Janeiro 19, 2025

Igrejas cristãs destacaram, sabado, em Luanda, a necessidade do reforço do papel dos cristãos na pacificação das mentes, assim como a reconstrução de uma sociedade vocacionada à promoção da paz e justiça social.

A posição foi transmitida numa mensagem lida durante a abertura do culto ecuménico da tradicional “Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos”, realizada na Paróquia de Nossa Senhora de Fátima da Arquidiocese de Luanda, no âmbito dos 50 anos da Independência Nacional, que se assinalam a 11 de Novembro deste ano.

O encontro ecuménico de reflexão, que encerra no próximo sábado, na Igreja Anglicana, juntou centenas de fiéis e foi testemunhado por representantes de partidos políticos, deputados à Assembleia Nacional e outros convidados.

Com o tema “Crês nisso”, os cristãos ressaltaram, na ocasião, a importância da unidade do corpo de Cristo como instrumento para a reconciliação nacional e fortalecimento dos laços entre as comunidades.

 Na mensagem, o porta-voz, reverendo Augusto Domingos, da Igreja Anglicana de Angola, apelou ao reencontro entre as pessoas, ao perdão e ao amor ao próximo, valores considerados fundamentais para a cura das feridas sociais e políticas que ainda persistem no país.

 “É tempo de perdoarmos e de esquecermos as mágoas do passado. Se não perdoarmos, também não receberemos a bênção de Deus”, alertou.

Violência

A secretária-geral da Sociedade Bíblica de Angola, Beatriz Umpa, destacou que, apesar do crescimento da fé e da proximidade a Deus, o amor ao próximo parece estar a esfriar, conforme demonstram os altos índices de violência e as tensões sociais veiculados nos meios de Comunicação Social.

A líder associativa Beatriz Umpa frisou que ser cristão significa assumir o espírito de pacificação, humildade, paciência e disposição de ouvir antes de responder.

 Neste contexto, a Igreja é chamada a desempenhar um papel mais activo na construção de uma sociedade saudável, disse, sublinhando que as diferenças não podem dividir as pessoas.

 “Podemos ter as nossas diferenças, seja entre igrejas ou partidos políticos, mas essas diferenças não nos podem dividir. A reconciliação começa em nós mesmos e deve ser levada aos outros”, exortou.

 A iniciativa interdenominacional, que contou com a presença de representantes das igrejas Católica, Evangélica, Anglicana e Congregacional, simboliza o compromisso da Igreja em promover o diálogo e a cooperação como caminho para a reconstrução social

 O culto, segundo Beatriz   Umpa,serviu, também, de apelo aos cristãos para seguirem os ensinamentos de Jesus Cristo e rejeitarem atitudes como a calúnia, o falso testemunho e a desunião, práticas que enfraquecem tanto a Igreja quanto a sociedade.

A mensagem, de acordo com a reverenda, reforçou o convite à unidade e à reflexão, com vista à transformação do país num espaço de convivência pacífica e fraterna, onde todos, independentemente das diferenças, possam viver em harmonia e contribuir para o bem-estar comum.

Reconciliação

Por seu turno, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior elogiou a iniciativa do Conselho de Igrejas Cristãs (CICA) em desenvolver acções destinadas à promoção da reconciliação e unidade entre os angolanos, sublinhando o contributo para a sensibilização da sociedade.

 O político destacou que o processo de reconciliação nacional ainda não está concluído, ressaltando a importância do diálogo e da aproximação entre os cidadãos. “A Igreja está a dar-nos uma grande ajuda, apelando à sensibilidade de todos nós. Temos muitos desafios, mas esta iniciativa é um passo importante nesse caminho”, reconheceu.

O presidente da segunda maior força política do país agradeceu à Igreja pelo papel activo que vem desempenhando para a construção de uma Angola mais unida.

União das famílias

A união e a reconciliação das famílias constituem uma das maiores preocupações do Governo, considerou o secretário-geral do CICA, Vladimir Agostinho

O líder religioso realçou que a sociedade é composta por famílias, mas se ela estiver doente, torna-se impossível ajudar quem precisa, daí a necessidade da existência do amor ao próximo, com vista à sua pacificação.

Todos os anos, segundo disse, o CICA, em colaboração com a Igreja Católica, realiza a tradicional “Sema- na de Oração pela Unidade dos Cristãos” com o tema “Crês nisso”.

A par das celebrações dos 50 anos da Independência Nacional , os cristãos querem acções concretas para a moralização de toda a sociedade angolana.

Vladimir Agostinho esclareceu que o início do ano 2025 começou mal, devido ao surto de cólera que leva vidas humanas, mas disse que a Igreja continua a orar e entregar as famílias sob a protecção divina, livrando as pessoas deste mal.

A vandalização dos bens públicos, segundo o secretário-geral do CICA, é um dos grandes males que o país atravessa, devendo a sociedade encontrar mecanismos de reeducação dos cidadãos para combater o fenómeno.

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