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Ministério da Cultura reconhece nova nomenclatura da IURD e enfrenta a ‘cólera’ da ala angolana

 Determinação do ministro Filipe Silvino de Pina Zau consta no Decreto Executivo 74/24 de 14 de Março, em que também é colocado à disposição da ala reconhecida todos os activos da IURD. A decisão coloca assim um ponto final na indefinição sobre quem manda na igreja, e cujo conflito interno havia se resvalado para o campo diplomático entre Angola e o Brasil, havendo assim um ‘irritante’ já ultrapassado.

O Ministério da Cultura e Turismo reconheceu as alterações efectuadas pelos membros da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) da ala reconhecida pelas autoridades, na reunião extraordinária do Conselho de Direcção da referida denominação religiosa, ocorrida a 08 de Fevereiro do corrente ano.

As mudanças implementadas pelos fiéis incidiram-se sobre a nomenclatura da entidade, que passa a denominar-se Igreja do Reino de Deus em Angola (IRDA), os logotipos, símbolos, estatutos e regulamento interno.

A decisão do ministério por determinação do ministro Filipe Silvino de Pina Zau consta no Decreto Executivo 74/24 de 14 de Março, em que, também, é colocado à disposição da ‘nova igreja’ todos os bem patrimonial que, à data de entrada em vigor do presente decreto, se encontrem afectos à IURD, bem como os direitos, obrigações e os processos sob sua gestão transitam para a IRDA.

Com a presente opção, o Governo coloca assim um ponto final na indefinição sobre quem manda na igreja, cujo conflito interno se deflagrou em finais de 2019, quando um grupo de fiéis angolanos decidiu afastar-se da direcção brasileira, com várias acusações, nomeadamente de prática obrigatória de vasectomia, racismo e evasão de divisas.

Em face da contundência das acusações, a Procuradoria-Geral da República (PGR) abriu um inquérito, tendo mais tarde a direcção do Serviço de Migração Estrangeiro (SME) convidado um total de sete pastores brasileiros a abandonar o país num prazo de oito dias.

No documento datado de 08 de Abril de 2021, o SME refere que foram cancelados os vistos de permanência temporária concedidos aos pastores e bispos “por cessação da actividade eclesiástica em território nacional”.

O caso provocou a ira do governo brasileiro, à data liderado por Jair Bolsonaro. Diplomatas daquele país sul-americano foram destacados a Angola pelo então presidente Bolsonaro, visando jogar influência junto do Governo, mas, em muitos casos, não tinham respostas satisfatórias, o que acabara por macular as relações.

Portanto, os dois países ultrapassaram as divergências. O Governo angolano reconheceu a ala brasileira liderada pelo angolano Alberto Segunda, e reafirmou essa decisão ao dar luz verde às mudanças de símbolos e de nomenclatura orquestrada por esta ala.

Se, por um lado, foi ultrapassado o irritante entre os governos de Angola e do Brasil, por outro lado, as divergências internas entre os fiéis da IURD em solo angolano permanecem.

A ala angolana manifesta-se inconformada com o reconhecimento do Executivo sobre a decisão tomada pelo Conselho de Direcção da IURD, liderado por Alberto Segunda, e anuncia para esta sexta-feira, 22, a realização de uma vigília defronte as instalações do Ministério da Cultura, com a presença dos fiéis.

Já na segunda-feira,18, uma moldura humana considerável de fiéis liderados pelo pastor Valente Bizarra Luís, acorreu junto do Ministério da Cultura para apresentar formalmente a sua contestação.

CK

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