Outubro 6, 2024

O Petro de Luanda e FC Bravos do Maquis disputam, hoje, às 14 horas, no Estádio das Mangueiras, em Saurimo, na Lunda-Sul, a final da Taça de Angola da época 2024. O jogo perdeu certa expectativa em função do diálogo surdo entre os contendores e a direcção da FAF. As duas equipas pretendiam jogar num relvado de melhor qualidade.As duas equipas centram o foco no troféu, num duelo em que tudo pode acontecer a julgar pela imprevisibilidade da competição e em função daquilo que os intervenientes fizeram durante a época.Se o piso artificial das Mangueiras denota um “desgaste acentuado” e em “estado avançado de degradação” como dizem os finalistas, é ponto assente que não haverá nota artística no relvado por parte dos concorrentes à conquista da competição, que encerra a época futebolística nacional.Petrolíferos e maquisardes são forçados a mudar a habitual forma de jogar para se adaptarem a uma realidade, que vai seguramente atrapalhar a desenvoltura dos atletas mais criativos, até mesmo na hora de efectuar um simples passe.Até certo ponto, o favorito Petro de Luanda é capaz de  se ressentir muito mais por causa da “mania” da posse de bola. Pacientes, quando se trata de conservar ou esconder o esférico, os tricolores terão de ser pragmáticos, caso queiram encurtar o caminho para não passar o jogo todo a amaldiçoar a qualidade do relvado.Meses atrás, quando defrontou o TP Mazembe, na primeira-mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões Africanos, deu para ver as dificuldades enfrentadas pelo Petro de Luanda. Os atletas demoraram a perceber que tinham de fazer abordagens diferentes em todos os sentidos, porque estavam a jogar em sintético.Nada melhor do que aguardar pelas incidências da final para ver, se o detentor do título aprendeu alguma coisa com o passado, pois os maquisardes querem tudo, menos ficar a ver navio no Estádio das Mangueiras.Mesmo sem um plantel equivalente, a equipa orientada por Mário Soares sabe que pode precisar apenas de um golo ou, na pior das hipóteses, arrastar a decisão à lotaria das grandes penalidades para surpreender o adversário. FavoritoEm situação normal, há, sim, mais probabilidades de o Petro de Luanda revalidar o título, mas se a soberba tomar conta da mente e dos corações dos atletas, as coisas podem não correr nada bem, porque o excesso de confiança, além de atrapalhar, também pode originar um relaxe competitivo, capaz de ser muito bem aproveitado pelo FC Bravos do Maquis, que tem o direito de ambicionar erguer o troféu, mesmo com todos os dedos apontados na direcção contrária.Além dos jogadores, os dois treinadores também têm motivos adicionais para capricharem em todos os detalhes da estratégia. Se Alexandre Santos anseia por uma despedida de cabeça erguida, Mário Soares quer acabar com a malapata de sempre perder as finais da Taça de Angola, em que já esteve em três decisões. O técnico chorou e rangeu os dentes em todas elas.Os dois treinadores têm estilos diferentes de jogos, pelo facto de contarem com a abundância nos respectivos plantéis, mas via de regra costumam ter os mesmos discursos. Ainda assim, nada melhor do que aguardar pelo tempo regulamentar, ou pelo prolongamento e afins, se houver, para aferir com exactidão qual dos dois treinadores conseguiu inculcar melhor as ideias triunfantes na mente dos atletas.O que aconteceu antes e durante o jogo que os tricolores e maquisardes disputaram no Luena, no fecho do Girabola 2023/2024, deixa antever uma final renhida, porque o Petro de Luanda se sentiu tocado pelo gesto solidário do FC Bravos do Maquis para com o Sagrada Esperança. Por mais que uma competição nada tenha a ver com a outra, é normal que os dois técnicos usem o que aconteceu para atiçar os balneários.Uma coisa é irrefutável: a final terá um vencedor. Agora, a questão é saber quem?.  