As falhas do mercado, devido às restrições estruturais dos sistemas de alimentação animal e forrageira do continente, levaram à perda maciça de animais durante as secas que atingiram mais de nove milhões de cabeças de gado no corno de África, estimado num valor superior a dois mil milhões de dólares, assegurou, sábado, em Nairobi, Quénia, a comissária da União Africana para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável.
Josefa Correia Sacko, que falava durante o projecto africano inaugural de sistemas forrageiros e de alimentação animal resilientes, disse que estes constrangimentos e desafios continuam a comprometer a realização e o aproveitamento do potencial de contribuição do sector pecuário africano.
“Os alimentos para animais constituem 60 a 70 por cento do custo total de produção do gado, o que os torna um factor-chave da produção, produtividade, crescimento, estabilização e resiliência do gado”, garantiu.
O sector dos alimentos para animais em África, disse, continua a ser subdesenvolvido e muito pouco articulado, com poucos países a terem subsectores económicos de alimentos para animais.
“A maioria dos produtores alimenta o que eles próprios cultivam ou o que é mais acessível, em vez de cumprir objectivos específicos de produção. Esta ineficiência é ainda agravada pelo desperdício de mais de 40 por cento dos recursos alimentares existentes”, destacou.
Josefa Sacko considerou que a dimensão e a cobertura rural do sector pecuário africano lhe conferem um imenso potencial de distribuição, essencial para impulsionar o crescimento equitativo dos rendimentos e a sustentabilidade, o que o torna um recurso fundamental para a realização da Agenda 2063 da União Africana (UA).