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Verbas do Kwenda continuam a melhorar a vida de milhares de famílias no Zaire

Mpatu Leleua, de 70 anos, habitante da comuna do Mpala, município do Nóqui, província do Zaire, é uma de milhares de cidadãos que fazem parte de um total de 22.546 agregados familiares, dos 37.698 cadastrados até ao momento na região, que recebeu verbas do programa transferências sociais monetárias “Kwenda”.

Visivelmente satisfeita com os valores, Leleua acredita que o dinheiro vai mudar para melhor a sua vida e de outros membros da família. “Estou muito alegre por receber este dinheiro. Esperei tanto. Finalmente, o sonho se concretizou. Com este dinheiro vou comprar alguns bens essenciais da cesta básica e investir na lavra, de forma a multiplicar este ganho. Pretendo comprar algumas enxadas e catanas, bem como sementes de ginguba e feijão manteiga”.

Quanto ao aumento do valor que sobe de 8.500 para 11.000 kwanzas/mês, a anciã disse que vai fazer muita diferença nas suas vidas, tendo em atenção a subida de preços dos principais produtos a nível dos mercados. “O melhor é que vamos ter a possibilidade de rentabilizar mais o dinheiro”.

Com o aumento do valor, que sai dos 51 mil para os 66 mil Kwanzas, acredito que vai haver uma mudança significativa nas vidas dos de quem receber o montante actualizado. “O actual custo de vida não está a facilitar. Foi bom o Governo ter pensado nos mais vulneráveis. Desta forma vamos conseguir multiplicar o dinheiro do Kwenda”, frisou.

João Manuel, de 75 anos, que também é parte do grupo de beneficiários do Kwenda, disse ter ficado satisfeito após receber os 51 mil kwanzas e prometeu investir uma parte do dinheiro na pecuária, concretamente na criação de suínos e caprinos, ao passo que a outra parte da verba vai empregar no campo para fomentar as culturas de ginguba e gergelim. “O meu objectivo é dinamizar a produção de animais, em especial a de porcos e cabras, assim como os campos agrícolas. Cultivo mandioca, gergelim e ginguba e pretendo aumentar ainda mais a produção, de forma a ter uma colheita rentável. É a única forma que tenho para valorizar o dinheiro dado pelo Governo”.

A outra beneficiária do Kwenda no município do Nóqui é Maria Nkidiaka, de 82 anos, que expressou a felicidade com canções em kikongo. Apesar da idade, espera empregar o montante para abrir uma cantina e vender diversos produtos, com destaque para os da cesta básica. A outra parte, assegurou, vai usar na lavra, onde trabalha com a filha e os netos. “Na cantina vou vender de tudo um pouco. Agradeço ao Governo por ter pensado em nós”, acrescentou.

  Valores do Kwenda já alcançaram os 1.373.149.500 de Kwanzas

Com um total de 22.546 agregados familiares beneficiados, dos 37.698 cadastrados a nível da província do Zaire, o Programa de Transferências Sociais Monetárias “Kwenda” já atingiu, até ao momento, os 1.373.149.500 de Kwanzas, que de forma significativa tem mudado a vida de milhares de angolanos.

O director do Fundo de Apoio Social (FAS) na província do Zaire explicou que o aumento do valor, de 51 mil para 66 mil Kwanzas, por semestre, vai permitir a muitos habitantes da província terem melhores condições sociais.

O apoio financeiro do Kwenda está a permitir muitos habitantes ajudarem as famílias, desde Maio de 2020, altura em que foi lançado oficialmente no município do Nzeto. Actualmente, revelou, o programa já chegou a quatro municípios, nomeadamente Nzeto, Tomboco, Kuimba e Nóqui.

João Maurício da Costa informou ainda que o montante já atribuído pelo Governo, não inclui o município do Nóqui, onde foram contemplados, recentemente, um total de 6.322 agregados familiares, cujo relatório de entrega dos 51.000 kwanzas a cada família está por se concluir.

“O Kwenda está a ser uma iniciativa positiva na província, desde 2020, a julgar pelos resultados e pelos números de agregados familiares já assistidos e as várias famílias cadastradas que aguardam pela sua vez, assim como pelo número de municípios onde o programa já produz efeitos positivos entre os beneficiários”, avançou.

