O Líder da União Africana, João Lourenço, e o Colégio de Bispos Metodistas Africanos abordaram, quinta-feira, em Luanda, questões relacionadas com o desenvolvimento do continente e a forma como esta denominação religiosa pode contribuir para o alcance desta meta.A apreciação sobre a situação económica e social, de segurança e espiritual, aconteceu no Palácio da Cidade Alta, num encontro de que fez parte, igualmente, o presidente da Conferência Anual do Oeste de Angola, bispo Gaspar João Domingos.
No fim da audiência, o presidente do Colégio de Bispos Africanos, Mande Ikimu Muyombo, disse que ao longo da conversa com o Chefe de Estado foi vista a necessidade da mudança da narrativa sobre as potencialidades do continente.
“Devemos falar de uma África rica, cujos recursos se devem reflectir na vida das pessoas. Aqui o nosso papel, enquanto líderes religiosos, é trabalhar na sensibilização e moralização dos cidadãos africanos, inculcar a paz e a segurança, porque só assim poderemos falar em desenvolvimento”, enfatizou.
À imprensa, Mande Ikimu Muyombo considerou bastante frutífero o encontro com o Chefe de Estado, na medida em que serviu, também, para receberem algumas directrizes e expressar apoio à sua liderança na União Africana. O Colégio de Bispos reconheceu os progressos que o país tem alcançado e o papel que Angola desempenha a nível do continente e que serve de exemplo para outros países.
Os líderes religiosos abordaram com o Presidente João Lourenço, além da vocação espiritual, questões relacionadas com a saúde, educação, agricultura, paz e segurança.
A Igreja defende que o casamento de orientação tradicional deve ser um dos valores basilares na união familiar, referiu o bispo Ikimu Muyombo.
Mais investimentos na educação e formação
Por seu turno, o presidente da Conferência Anual do Oeste de Angola, bispo Gaspar João Domingos, defendeu a necessidade de as igrejas investirem mais na educação e formação do povo africano, em geral.
Para o bispo metodista, o reforço na educação e formação contribui para “a mudança da visão que se tem de África como um continente triste e pobre, mas que na verdade detém muita riqueza”.
“Precisamos mudar. Por exemplo, o Chefe de Estado compartilhou a experiência de alguns países asiáticos que um dia experimentaram situações menos boas, e, graças à educação, hoje são totalmente diferentes”, realçou.
Em reacção ao encontro, o bispo Gaspar João Domingos disse: “Saímos daqui satisfeitos, e vamos, nos próximos encontros, voltar a reflectir em torno dessas situações, de tal forma que consigamos contribuir para o desenvolvimento do continente africano”.
O líder da Conferência Anual do Oeste de Angola considerou a oportunidade bastante positiva, tendo compartilhado que o Presidente João Lourenço demonstrou o seu conhecimento da realidade africana e da necessidade que se coloca aos bispos de que sem paz não há desenvolvimento.
Neste aspecto, referiu, a Igreja mantém a aposta na “formação do nosso povo, de tal forma que possamos mudar o paradigma em África”.
Migração e conflitos armados preocupam autoridades religiosas
Na ocasião, o bispo Gaspar João Domingos indicou, entre as preocupações da Igreja Metodista Unida, as questões relacionadas com a emigração da juventude e os conflitos armados, que vão surgindo em vários pontos do continente.
Diante das questões expostas, o bispo disse que a Igreja procura o melhor entendimento para, em conjunto com as autoridades, cooperar na busca de soluções, com base em experiências de outras realidades, para “sabermos de que forma devemos proceder”.
Mande Muyombo, congolês democrático, de nacionalidade, é o chefe do grupo dos 16 líderes religiosos,cuja congregação esteve reunida em Luanda desde o dia 1 de Setembro.
JA