Orçamento Geral do Estado (OGE)/2025 reserva 5,5 biliões de kwanzas para a execução dos Programas de Investimentos Públicos (PIP), uma excelente oportunidade para bons negócios para os empresários e investidores.
Este apelo foi feito, ontem, em Luanda, pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica.
José de Lima Massano liderou a jornada de campo da Equipa Económica do Governo a duas fábricas instaladas no Pólo de Desenvolvimento Industrial de Viana (PDIV), em Luanda.
A ocasião serviu,também, um encontro com três associações importantes e que são determinantes na oferta de bens e serviços de produção nacional, designadamente Madeireiros, Cimenteiras e Materiais de Construção.
Durante o diálogo mantido com as associações, José de Lima Massano disse não ser admissível que o país continue a registar altíssimos indicadores de importação em produtos com capacidade interna instalada. Embora tenha reconhecido os 8,0 por cento de crescimento registado pela indústria, lembrou que o peso real do Produto Interno Bruto (PIB) não ultrapassou ainda, até ao 3º trimestre, os 2,5 por cento, o que revela o enorme caminho pela frente.
“O subsector dos materiais de construção é de elevadas potencialidades e disso sabemos todos. Neste 2025, pretendemos tirar maior proveito da capacidade instalada.
O que verificamos é que, pese embora, as várias iniciativas de dinamização da nossa economia, os materiais de construção vem crescendo; o ano passado (2024), segundo dados preliminares que vão até ao III trimestre, comparativamente ao ano anterior, o crescimento foi de 8,0 por cento.
Mas, ainda assim, quando olhamos para o peso que este sector tem na estrutura do PIB ainda é pequeno, com cerca de 2,5 por cento. Gostaríamos de ver, tendo presente tudo o que está acontecer na nossa economia e o que temos projectado para este ano (2025), um papel mais activo das indústrias dos materiais de construção”, afirmou.
O chefe da Equipa Económica não tem dúvidas dos incentivos existentes e quer apenas maior proveito dos fazedores do mercado.
Disse que até Novembro de 2024, Angola importou em materiais de construção 1,5 mil milhões de dólares. “É perfeitamente inaceitável. Compreendemos todos”, disse.
Segundo disse, não se tirando proveito, hoje, da capacidade produtiva do mercado, está-se a condicionar o crescimento da economia, a geração de renda e a melhoria de vida dos cidadãos.
Visão dos ministérios
O ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns de Oliveira, que integrou à comitiva, destacou como positivo o encontro, pois foi antecedido por duas visitas a unidades fabris do Pólo Industrial de Viana. “Neste diálogo com as associações de materiais de construção, com os produtores da indústria da madeira e os do cimento, avaliámos quais são as preocupações que cada um dos sectores tem e discutirmos a possibilidade de, com esta interacção, encontrarmos as soluções, para que rapidamente algumas dessas preocupações possam ser endereçadas e resolvidas.
Entre as preocupações, algumas têm a ver com a melhoria dos processos e procedimentos, quer na importação, quer na exportação; a redução de alguns passos que, burocraticamente, possam estar a prejudicar e também a redução de custos, principalmente a nível de movimentação de importações e exportações.
Nesse domínio, a preocupação que o Governo colocou tem a ver com a necessidade de as indústrias produzirem a um nível maior da capacidade, pois boa parte delas está a produzir muito abaixo daquilo que é a capacidade de produção instalada.
“Portanto, com isso, conseguirmos,que o produto final não só tenha a qualidade necessária, mas também seja mais acessível para as condições de capacidade aquisitiva que o mercado tem”, disse.
Por sua vez, o ministro da Construção, Carlos Alberto, concordou, de igual modo, ter sido um encontro muito bom, ademais tratando-se de início do novo ano.
“Temos projectos aprovados a nível do Orçamento Geral do Estado para 2025, que vão ter início em breve e esta concertação com as associações é importante.
Em relação à Associação dos Materiais de Construção, foi importante perceber que as empresas que dela são parte podem, de facto, apoiar muito mais nos programas internos.
Vou citar aqui um exemplo importante; temos um programa que é a auto-construção dirigida em que vamos precisar de materiais de construção diversos para as habitações e, encontramos nesses produtores, esta possibilidade.
O que definimos acima de tudo é um trabalho conjunto com as mesmas empresas, porque mais do que pensar em importar materiais feitos lá fora, devemos dar ênfase à produção nacional, com toda a vantagem em termos de emprego e dinâmica da economia nacional que podemos ter”, afirmou.
Segundo o ministro da construção, o Governo vai enveredar, embora já exista em pequena escala, a produção de pavimentos rígidos, ou seja, o pavimento utilizando betão, cimento.
“Esses pavimentos têm uma vantagem: têm uma durabilidade maior e também são mais fáceis nas acções de conservação e manutenção. Para isso, precisamos de contar com as empresas nacionais e precisamos de, acima de tudo, também contar com uma qualidade produtiva que nos permita ter boas e boas estradas.
Ou seja, estradas de betão e estradas de solo-cimento também. Nós temos uma vantagem dupla. Por um lado, utilizamos a produção nacional, criamos emprego e dinâmica economia, que até agora não tínhamos. Por outra, temos uma maior durabilidade das estradas também”, afirmou o ministro Carlos Alberto.
Mercado vai importar clínquer até meados do ano
(matéria-prima) para produção de cimento
O presidente da Associação das Cimenteiras de Angola, Manuel Pacavira Júnior, disse, que fruto da concertação com o Governo, ficou aprovado que o país tem ainda a necessidade de importar clínquer de (cimento)150 toneladas em três fases para colmatar o défice actual.
De acordo com o líder associativo, o défice interno que se verifica resulta da paralisação das principais cimenteiras dos últimos anos do CIF, mas que se perspectiva a sua reactivação para Junho ou Julho, é consensual que se importe até lá, altura da retoma da auto-suficiência interna.
Manuel Pacavira entende que a paralisação da fábrica CIF esteja a gerar enormes constrangimentos há mais de um ano, mas com as ideias traçadas se possa perspectivar uma rápida recuperação dos níveis de satisfação da procura.
Para o líder das cimenteiras, o actual preço que representa quase ou mesmo o dobro de a bem pouco tempo, tem nesse cenário de escassez a explicação de facto. Logo, superados os constrangimentos, vai-se também responder ao fenómeno de maior procura e pouca oferta, razão pela qual a importação temporária é vista como uma excelente medida.