
No âmbito da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente da República de Angola e líder em exercício da União Africana, João Lourenço, participou este domingo, 21 de Setembro , numa mesa redonda de alto nível entre a ONU e a União Africana, em Nova Iorque. O encontro reuniu chefes de Estado, dirigentes africanos e representantes do sector privado para debater o papel da iniciativa empresarial no futuro do continente.
Durante a sua intervenção, João Lourenço destacou que África deve ser encarada não apenas como um continente de potencial, mas já como uma realidade presente de oportunidades. