundidade de 880 metros, na área adjacente ao rio com o mesmo nome.

José Carvalho da Rocha anunciou a pretensão quando apresentou, no Palácio do Governo Provincial, o memorando sobre a realidade política, social e económica do Uíge, bem como os principais desafios do Governo local para colocar a região na rota do desenvolvimento sustentável, durante a reunião que o Presidente da República, João Lourenço, manteve com as autoridades.

Ao Chefe de Estado e titulares de alguns departamentos ministeriais, o governador José Carvalho da Rocha solicitou apoio para que, num “futuro breve”, a linha férrea toque a região nortenha do país, argumentando que o transporte de determinados mineiros, através de viaturas, pode danificar as vias rodoviárias, como aconteceu num passado recente com as estradas de Mucaba e Damba.

Apontou o sector da Energia e Águas como o de mais concentração de desafios da governação local, pois dos 16 municípios da província apenas três contam com energia eléctrica convencionada. Sublinhou que, com o apoio dos ministérios das Finanças e da Energia e Águas, trabalha para solucionar todas as questões administrativas relativas ao projecto de electrificação das diferentes localidades da província, atribuindo como principal catalisador para o crescimento sustentável da região.

Como ganhos no sector da Energia e Águas, apontou a retoma das obras do Sistema de Águas de Maquela do Zombo, que permitirá o fornecimento do precioso líquido a várias localidades.

PIIM permitiu construção de novos equipamentos

Quanto ao Plano Integrado de Intervenção nos Municípios, indicou 89 projectos distribuídos por unidades orçamentais, como 164 no sector da Educação, uma no do Ensino Superior, oito da Saúde, seis das Águas e dez no das Vias de Comunicação, salientando que permitiu a construção de novas escolas e vários equipamentos na área sanitária, proporcionando emprego aos jovens e melhores serviços às populações.

“No próximo PIIM, pensamos melhorar e corrigir tudo aquilo que não fomos capazes de realizar”, prometeu José Carvalho da Rocha.   

No sector dos Transportes, solicitou o apetrechamento da frota de autocarros públicos para tornar eficiente o transporte no interior da cidade do Uíge, enquanto no das Infra-estruturas apontou ganhos como a Centralidade de Kilumosso, seis quilómetros da sede da cidade, onde o Governo Provincial trabalha com o Ministério das Obras Públicas, com vista à conclusão dos edifícios inacabados da primeira fase.

Educação e Saúde

José Carvalho da Rocha referiu que no domínio da Educação estão matriculadas, no presente ano lectivo, 632.464 crianças, representando um aumento de 6.5 por cento em relação ao ano anterior, apontando a existência de 49.694 alunos fora do sistema de ensino.

O sector da Educação no Uíge controla 16.069 funcionários, dos quais 15.256 professores e 810 trabalhadores dos diferentes níveis de ensino. A província possui um total de 7.791 salas de aula, na maioria do ensino público, das quais 2.291 de construção precária e 674 improvisadas, persistindo a situação de alunos a estudarem debaixo das árvores.

Para melhorar a gestão das escolas, o Governo local desenvolve um programa monitorado pela Direcção Provincial da Educação, para apetrechar as escolas com algumas tecnologias.

O governador disse que a intenção é de, pelo menos, as escolas do II Ciclo possuírem sistemas de gestão, o que implica a colocação de internet nas mesmas para o alcance deste desiderato. Referiu que das 57 escolas do II Ciclo e 89 instituições escolares do I Ciclo eleitas, 51 já contam com um sistema de gestão instalado.

Para a resolução da falta de infra-estruturas de ensino, Carvalho da Rocha defendeu, para os próximos tempos, a construção de mais 549 escolas de diferentes níveis de ensino na província. Nas regiões fronteiriças (Maquela, Milunga, Quimbele e outras), solicitou a construção de 36 escolas para evitar que as crianças atravessem a fronteira para estudar.

O governador solicitou, também, a construção de mais estabelecimentos de ensino superior na província, para além das quatro existentes (duas estatais e igual número de privadas), mas manifestou-se optimista que, com o novo Campus Universitário em construção, haverá mais oportunidades de formação para os estudantes da região.

Saúde reclama extensão dos serviços

No domínio da Saúde, Carvalho da Rocha informou que existem na província um total de 3.051 profissionais, dos quais 196 médicos e 1.977 enfermeiros, salientando que o “grande problema” é estender os serviços às populações, dada a extensão do território.

A província possui uma rede constituída por 370 unidades hospitalares: um Hospital Geral, 11 municipais, dois materno-infantis, dois centros especializados (oftalmológico e ortopédico), 264 postos de saúde, oito centros, representando uma capacidade de internamento de 1.089 camas.

Carvalho da Rocha indicou que, com a admissão de mais 539 profissionais da saúde de várias categorias a serem colocados no novo Hospital Geral, em construção, haverá maior e melhor prestação de serviço às populações. Atendendo o elevado índice de natalidade na região, o governador solicitou ao Titular do Poder Executivo a construção de um hospital pediátrico e outro materno-infantil na província.

Outra preocupação manifestada pelo governador ao Presidente da República foi a que tem a ver com a construção de uma fábrica de gás, lembrando que, actualmente, o produto para as diferentes unidades hospitalares é obtido fora das fronteiras da província, o que representa um desgaste para os profissionais e equipamentos.