No quadro da redução gradual da subvenção do preço da gasolina, que permitiu elevar o valor do Kwenda para 66 mil kwanzas, em relação aos 51.000 que eram entregues antes, o director do FAS no Zaire acredita que mais benefícios vai haver para aquelas famílias carenciadas.

Quanto aos demais agregados familiares cadastrados, mas que não foram, até ao momento, contemplados, João Maurício da Costa apontou as ausências no dia do pagamento dos valores, como sendo a principal razão, uma vez que, para os acamados, tanto nas suas residências, como nos hospitais, os agentes deslocam-se e fazem-no ao domicílio.

“Alguns não receberam ainda, por não se encontrarem nas localidades no momento em que efectuamos os pagamentos. Muitos encontram-se em locais incertos. Mas os acamados, em casa, ou no hospital, têm recebido o pagamento ao, desde que sejamos informados por um familiar, o soba, ou por qualquer outro membro do seu agregado”, esclareceu.

De Maio de 2020 até ao momento, segundo o director do FAS, apenas os municípios do Soyo e de Mbanza Kongo é que ainda não foram contemplados pelo Kwenda, por não constarem entre as prioridades do programa, mas vão ver implementado o projecto, sem contudo precisar a data.

“O projecto ainda não chegou a todos os municípios da província. “faltam o Soyo e Mbanza Kongo. Mas, noutros decorre com normalidade”, disse, acrescentando que o Kwenda já cadastrou e beneficiou 5.357 agregados familiares nos municípios do Nzeto, 9.187 no Tomboco, 12.095 no Kuimba e 6.322 no Nóqui.

Autoridades tradicionais satisfeitas com o apoio dado às comunidades

As autoridades tradicionais da comuna do Mpala, no município do Nóqui, manifestaram, também, satisfação pela chegada do programa Kwenda à localidade, cujas verbas estão a ajudar a mudar a vida dos habitantes.

O regedor da comuna do Mpala, Manuel Vitorino, manifestou, apesar de não ter sido um dos contemplados, satisfação pelo facto do programa Kwenda estar a ajudar milhares de habitantes do município do Nóqui, com destaque para os da comuna do Mpala.

“O dinheiro do Kwenda chega em boa hora, na medida em que, existem muitas famílias vulneráveis aqui na nossa região do Mpala. Eu não recebi, mas estou satisfeito pelos que foram abrangidos, foi uma política social do Governo bem elaborada”, acrescentou.

O aumento do valor, de 51 mil para 66 mil Kwanzas por semestre, é, para Manuel Vitorino, uma mais-valia para todos os habitantes que vão receber o referido montante nos próximos tempos, porque vai tentar contrapor a elevação dos preços da cesta básica, bem como dá maior margem financeira para os investimentos.

“Todos estão muito felizes com este programa do Governo que vem minimizar o sofrimento das famílias com dificuldade de sustentarem-se. Por isso, temos sensibilizado os beneficiários a investirem o dinheiro, seja nas lavras ou no comércio, no sentido de o multiplicar. O novo valor, de 66 mil Kwanzas, vai facilitar ainda mais na multiplicação do dinheiro que o Governo está entregar ao povo”, disse.

Alguns habitantes do Nzeto esperam por dias melhores

Muitas pessoas que haviam sido cadastradas no município do Nzeto em 2020, aquando do acto central do lançamento do programa que, a província do Zaire acolheu, alegam nunca terem sido chamadas para, também, beneficiarem dos montantes que o Kwenda disponibiliza na região e esperam por dias melhores.

Julieta João, de 67 anos, residente no bairro Kimpaxi (Nzeto), que vive da venda de água e quissangua (bebida feita à base de milho), na praia dos pescadores, é das incrédulas em relação  aos jovens saberem usar a verba do Kwenda para o bem das comunidades. “Nem todos os jovens estão aptos para exercer uma actividade económica rentável. Portanto, é preciso avaliar bem quem pode ser favorecido pelo programa”.

