A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, anunciou, quinta-feira, no Huambo, a criação de um fundo no valor de 200 milhões de dólares, que vai, entre outras questões, servir para aumentar o acesso ao Ensino Superior, garantir a qualidade e reforçar o sector com novos cursos, pós-graduação, harmonização curricular e equidade de género.
Esperança da Costa, que se dirigia à comunidade académica da província do Huambo, num encontro que decorreu no Instituto Politécnico da UJES, acrescentou que o referido fundo, autorizado pelo Presidente da República, João Lourenço, em parceria com o Banco Mundial (BM), e a parceria Global para a Educação, vai servir também para investir nas infra-estruturas dos ISCED da Huíla, Uíge, com prioridade para o do Huambo. O fundo vai ainda contemplar a Escola Superior Pedagógica do Bengo, para investir nas competências digitais, na formação de professores, reafirmação digital, apoiar o sistema de garantias de qualidade do Ensino Superior, bem como fortalecer a gestão, monitoramento e avaliação.
Na componente de gestão, Esperança da Costa deixou a recomendação de que a mesma também depende da comunidade académica que utiliza as instituições.
Sobre a necessidade de um financiamento maior para o funcionamento das instituições, que reconheceu haver um desafio na execução orçamental, anunciou que a partir de 2024 todas as instituições de Ensino Superior no país voltarão a ser unidades orçamentadas.
“O Executivo devolveu a autonomia à academia, que tem órgãos colegiais para eleger os seus titulares de gestão, mas tem também a responsabilidade de fazer funcionar esses órgãos de gestão, para acompanhar o funcionamento da instituição e, sobretudo, para elaborar um plano de desenvolvimento institucional”, disse.
Esperança da Costa referiu que o Executivo quer ver o impacto de toda a massa monetária que vai ser disponibilizada para a melhoria da qualidade de ensino nas instituições, para progressão na carreira, produção científica de qualidade e inovação, que é fundamental para o desenvolvimento do país. “Sobretudo queremos ver universidades públicas no ranking das 100 melhores universidades africanas. Não podemos ficar de fora”, sublinhou.
Aos estudantes, Esperança da Costa garantiu que o Executivo vai continuar a investir e a alargar o acesso ao Ensino Superior, com uma promoção e integração cada vez maior das mulheres nos cursos de pós-graduação, pois, segundo os dados, apenas 25 por cento das mulheres, no Huambo, têm participado nos referidos cursos. Por esta razão, anunciou 300 bolsas para pós-graduação, das quais 50 por cento devem ser alocadas às mulheres.
Para alargar o acesso ao Ensino Superior, disse, o Instituto Nacional de Gestão de Bolsas de Estudo (INAGBE) anunciou mais 10 mil bolsas este ano, tendo no final apelado às raparigas no sentido de não desistirem da formação, porque, conforme referiu, “ser mulher não é condição impeditiva de prosperar na vida”.
“Nós temos um Presidente que olha para as mulheres, reconhece a sua contribuição fundamental para o desenvolvimento do país”, assinalou, para garantir que o Executivo vai continuar engajado no fortalecimento do Subsistema do Ensino Superior, tornando-o cada vez mais dinâmico e mais inclusivo.
“Vamos continuar a capacitar os nossos jovens para mais facilmente inseri-los no mercado de trabalho e poderem dar um contributo valioso no desenvolvimento do país”, acrescentou a Vice-Presidente da República.
Garantido diálogo com a sociedade
Ao tecer algumas considerações na abertura do encontro, a governadora do Huambo, Lotti Nolika, reafirmou o compromisso de continuar a advogar pelo contínuo investimento na investigação científica, na valorização dos quadros e permanente capacitação dos docentes.
“Queremos igualmente continuar a cultivar o diálogo entre a comunidade académica e a sociedade, por reconhecermos que é a melhor alternativa na busca permanente de soluções e medidas ajustadas à nossa realidade prática”, frisou.
Lotti Nolika encorajou as meninas na ciência a continuarem a marchar rumo ao desenvolvimento sustentável.
Participaram no encontro investigadores, docentes e não docentes, bem como estudantes das várias instituições de Ensino Superior no Huambo, além de membros do Governo provincial.
Casos de malnutrição preocupam direcção do Hospital Municipal
O Hospital Municipal do Huambo tem registado vários casos de malnutrição em crianças, na sua maioria vindas de zonas recônditas e desprovidas de alguma alimentação. Essa é uma das preocupações apresentadas, ontem, pela direcção do hospital à Vice-Presidente Esperança da Costa, aquando da visita à unidade sanitária, que existe desde 2009.
“Temos registado todos os meses mais de 15 casos, um número que requer mais apoio possível à unidade”, disse o director do hospital, Fernando Somongula.
De acordo com o gestor, além desta preocupação, o hospital necessita de ambulâncias e outros meios de apoio.
Fernando Somongula disse esperar que a visita da Vice-Presidente da República traga bons ventos ao Hospital Municipal do Huambo, em função das necessidades.
Segundo informou, a área de internamento é outra preocupação por falta de camas, que faz com que dois ou mais pacientes partilhem o mesmo leito, casos que acontecem na área de Nutrição.
A situação, segundo Fernando Somongula, acontece porque a unidade recebe ou atende pacientes vindos do Hospital Provincial do Huambo, que tem a sua área da maternidade em obras. A unidade de cuidados primários tem uma capacidade para 150 camas de internamento, insuficiente para a demanda.
“Temos vários serviços, com destaque para o “Nascer Livre para Brilhar”, que tem permitido muitas crianças nascerem sem o VIH-Sida. Tem também serviços de Ginecologia, Banco de Urgência, Bloco Operatório, Medicina Interna e Vacinação”, contou, acrescentando que medicamentos não faltam, uma vez que a unidade tem orçamento agregado.
JA