
Em uma época em que pouco se sabia sobre saúde, metabolismo ou obesidade, surgiu um homem que não apenas desafiou todos os estereótipos… mas conquistou o respeito de uma nação inteira.
Redacção
Este é Daniel Lambert — considerado o homem mais pesado do século XVIII e início do XIX — cuja história vai muito além de números na balança.
Nascido em 1770, em Leicester, Inglaterra, Lambert não era apenas um colosso físico — era um colosso de caráter. Aos 18 anos, começou a trabalhar como guarda de prisão. E, apesar de sua imensa estatura, rapidamente ficou conhecido por algo ainda mais impressionante: sua capacidade de empatia e humanidade. Ele não usava seu tamanho para intimidar, mas sim para acolher. Era respeitado por prisioneiros e superiores, por sua habilidade única de conversar, ouvir e até mesmo ajudar na reabilitação dos detentos. Um verdadeiro mediador atrás das grades.
Mas Daniel não era um homem limitado pela sua aparência. Com mais de 300 kg, ele demonstrava uma agilidade surpreendente. Em uma ocasião lendária, caminhou 11 quilômetros de Woolwich até Londres — e chegou com menos cansaço do que vários homens comuns que o acompanhavam. Sua força também era lendária: ele conseguia erguer até 254 kg e se equilibrar sobre uma só perna. E se isso não fosse o bastante, certa vez, ao ver seu cão sendo atacado por um urso, nocauteou o animal com um único golpe. Sim, você leu certo: um soco em um urso.
Em 1805, com sua fama crescendo, Lambert teve uma ideia inovadora: decidiu se exibir publicamente — não por vaidade, mas como uma forma de sustento digno. Ele montou uma espécie de recepção na casa número 53 da famosa Piccadilly, em Londres. Por um xelim, o público podia conhecê-lo pessoalmente, e cerca de 400 visitantes compareciam todos os dias. Mas quem esperava um espetáculo de zombaria se enganava. Lambert recebia a todos com elegância, debatendo sobre esportes, criação de cães e cavalos com profundidade e inteligência. Era um verdadeiro cavalheiro inglês.
E fazia questão de manter o respeito. Exigia que todos tirassem o chapéu ao entrar, não por vaidade, mas por princípios. Certa vez, ao ver um visitante se recusar a fazê-lo, respondeu com firmeza e classe:
“Então, pelo céu, senhor, você deve sair desta sala imediatamente, pois não considero isso um sinal de respeito a mim mesmo, mas às senhoras e aos senhores que me honram com sua companhia.”
Lambert faleceu repentinamente em 1809, aos 39 anos. Seu corpo era tão grande que foi necessário um caixão especial e 20 homens para carregá-lo. Mas o que ele deixou para trás foi muito maior que seu peso: deixou um legado de respeito, coragem e humanidade.
Poucos lembram dele hoje. Mas talvez seja hora de recontarmos sua história.