Janeiro 4, 2025

Por mais que se tente, não se pode retirar ao segundo presidente da UNITA, o feito de ter unificado o partido entre quadros do exterior, das cidades e das matas – além de ter tornado os ‘maninhos’ numa máquina política organizada, depois do estrondo do que representou para eles a morte de Jonas Savimbi. Porém, também não se pode negar que o escrutínio às opções adoptadas nos últimos tempos por Isaías Samakuva dão indicadores que alimentam as perspectivas menos abonatórias para a sua imagem e percurso.

Isaías Henrique Ngola Samakuva, 78 anos de idade, liderou a UNITA durante 16 anos. O político assumiu o edifício da Maianga, de cor creme (a sede presidencial da UNITA) na sequência de sua vitória eleitoral interna, no IX congresso realizado entre os dias 24 e 27 de Junho de 2003, que teve lugar em Viana, com a participação de mais de mil delegados oriundos das 18 províncias do país.

O conclave, como se lê no website oficial da UNITA, “assumiu a responsabilidade histórica de reformular as políticas e a estrutura do partido, adaptando-o à nova realidade política do país”, pós Jonas Savimbi.

Pela frente, Isaías Samakuva, então embaixador do partido na Europa, tinha imensos desafios, tendo, como em qualquer actividade humana, alcançado uns e tombado em outros desafios. O primeiro desafio foi o de unificar a UNITA que estava meio que dividida em frentes do exterior – tidos como os mais refinados e intelectuais; os das cidades em Angola, tomados por intelectuais e que sobre os quais pesavam suspeições de proximidade com o Governo do MPLA; e os das matas, um misto de intelectuais, militares e radicais. Este grupo era tido em muitos círculos como os mais cumpridores da causa de Jonas Savimbi, e vistos com desconfiança nas cidades.

Samakuva uni-os. Fez da UNITA uma só estrutura. Mas em períodos como 2010, 2011, começaram a surgir suspeições de que Isaías Samakuva estivesse mancomunado com o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Em 2011, por exemplo, a 22 de Julho, falava-se que Isaías Samakuva havia ultrapassado o limite para convocar o congresso daquele ano, visando permanecer na liderança do partido sem legitimidade.

Pela frente, Isaías Samakuva, então embaixador do partido na Europa, tinha imensos desafios, tendo, como em qualquer actividade humana, alcançado uns e tombado em outros desafios. O primeiro desafio foi o de unificar a UNITA que estava meio que dividida em frentes do exterior – tidos como os mais refinados e intelectuais; os das cidades em Angola, tomados por intelectuais e que sobre os quais pesavam suspeições de proximidade com o Governo do MPLA; e os das matas, um misto de intelectuais, militares e radicais. Este grupo era tido em muitos círculos como os mais cumpridores da causa de Jonas Savimbi, e vistos com desconfiança nas cidades.

Samakuva uni-os. Fez da UNITA uma só estrutura. Mas em períodos como 2010, 2011, começaram a surgir suspeições de que Isaías Samakuva estivesse mancomunado com o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos.

Em 2011, por exemplo, a 22 de Julho, falava-se que Isaías Samakuva havia ultrapassado o limite para convocar o congresso daquele ano, visando permanecer na liderança do partido sem legitimidade.

Alguns militantes criaram uma plataforma interna que a batizaram como ‘Grupo de Reflexão’, que exigia a convocação do congresso, e/ou o afastamento de Isaías Samakuva, que na perspectiva dos elementos do Grupo, já não tinha jeito político para continuar à frente da organização.

“Se em 2008, com a vergonhosa fraude, do MPLA, passamos de 70, para 16 deputados, em 2012, poderemos ter seis, face à postura perdedora do presidente Samakuva. Veja que o património que ele herdou, delapidou, tornado, também, do ponto de vista patrimonial o partido mais fraco”, dissera um militante do partido, então citado pelo jornal Folha8.

Como consequência, Abel Chivukuvuku – na altura membro da UNITA, e Paulo Lukamba Gato, foram suspensos, por alegado apadrinhamento do ‘Grupo de Reflexão’. O congresso foi convocado, e Isaías Samakuva, que concorreu à própria sucessão contra José Pedro Katchiungo, voltou a ser reeleito.

O Samakuva de hoje…

Face ao tempo e a tudo que vivenciou enquanto esteve à frente da UNITA, para diferentes militantes, Isaías Samakuva tinha de manifestar solidariedade para com a actual direcção. Para muitos, Adalberto Costa Júnior foi sempre fiel a Isaías Samakuva, e lembram a postura de Adalberto no período em que a direcção do partido tinha de lidar com o chamado ‘Grupo de Reflexão’.

Portanto, os militantes questionam a razão de Isaías Samakuva manifestar-se indiferente pelo que Adalberto Costa Júnior tem passado.

Nunca, na UNITA, os militantes recorreram tanto ao Tribunal Constitucional como agora para litigarem com a direcção do próprio partido, uma instituição judicial que dizem não acreditar nos seus trabalhos.

Em 2021, na sequência de um processo movido por um grupo de militantes que suspeitava que Adalberto Costa Júnior concorrera a presidente do partido sem anular a nacionalidade portuguesa, o Tribunal Constitucional anulou o conclave que elegeu Adalberto.

Na observação de muitos, de Isaías Samakuva esperava-se uma reacção veemente, mas viu-se o silêncio. Foi igualmente criado um grupo denominado ‘Resgate’, face ao qual esperava-se igualmente uma reacção veemente de Isaías Samakuva, dado que o mesmo fora alvo de Grupos internos, mas se desconhece uma posição contundente a propósito da parte de Isaías Samakuva.

Contrariamente ao que muitos militantes e cidadãos alheios à UNITA esperam, Isaías Samakuva tem tido opções que, na maioria das vezes, são vistas como opostas ao interesse da nova direcção do partido.

Disse publicamente ser contra a Frente Patriótica Unida (FPU), a plataforma de oposição criada por Adalberto Costa Júnior, e que por via da qual a UNITA obteve o seu melhor resultado eleitoral de sempre, ao sair de 51 deputados para 90.

Continua…

CK

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