
Os parceiros da Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial (IFC) e a Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos da América (DFC) reafirmaram, segunda-feira, em Washington, total disponibilidade em continuar com os financiamentos ao sector privado nas operações no Corredor do Lobito.
A garantia foi dada pela presidente da Comissão Executiva “CEO” do IFC, Samaila Zubairu na mesa-redonda que discutiu as oportunidades no Corredor do Lobito.
O encontro faz parte do programa de encontros que a missão angolana desenvolve nas Reuniões de Primavera, aberta ontem e que vão até sábado, na capital federal dos Estados Unidos da América.
De acordo com Samaila Zubairu, a IFC está a desembolsar 400 milhões de dólares como parte de um financiamento (que segundo o Governo ascende aos 4 mil milhões de dólares).
O foco está centralizado na criação de infra-estruturas e melhoria da mobilidade para ligar Angola até à Zâmbia e deste ponto interligarem-se outras rotas.
O CEO da IFC disse que nunca se colocou qualquer possibilidade de desistência de uma infra-estrutura que tem de necessariamente ser vista como crítica para o desenvolvimento de África e também do comércio mundial, para além de gerar desenvolvimento nas comunidades e com isso combater a pobreza no seio das famílias.
O “Council Africa”, uma reunião de investidores nos Estados Unidos focado no desenvolvimento africano, contou também com as presenças dos ministros das Finanças, Vera Daves de Sousa, e dos Transportes, Ricardo Viegas d´ Abreu.
Na sua intervenção, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa disse que o Governo angolano está comprometido em combinar as diferentes formas de financiamento às infra-estruturas sem com isso comprometer a estabilidade das Finanças Públicas e o endividamento.
Vera Daves de Sousa afirmou que para tal, se está a trabalhar na eficiência dos resultados e numa contínua melhor organização para que o país seja capaz de mobilizar recursos com vista à concretização de diferentes objectivos.
Na interacção e resposta às perguntas colocadas por investidores, Vera Daves de Sousa garantiu aos presentes que Angola está a levar a cabo reformas profundas, incluindo um amplo combate à corrupção a fim de não só para assegurar uma nova era, mas também para capitalizar todo o conjunto de interesse dos parceiros internacionais na participação do desenvolvimento do país.
Também presente na interacção com os investidores, o ministro dos Transportes, Ricardo d´Abreu considerou o Corredor do Lobito como infra-estrutura importante para o desenvolvimento de Angola e de toda a África em si.
O ministro dos Transportes indicou que os 400 milhões de dólares reafirmados pelo IFC são só parte de um conjunto de mais de 4 mil milhões de dólares que o Corredor do Lobito está a mobilizar dos parceiros internacionais.
Contudo e mais importante, disse, é anotar que todo este movimento tem como foco a capitalização do sector privado, ou seja, reiterou, são as empresas privadas que estão a ser financiadas para trabalharem em prol do Corredor do Lobito, para que “mais do que um corredor ferroviário de transportes, seja transformado num corredor de desenvolvimento económico”.
Aumentar os comboios
O ministro Ricardo d´ Abreu afirmou que, até 2027, o Governo pretende garantir que o Corredor do Lobito passe dos actuais um para seis comboios diários de carga transportada.
Segundo o governante, esta meta alcançável e para a qual se está a trabalhar com os parceiros/investidores deve garantir que o Corredor também chegue às 400 mil toneladas de carga transportada, ainda este ano.
“Temos hoje a oportunidade de abrir um novo capítulo, no sentido de que, além de falarmos de um corredor de infra-estrutura, estamos a falar de um corredor de desenvolvimento económico. Esse é o objectivo final de todo esse trabalho que temos feito, para que o impacto real dessas infra-estruturas, que são grandes, com investimentos reais, possa ser transmitido às nossas comunidades, à população e aos jovens, que buscam empregos e oportunidades para desenvolver as suas vidas”, disse.
Ricardo Viegas d` Abreu afirma ter orientado a sua intervenção na mesa-redonda com o “Council Africa”, contando um pouco da trajectória que nos trouxe o Corredor do Lobito até aqui, tanto do processo inicial da construção, à luz do que se definiu ao nível da Direcção Nacional de Transportes e Infra-estruturas Ambientais, visando maximizar todo um conjunto de infra-estruturas de suporte.
Ligação à Zâmbia
Um dado anunciado pelo ministro Ricardo d` Abreu é que os 800 quilómetros de corredor ferroviário para ligar Angola à Zâmbia podem ter início já em 2026.
Neste momento, afirmou, está-se a trabalhar na mobilização dos recursos por parte do IFC, para garantir até ao final deste ano a implementação deste projecto estruturante.
“Council Africa” interessado no desenvolvimento de África
O “Council Africa” é uma concentração de entidades sediadas nos Estados Unidos, interessadas no financiamento ao desenvolvimento de África.
Integram estas estruturas iniciativas como o IFC, responsável pela mobilização de financiamento para empresas do sector privado, e o DFC, cuja principal missão é garantir que os financiamentos mobilizados tenham o menor custo (taxa de juros) para o país beneficiado.
A IFC é a maior instituição de desenvolvimento global focada no sector privado nos mercados emergentes. Trabalha em mais de 100 países, pela utilização de capital, experiência e influência para criar mercados e oportunidades nos países em desenvolvimento.
No ano fiscal de 2024, dados adiantam que a IFC atribuiu um recorde de 56 mil milhões de dólares a empresas privadas e instituições financeiras em países em desenvolvimento, através da alavancagem de soluções do sector privado e mobilização de capital privado para criar um mundo livre de pobreza.
JA