Turismo, antigos combatentes, juventude e desportos

Carvalho da Rocha informou que a região possui vários pontos turísticos, com destaque para a Gruta do Nzenzo, classificada como uma das maravilhas do país, e os Lagos do Tedy-Tedy. Disse que, com a construção de mais infra-estruturas, a Mediateca (a ser inaugurada em breve), Casa da Juventude, e o novo estádio de futebol, a ocupação dos tempos livres da juventude estará garantida, reiterando que o sector dos Antigos Combatentes assiste 4.537 pessoas e com o processo de recadastramento foram remetidos ao Ministério da Defesa Nacional 5.155 pré-candidatos.

No sector dos Registos e Modernização Administrativa, o governante disse que decorrem alguns projectos, como de telemedicina, que já permitem às equipas médicas dos hospitais dos municípios do Uíge, Quimbele e Negage interagir.

Frisou que 56.502 cidadãos vulneráveis, dos quais mais de 10 mil portadores de deficiência com necessidades especiais, recebem assistência social, pelo que recomendou a construção de mais lares para albergar crianças e indivíduos da terceira idade, abandonados pelas famílias por diversas razões. Sublinhou que nos 16 municípios da província estão a ser desenvolvidos vários programas para combater a pobreza, promovendo a agricultura familiar, que já têm produzido “resultados palpáveis”.

Justiça reclama por instalações

O governador do Uíge disse que os grandes constrangimentos no sector da Justiça e dos Direitos Humanos é a falta de instalações para acomodar a Delegação Provincial e Lojas de Registo para continuar a prestar serviços diários às populações, particularmente a emissão do Bilhete de Identidade. Realçou que o principal desafio no capítulo das Telecomunicações, Tecnologias de Informação é a extensão do sinal da rádio e televisão a todas as latitudes da província.

José Carvalho da Rocha defendeu, também, a instalação da rede móvel com tecnologia de 3G para os diferentes pontos da região, para facilitar as comunicações entre os cidadãos e todo o trabalho das administrações municipais, enquanto no capítulo do ambiente pretende continuar a conservar os diferentes ecossistemas, sobretudo, a reserva florestal da Serra do Pingano.

Ligações rodoviárias ainda são deficitárias

A província do Uíge tem uma malha rodoviária de 2.605 quilómetros e destes foram reabilitados 1.114 que garantem a ligação entre a sede da província e os diferentes municípios.

Carvalho da Rocha informou que, actualmente, as acções “mais gritantes” no sector das Infra-estruturas Rodoviárias prendem-se com as ligações para o município de Milunga, salientando que tudo está a ser feito para “devolver os sapatos” às populações da localidade.

O governador defendeu como “imprescindível” o acesso ao mar, tendo sugerido a ligação, por estrada, entre o município do Bembe e outro (não especificado) da província do Zaire.

Para além do troço dos Buengas, Carvalho da Rocha informou que o Governo local e o Ministério das Obras Públicas trabalham com vista à regularização de vários troços rodoviários, atendendo que Uíge é uma das regiões do país com bastantes ravinas.

O governador referiu, a propósito, que na estrada do Quimbele foram catalogadas mais de 11 ravinas, que estão já a ser tratadas para regularizar o acesso ao município.

José Carvalho da Rocha defendeu, igualmente, a reabilitação das estradas terciárias, particularmente as que se encontram nas localidades fronteiriças (Quimbele, Milunga , Makolo, Massau, Maquela do Zombo e outras), bem como a construção de pontes para permitir a mobilidade das populações, atendendo a grande quantidade de rios na região.

Solicitados apoios para a massificação da agricultura

O governador disse que a província possui potencialidades imensuráveis no sector Agrícola, com destaque para a produção de frutas como maracujá, banana, abacate e ananás todo o ano, sem contar com as sazonais, como a laranja, cuja colheita inicia nos próximos dias.

Lembrou ao Chefe de Estado que a província possui, igualmente, uma “riquíssima” floresta nas regiões de Dange Kitexe, Milunga, Quimbele, Negage, Ambuíla e outras, que reclamam mais meios para o combater e diminuir os efeitos do garimpo na exploração da madeira.

Carvalho da Rocha falou ainda das potencialidades pecuárias da província do Uíge, com destaque para as regiões do Planalto de Camabatela, Damba, Puri e outras, nas quais defende o desenvolvimento de programas que permitam o repovoamento animal e destinados à criação de condições para o empoderamento da mulher rural.

Trabalhos prosseguem hoje

Depois de orientar ontem de manhã a reunião com as autoridades da província, o Chefe de Estado dirigiu, no período da tarde, a primeira sessão do Conselho de Governação Local deste ano, cujos trabalhos devem ser concluídos apenas hoje de manhã.

No cumprimento do programa à província, o Presidente João Lourenço visita, hoje, a feira de exposição de produtos agropecuários, no largo defronte ao Governo Provincial, que expõe diversos produtos deste sector produzidos na região. Antes de regressar, hoje à tarde, a Luanda, o estadista procede à entrega de cinco viaturas aos administradores municipais.

JA

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