A anciã disse que fez o cadastro tal como as outras famílias do bairro Kimpaxi, mas até agora não foi chamada. “Preciso desse apoio do Governo. Muitos idosos estão a ser esquecidos em prol dos jovens. É errado”, lamentou.

Além dela, a anciã Massumbu Bernardeth, de 65 anos, residente no bairro Kibonga, também no Nzeto, também reclama a sua inclusão no programa, assim como o marido de 75 anos, que se encontra adoentado. “Neste momento, não tenho dinheiro para comprar medicamentos. Tenho vendido Quissangua para obter alguns valores. Não está correcto deixarem de apoiar os idosos para dar aos jovens”, frisou.

Victória Paulo Sebastião, 66 anos, residente no bairro Nganzo, afirmou que conhece jovens que têm beneficiado do programa de transferências monetárias no município do Nzeto, situação que considera reprovável. “Todos devem beneficiar do dinheiro do Kwenda, sobretudo os mais velhos, que já não podem trabalhar”, apelou.

Respectivos benefícios

O director do FAS no Zaire disse que apesar de uma ou outra falha o Kwenda foi criado para beneficiar a todos, por isso a informação que dá conta de algumas pessoas vulneráveis, apesar de terem sido cadastradas, a nível do município do Nzeto, em 2020, nunca terem beneficiado dos valores monetários tem alguma irregularidade. Todos que estão no sistema, mesmo não tendo feito a prova de vida, têm recebido”.

As pessoas que até hoje não receberam, aconselhou, devem ir até a direcção do FAS apresentar a reclamação. “Temos pago todos os cadastrados que estão no sistema de informação sobre protecção social, a nível do município do Nzeto. Porém, há pessoas que, por razões técnicas, têm atrasos numa ou outra prestação, pelo facto de muitos terem os cartões extraviados, ou já não recordam do PIN, ou por não terem feito prova de vida”, esclareceu.

João Maurício da Costa informou que as pessoas vulneráveis, cujos respectivos cartões multicaixas estão extraviados, ou não se lembram do código PIN, têm sido pagas em dinheiro sonante, mesmo não tendo realizado a prova de vida.

“Portanto, temos encontrado, sempre, uma solução para o problema das pessoas inscritas no Kwenda, de forma que todos possam beneficiar. Quem já não tem os cartões, está a receber o dinheiro em mãos. É um programa criado para todos”, acrescentou.

  Outros benefícios  a que têm direito

A par das transferências sociais monetárias, segundo João Maurício da Costa, o programa “Kwenda” tem garantido outros benefícios aos cidadãos, dentro das quatro componentes do programa, uma vez que muitas das pessoas cadastradas têm vocação em diferentes campos.

“Além dos valores que têm recebido, eles também têm outros benefícios, dentro dos quatro componentes do programa. Este ano, o foco fundamental está virado para a inclusão produtiva, apoiando pequenas iniciativas dos cidadãos a nível dos municípios que, podem ser geradoras de empregos. Portanto, quem tem mais inclinação para o comércio, agricultura, ou pescas, tem a possibilidade de começar pequenas iniciativas, no quadro da inclusão produtiva”, acrescentou.

O director do FAS no Zaire adiantou que os Centros de Acção Social Integrado (CASI), que fazem parte da outra componente do programa “Kwenda”, têm dado respostas a várias inquietações que os cidadãos manifestam.

“Os CASI são espaços onde os cidadãos podem se deslocar, sempre que precisarem de qualquer intervenção de serviços públicos e, por várias razões, não conseguirem obter respostas. Temos também nas localidades, nas aldeias e nos bairros os Agentes de Desenvolvimento Comunitário e Sanitário (ADECOS) que reportam para os CASI todas as situações”, acrescentou.

Histórico

O programa “Kwenda” teve início em Maio de 2020, no município do Nzeto (Zaire) e tem como teto máximo a distribuição de 420 milhões de dólares, dos quais 320 milhões, financiados pelo Banco Mundial. Os restantes 100 milhões são dados pelo Governo angolano. O programa contém quatro componentes, nomeadamente “Transferências Sociais Monetárias”, “Inclusão Produtiva”, “Municipalização da Acção Social” e “Reforço do Cadastro Social Único”.

JA

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