O mais importante é que as duas equipas puxem dos galões de vencedores da Taça de Angola para que a final não se torne um jogo de ataque contra e defesa. É verdade, esta é uma possibilidade capaz de acontecer, mas será uma tentativa de suicídio, se os maquisardes taparem a baliza com um autocarro e deixarem os tricolores à solta no relvado. Pode ser uma atitude pouco sensata, porque correr atrás da bola, também, acentua o desgaste físico de quem defende!Alexandre Santos”O adversário é uma equipa aguerrida”Com o objectivo de fazer o pleno na temporada, o técnico do Petro de Luanda, Alexandre Santos, encara o jogo da final com precaução para não falhar o propósito definido.”O Bravos do Maquis é uma equipa sempre muito difícil e aguerrida. Como diz o próprio nome, acho que o lema e a forma de estar em campo advêm daquilo que é a cultura dos bravos”, reconheceu.O treinador  destaca o facto de ser a primeira vez que as duas equipas se cruzam na Taça de Angola e a acontecer na decisão do troféu: “Jogámos seis vezes no Girabola, mas é a primeira vez na Taça de Angola”.Alexandre frisou que os jogos da Taça são diferentes e com agravante de ser na final. “Só um jogo define a vitória de um título. É um desafio que fica para a história, por isso, todos os querem ganhar”.”Podemos fazer história no futebol angolano, com três dobradinhas seguidas. Nunca aconteceu em Angola e mesmo a nível mundial é difícil. Se fizermos, vamos fechar a época com perfeição. Terminar com uma vitória seria ouro sobre azul, a cereja no topo do bolo”, augura.  MÁRIO SOARES”As finais são para vencer”Mário Soares, técnico do FC Bravos do Maquis, está confiante num bom jogo e assumiu que as finais são para vencer, apesar de reconhecer o potencial do adversário, equipa que merece atenção redobrada.”As finais são para vencer. É relativo falar em candidato, pois quem disputa estes jogos espera conquistar o troféu. A nossa pretensão é voltar a vencer a segunda maior competição do futebol nacional”, augura.O técnico dos maquisardes sublinhou que a equipa vai entrar em campo com a mesma garra e determinação.”Não temos muito para mudar, até porque o tempo não permite nesta altura operar alterações de vulto. Vamos apostar num onze que nos dê garantias para alcançar os nossos objectivos”, prometeu.A título pessoal, Mário Soares quer vencer a quarta final e terminar com o jejum e afastar o rótulo de “quase”. O treinador dos maquisardes espera aproveitar a experiência das competições anteriores para erguer pela primeira vez o troféu.”Vou disputar a quarta final e espero vencer. Não será fácil, mas já frisei que as finais são para ser ganhas”, terminou com convicção.  PalmarésTricolores perseguem conquista do 15º  títuloO Petro de Luanda é a equipa com mais conquistas na Taça de Angola, com 14 troféus.  Os tricolores perseguem o 15º diante do FC Bravos do Maquis, equipa que conta apenas com um título da segunda maior competição futebolística nacional.  MangueirasTécnicos criticam estado da relvaMário Soares e Alexandre Santos criticaram a indicação do Estádio das Mangueiras, em Saurimo, na província da Lunda-Sul, para o palco da final da Taça de Angola em futebol.”O campo, onde vamos jogar, é péssimo para as duas equipas. Penso que a FAF tem tempo para mudar essa posição”, disse o treinador maquisarde.”Se o problema é trazer a competição para a Região Leste do país, o Estádio do Dundo está em melhores condições”, disse.Por sua vez,  o técnico português do Petro de Luanda afirmou que a relva das Mangueiras parece-se mais “com uma alcatifa” e  pode causar graves lesões aos jogadores, que vêm de inúmeros jogos durante a época.”É preciso pensar na integridade dos jogadores, pois eles são a peça importante no jogo e não seria justo que eles se lesionassem”, frisou.

JA

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