Site icon ESTADO NEWS

Angola assina contrato de USD 2 milhões com nova firma de lobby norte-americana BGR Group

O Governo de Angola firmou um contrato milionário com a influente firma norte-americana BGR Group (antiga Barbour, Griffith & Rogers), com sede em Washington, D.C., para a prestação de serviços de relações governamentais, assessoria estratégica e comunicação internacional. Pela parte angolana, o contrato foi assinado pelo secretário para os Assuntos Diplomáticos e Cooperação Internacional do Presidente da República de Angola, Victor Lima.

De acordo com os termos do acordo, Angola compromete-se a pagar USD 170 mil mensais pelos serviços da BGR Group durante um período de 12 meses, totalizando USD 2,04 milhões ao ano. Os pagamentos serão efectuados trimestralmente e de forma antecipada. A empresa poderá, ainda, ser reembolsada por despesas relacionadas com transporte, refeições e outros custos operacionais, desde que previamente autorizados.

Segundo apurou o Club-K, o contrato entrou em vigor a partir de 15 de Fevereiro de 2025 e envolve a actuação de uma equipa de especialistas liderada por Lester Munson, com o apoio de Maya Seiden, Scott Eisner e Jeff Birnbaum, todos nomes com experiência em política externa, relações públicas e negócios internacionais.

A carta de entendimento foi registada no Departamento de Justiça dos EUA no âmbito do FARA, em 16 de Maio de 2025, conforme exige a legislação americana para agentes que representam interesses de governos estrangeiros no território norte-americano.

Além de promover os interesses de Angola junto ao Governo dos Estados Unidos, o escopo de trabalho da BGR inclui consultoria sobre desenvolvimento económico subnacional nos EUA, relações públicas e aconselhamento estratégico para a atracção de investimentos.

 

A empresa compromete-se também a manter a confidencialidade sobre informações sensíveis do cliente e reconhece a possibilidade de renovação do contrato após o período inicial, mediante acordo entre ambas as partes.

A entrada da BGR Group levanta questões sobre o futuro do contrato com a Squire Patton Boggs, outra firma de lobby que tem trabalhado com Angola desde 2019. Até ao momento, não há informações públicas confirmando se o contrato com a Patton Boggs foi encerrado ou se ambas as empresas continuam a actuar simultaneamente.

O contrato inicial com a Squire Patton Boggs (SPB) foi de USD 4,1 milhões por ano, reduzido para USD 2,5 milhões anuais em 2020, devido à queda dos preços do petróleo e à necessidade de contenção de despesas.

 

A SPB tem trabalhado para fortalecer as relações diplomáticas entre Angola e os Estados Unidos. Um dos pontos altos dessa actuação foi a preparação e facilitação do encontro entre o Presidente João Lourenço e o Presidente Joe Biden, na Sala Oval, em Novembro de 2023. A SPB alertou que, sem esse encontro, as relações bilaterais podiam perder “tração” e destacou a “mudança fundamental na política externa de Angola”, que visa uma parceria mais estratégica com os EUA, em vez dos laços históricos com a China e a Rússia.

 

Durante a primeira visita de Lourenço a Washington, em 2021, a empresa organizou encontros com Nancy Pelosi, membros dos comités de relações exteriores do Congresso e o Conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan.

 

A consultoria também ajudou a viabilizar estudos para a extensão do Corredor do Lobito, um projecto ferroviário estratégico apoiado pelos EUA para conectar Angola à Zâmbia, promovendo o comércio regional.

 

A actuação da Squire Patton Boggs garantiu posições de destaque para autoridades angolanas em eventos como a Cimeira EUA-África, realizada em Washington.

Apesar desses avanços, a contratação da firma gerou controvérsias, especialmente pelo custo elevado do serviço, estimado em mais de 15 milhões de dólares desde 2019.

 

Club-K

Exit mobile version