Outubro 7, 2024

A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, afirmou, em Luanda, que as perspectivas da presidência de Angola na Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) apontam para uma liderança proactiva e de sucesso.

  Em declarações ao Jornal de Angola, quinta-feira, no final da 43ª Cimeira de Chefes de Estado e de Governo da SADC, realizada em Luanda, a diplomata moçambicana justificou o optimismo com o facto de Angola, na sua opinião, mostrar interesse em contribuir para a concretização dos desafios assumidos pela região.

“Não temos dúvidas e as perspectivas são imensas. Todos estamos expectantes que a nossa região vai avançar. A escolha do lema já nos ajuda a perceber o quão Angola está preocupada com o desenvolvimento da região. Estamos satisfeitos e pensamos que Angola vai ser uma mais-valia. Não temos dúvidas de que as coisas vão estar em boas mãos”, sustentou.

Verónica Macamo ressaltou, ainda, a necessidade imperiosa de a comunidade encarar a questão do capital humano e financeiro, definido pela liderança de Angola, como “factores mais importantes ou fundamentais para a industrialização”, defendendo para a região uma industrialização sustentável.

“Temos um Fórum da SADC, em que até já fui presidente, mas transformamos este fórum em Parlamento. Este evento tem como ‘pano de fundo’ a questão da industrialização do continente em geral, em particular da nossa região”, referiu, ainda, a ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique.

Entre os instrumentos jurídicos assinados pelos líderes dos Estados-membros, segundo Verónica Macamo, realce para os diplomas sobre a questão da industrialização, emenda ao protocolo da SADC e o combate ao tráfico de órgãos humanos, considerando este último como um “problema muito sério”.

“São diplomas muito importantes e que vão ser implementados. Pensamos que a nossa região vai ter vantagens com a assinatura destes instrumentos”, assegurou.

A ministra revelou, ainda, que Moçambique subscreveu os documentos, em virtude de ter a certeza de que vão trazer vantagens para os países, tendo destacado o impacto que pode provocar aos cidadãos, aos quais definiu como sendo “o princípio e o fim da existência da SADC”.

Paz e segurança

Verónica Macamo disse, também, que a questão da paz e segurança, discutida na 43ª Cimeira de Luanda, “é extremamente importante”, esclarecendo que não se pode avançar com o desenvolvimento se os países viverem um clima de instabilidade.

“Mas, estamos a marchar para isso. Moçambique já provou que está interessado na paz, negoceia para encontrar a paz e segurança. Queremos que esta segurança e paz sejam perenes”, assegurou, para em seguida confessar o desejo de ver uma região da África Austral sem problemas de segurança e de guerra para as futuras gerações.

“Basta de guerra entre irmãos. Acredito, também, que o mundo se vai consciencializar que cada vez mais é preciso unir esforços e juntar sinergias para acabar com o terrorismo. O nosso grande problema neste momento é o terrorismo. No nosso país, temos algumas coisas que precisam de ser acertadas, mas o que mais preocupa é o terrorismo”, esclareceu.

Face às constantes ameaças, referiu a ministra mo-çambicana, o seu país elegeu o diálogo como um instrumento muito importante, apesar de admitir que o problema reside em saber como tratar deste instrumento, “porque nunca sabemos com quem se negoceia, se fala ou dialoga”.

No que à relação comercial da região diz respeito, Verónica Macamo considerou importante “colocar os países da região a avançar”, sugerindo o reforço da cooperação entre os Estados-membros.

“Estamos habituados a cooperar com outros países do mundo. É bom, não faz mal a ninguém. Mesmo em termos de trocas comerciais, trazemos coisas de fora e também levamos as nossas coisas para fora, mas é preciso ver agora com mais prioridade as vantagens que temos internamente. Moçambique ganha muito mais quando importa da África do Sul, porque está a fortalecer a região”, afirmou.

Angola e Moçambique, recorde-se, reforçaram a cooperação bilateral e identificaram novas áreas de interesse comum, com a assinatura de 36 acordos nos mais variados domínios, sobretudo nas áreas da Mineração, Pescas e Petróleo e Gás, o que se traduz nas potencialidades da proximidade existente entre os dois países.

Defendido financiamento sustentável das Missões de Observação Eleitoral

O Chefe de Estado da Namibia e antigo presidente do órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC, Hage G. Geingob, defendeu o financiamento sustentável das Missões de Observação Eleitoral da organização, em apoio à democracia e boas práticas de governação na região.

Ao intervir na 43ª Cimeira dos Chefe de Estado e de Governo, o namibiano sublinhou, igualmente, que devem ser fortalecidas as intervenções em apoio à integridade territorial da RDC e de Moçambique, bem como a implementação de reformas no Reino do Lesotho e início do diálogo nacional no Reino de eSwatini.

Hage G. Geingob esclareceu, ainda, que durante os últimos 12 meses do mandato, a Troika da SADC convocou três cimeiras extraordinárias, para discutir e encontrar soluções para os desafios da paz e segurança na região, tendo assegurado que o órgão tem feito o possível para promover a estabilidade regional.

O facto de em Setembro estar agendado eleições gerais no Zimbabwe, eSwatini, Madagáscar e República Democrática do Congo, segundo o ex-presidente do órgão de Política, Defesa e Segurança da SADC, merece uma atenção especial da comunidade, “para permitir que as mesmas decorram num clima de paz”.

“Ajudamos o Reino do Lesotho a negociar reformas governamentais vitais e a realizar uma transição pacífica do poder político em 2022”, referiu, ainda, Hage G. Geingob, na mensagem proferida no quadro da Cimeira, assegurando que “a Namíbia continuará diligentemente a desempenhar o seu papel como presidente cessante do Órgão no próximo ano”.

JA

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