5 de Junho, 2025

Circulam graves denúncias nos corredores da Cadeia de Viana, segundo as quais uma rede alegadamente ligada ao Juiz Presidente do Tribunal Supremo, Joel Leonardo, terá exercido influência para garantir a libertação de quatro altas funcionárias do Serviço de Migração e Estrangeiros (SME), detidas por envolvimento em esquemas de corrupção.

ESQUEMA DE SOLTURA NA JUSTIÇA ANGOLANA

As visadas são:

Teodorca Sampaio, ex-chefe do Departamento de Recursos Humanos do SME, detida em Janeiro de 2024 por alegada participação num esquema de recrutamento fraudulento de novos agentes;

Maria Emília Ladeira Pinto Cassule, directora dos Actos Migratórios, detida em Dezembro de 2024, acusada de associação criminosa, falsificação de documentos, recebimento indevido de vantagens e corrupção activa;

A chefe do posto de atendimento da Sonangol e a chefe do Centro de Emissão de Passaportes do SME, ambas detidas em Janeiro de 2025, por envolvimento num esquema de emissão fraudulenta de passaportes.

De acordo com fontes próximas da cadeia, alguém terá procurado inicialmente o juiz Fernando Bumba Kikulo em nome das detidas, alegadamente pagando 30 milhões de kwanzas com o intuito de garantir a sua soltura. No entanto, a tentativa fracassou, uma vez que o juiz Kikulo encontrava-se suspenso desde Outubro de 2024, por ter autorizado a libertação do cidadão libanês Mohamed Lakkis em troca de suborno. Lakkis é acusado do homicídio da cidadã Ana Bela Marques, de 34 anos, lançada de um edifício no Belas Business Park, em Luanda.

A denúncia sobre o alegado pagamento chegou ao gabinete do Presidente do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ), Joel Leonardo.

Fontes indicam que, após o insucesso com Kikulo, entrou em cena Carlos Salombongo, advogado e primo de Joel Leonardo, conhecido por actuar como seu assessor informal no CSMJ. Segundo relatos da Comarca de Viana, Salombongo foi visto pelo menos três vezes na cadeia, em contacto com as detidas.

Após a sua intervenção, o processo conheceu uma aceleração incomum, culminando com a emissão de mandados de soltura sem o conhecimento do Ministério Público e antes da chegada formal dos autos ao tribunal. A libertação das quatro funcionárias é aguardada para os próximos dias.

Fontes judiciais suspeitam que, se no primeiro contacto houve um suposto pagamento de 30 milhões de kwanzas, o valor agora poderá ser ainda mais elevado, dada a rapidez com que o processo avançou.Carlos Salombongo é frequentemente citado pela imprensa angolana como figura-chave de uma rede de tráfico de influência e manipulação judicial, estando envolvido em esquemas de sentenças fabricadas mediante pagamentos ou favores. Foi ainda apontado como peça central no litígio entre os empresários Bento Kangamba e Teresa Gerardin, onde, em troca de um contrato de êxito, o seu escritório teria garantido medidas judiciais favoráveis à cliente, incluindo a penhora de bens de Kangamba.
Fonte: Club-k.net

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