
(FILES) This file handout picture taken and released by Vatican Media on December 21, 2018, shows Pope Francis (L) meeting with Pope Benedict XVI (R) at the Vatican. Former pope Benedict XVI has publicly urged his successor Pope Francis not to open the Catholic priesthood up to married men, in a plea that stunned Vatican experts on January 12, 2020. - RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / VATICAN MEDIA" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS --- / AFP / VATICAN MEDIA / Handout / RESTRICTED TO EDITORIAL USE - MANDATORY CREDIT "AFP PHOTO / VATICAN MEDIA" - NO MARKETING NO ADVERTISING CAMPAIGNS - DISTRIBUTED AS A SERVICE TO CLIENTS ---
BENTO XVI E FRANCISCO
Completa-se no “Céu” a dupla de Papas que “cambiaram” o cadeirão máximo do Vaticano
O Papá Francisco faleceu no mês em que foi eleito Bento XVI, a quem sucedeu no cargo em Março de 2013. Esta não é a única coincidência entre os dois Papas, sendo a mais evidente a que se deu durante os processos electivos de ambos.
A coincidência em causa teve início com o anúncio, a 11 de Fevereiro de 2013, de Bento XVI sobre a renúncia do Papado.
A intenção foi manifestada na Sala del Concistoro do Palácio Apostólico, numa reunião, de manhã, que coincidiu com o Dia Mundial do Doente.
O encontro seria para anunciar a data da canonização de três mártires católicos, nomeadamente António Primaldo e companheiros, Laura Montoya Upegui, e Maria Guadalupe Garcia Zavala, mas Bento XVI aproveitou o ensejo para informar aos presentes que iria renunciar ao Papado, decisão efectivada apenas no dia 28 de Fevereiro do mesmo ano.
Bento XVI apontou a falta de força, devido à idade, como a causa principal para a tomada daquela decisão.
A notícia da renúncia de Bento XVI, eleito Papa a 19 de Abril de 2005, apanhou milhares de fiéis católicos desprevenidos.
Embora o Sumo Pontífice tenha apontado a falta de força, devido à idade, para muitos, sobretudo estudiosos em assuntos do Vaticano, a razão oficial continua um verdadeiro mistério.
Num documentário intitulado “O Papa do fim do mundo”, que conta o percurso do Papa Francisco, emitido pelo canal História, especialistas em questões religiosas apresentam outras versões que entendem estar na base da renúncia de Bento XVI.
Para os académicos, Bento XVI evitou viver uma velhice de muito sofrimento, como aconteceu com o Papá João Paulo II.
Por outro lado, acrescentam, a decisão para renúncia do papado terá resultado, também, das crises vividas dentro da Igreja, como a crise com o mundo Islâmico, Hebreu, da Ciência e até do vazamento de documentos, muitos dos quais mostrando uma Cúria dividida, corrupção e falta de transparência dentro do Banco do Vaticano.
Início da grande coincidência
Com a notícia da morte de João Paulo II, no dia 2 de Abril de 2005, os católicos acabavam de ficar então sem o seu líder espiritual.
Com isso, um novo Papa teria de ser eleito
No dia 18 de Abril de 2005, o conclave para eleger o novo Papa é convocado e 115 cardeais de todo o mundo são trancados dentro da Capela Sistina, situada dentro do Vaticano e famosa pela sua arquitetura inspirada no Templo de Salomão do Antigo Testamento.
Está sala é, igualmente, conhecida mundialmente por causa do extenso afresco de Michelangelo no seu teto, considerado um dos maiores tesouros da Santa Sé.
Voltando ao Conclave, de acordo com o documentário do História, dois nomes soavam mais alto entre os favoritos à sucessão de João Paulo II.
Por um lado estava o cardeal Joseph Aloisius Ratzinger, que viria a adoptar o nome de Bento XVI, e, por outro, estava o cardeal Carlos Maria Martini, considerado um dos mais progressistas da história da Igreja.
Este último não podia ser Papa porque sofria da doença de Parkinson, uma patologia degenerativa crónica do sistema nervoso central, que afecta principalmente a coordenação motora.
Com a eliminação automática de Martini, o olhar de um sector de cardeais centralizou-se sobre o cardeal argentino Jorge Mário Bergólio, o actual Papa Francisco.
As votações começaram
Bergólio conseguiu 40 votos, mas insuficiente para superar Ratzinger, que liderava a votação sem os 2/3 ou 2/3+1 para se sagrar Papa.
Este quadro forçou uma nova votação, mas, tal como relata o documentário, Bergólio decide renunciar, tendo solicitado aos cardeais que o votaram a passarem os votos para Ratzinger.
Com este gesto de Bergólio, Ratzinger obtém os votos necessários e sagra-se Papa.
Consta que a sombra da ditadura na Argentina pairava sobre Bergólio como um passado funesto.
Uma contemporânea dele, que falou neste documentário, afirmou que ele era um candidato elegível, mas a interferência de um dossier que dizia ter colaborado com a ditadura militar atrapalhou tudo.
Antes da realização do conclave, circularam, entre vários cardeais eleitores, documentos que comprometiam Bergólio no caso de sacerdotes jesuítas sequestrados e torturados durante a ditadura na Argentina. Estes documentos diziam que ele os tinha entregado.
Entretanto, avança o documentário, cinco anos depois, isto é, em 2010, o actual Papa é chamado para declarar como testemunha na causa dos sacerdotes.
Com a reabertura dos arquivos, novas testemunhas foram convocadas no caso e contaram novas histórias sobre Francisco e suas acções durante os anos escuros na Argentina.
Essas histórias, longe de o condenar, mostraram um pastor que, em muitas ocasiões, ajudou pessoas perseguidas a fugir do país para o exílio.
Com a imagem renovada, Bergólio passa a ter a estrada livre para voltar a concorrer ao cadeirão máximo do Vaticano.
Em meio às crises no Vaticano, Bento XVI decide renunciar ao papado.
Bergólio concorre ao novo conclave e é eleito Papa. Fez história ao ser o primeiro jesuíta a chegar ao cargo e escolheu Francisco como o seu novo nome, em homenagem a São Francisco de Assis, um santo católico conhecido pela sua simplicidade, pobreza e dedicação aos pobres.