
O novo Acordo sobre a Prevenção, Preparação e Resposta a Pandemias, a ser votado hoje, na 78ª Assembleia Mundial da OMS, em Genebra, Suíça, vai permitir reforçar a vigilância epidemiológica e garantir mais cooperação na capacidade diagnóstica e no acesso aos medicamentos.
A informação foi avançada, ontem, pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, em declaração aos jornalistas angolanos, após a sessão de abertura do mediático evento, em que intervém, hoje, o Presidente João Lourenço, na qualidade de líder da União Africana.
“Viemos muito ansiosos, porque teremos o ponto mais alto que é, de facto, a aprovação do Acordo Pandémico, que está a ser negociado há três anos. O despertar da necessidade desse instrumento foi a pandemia da Covid-19, em que praticamente cada país tinha sido deixado à sua sorte”, afirmou a ministra da Saúde.
A importância do Acordo, esclareceu Sílvia Lutucuta, consiste no facto de permitir a criação de sinergias para reforçar a vigilância epidemiológica, garantir mais cooperação na capacidade diagnóstica, no acesso aos medicamentos e aos serviços, assim como na melhoria dos recursos humanos.
“Vai permitir trabalharmos no âmbito de uma só saúde, saúde humana, saúde animal e, também, olhar para as questões ambientais, em que temos a multissectoralidade, e tem que ser um facto”, acrescentou.
Sílvia Lutucuta revelou, ainda, haver uma grande disposição criada por este Acordo, que proporciona a liberdade de os países tomarem medidas mediante a sua epidemiologia, a sua realidade e “não ficarem muito dependentes de opções ou medidas gerais tomadas pela OMS” de forma unilateral.
“Estamos muito ansiosos, acreditamos muito neste Acordo Pandémico e estaremos lá todos para votar”, assegurou, peremptória, a ministra da Saúde.
Relativamente à sessão de abertura, Sílvia Lutucuta destacou os dois momentos já cumpridos pela Assembleia Mundial da OMS, tendo sublinhado a eleição do director regional da OMS para a África, de quem assegurou que Angola espera contar muito com o seu desempenho e contributo.
“É um candidato muito forte, que contamos muito com ele, claro que sempre criando sinergias e dando todo o apoio. Que faça um trabalho excepcional no nosso continente, olhando para todos os desafios que temos”, desejou.
Intervenção do Presidente João Lourenço
Para a ministra da Saúde, a intervenção do Presidente da República e líder da União Africana, João Lourenço, hoje, no Palácio das Nações, em Genebra, anima bastante o país e o continente, enfatizando as responsabilidades assumidas pelo Chefe de Estado angolano em África.
“Não só Angola, mas todo o continente e todos os países da União Africana estão muito expectantes com a intervenção de Sua Excelência Presidente da República, que sempre foi um grande defensor das causas mais nobres, as causas sociais, em que a saúde não é excepção”, acentuou a ministra Sílvia Lutucuta.
Angola, de acordo ainda com a ministra, além da intervenção na Plenária, vai participar, também, activamente, nas várias temáticas dos Comités A e B.
Questionada sobre que soluções a presente Assembleia Mundial da OMS pode garantir para Angola, nesta fase em que enfrenta o surto de cólera, a titular da pasta da Saúde assegurou que o país não está sozinho nesta luta pela prevenção e cura da doença.
Sílvia Lutucuta lamentou o facto de, desde o início de Janeiro, o país estar a lutar contra o surto, realçando a abordagem multissectorial feita para o combate à cólera.
“Mas, dizer que, nesse combate, não estamos sozinhos, temos parceiros importantes internacionais, um dos quais a Organização Mundial da Saúde, que facilitou, para além do apoio técnico local e alguma mobilização de recursos humanos, especialistas em gestão de epidemias, que estão lá (em Angola), de comunicação de risco.
Também temos um apoio fundamental que foi a mobilização de vacinas”, revelou a ministra, para em seguida acrescentar que há uma escassez internacional de vacinas.
Graças ao apoio da OMS e da GAVI, explicou Sílvia Lutucuta, o país conseguiu adquirir algumas vacinas para a prevenção da cólera, mas alertou que o surto “tem que ser olhado como uma doença em que todos temos que participar activamente no seu combate”, com medidas de prevenção individual, protecção colectiva, sempre numa abordagem multissectorial. “É o que se está a fazer a todos os níveis”, destacou a ministra da Saúde.
Cinquenta países desenvolveram planos de redução de mortes por Covid-19
O director-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, afirmou ontem, em Genebra, Suíça, durante o discurso de abertura da 78ª Assembleia Mundial da organização, que um total de 50 países desenvolveram planos para reduzir a mortalidade por Covid-19 e prevenir o vírus.
O responsável etíope ao serviço da ONU revelou, ainda, que a pandemia da Covid-19 tem um aumento de casos mortais, sobretudo no Brasil, justificando o facto com as mudanças da gestão da pandemia por parte dos países, que acelerou rapidamente a progressão da doença.
“Os nossos 50 países já desenvolveram planos de aceleração para reduzir a mortalidade do vírus e prevenir o vírus. E no ano passado, a Tanzânia abriu 30 unidades de cuidados intensivos para as pessoas com a doença, enquanto o Paquistão, o Ghana e o Malawi estão, também, a registar progressos”, disse.
Sobre a saúde mental, Tedros Ghebreyesus disse que a OMS está a apoiar para expandir o acesso aos serviços em nove países, proporcionando saúde para mais de um milhão de utentes.
De igual modo, o director-geral da organização das Nações Unidas especializado em Saúde garantiu que foi assegurado medicamentos para 2,1 milhões de pessoas com doenças mentais severas em países em situação de conflito, incluindo Tchad, Sudão e Etiópia.
“Os pedidos de medicamentos para a saúde mental pararam quase completamente em alguns países, devido aos limites de financiamento e prioridades competentes, deixando pessoas com doenças severas sem apoio devido à crise”, lamentou.
Relativamente ao combate do HIV, o responsável da OMS disse que 77 por cento das pessoas que vivem com HIV no mundo estão a receber tratamento, acima de 69 por cento registado em 2020, sublinhando que 19 países alcançaram os 95 itens dos objectivos antes do tempo em 2025. Sobre as hepatites, Tedros Ghebreyesus referiu que, em 2024, a OMS registou 38 países focados com novos tratamentos simplificados e guias para a hepatite B.
JA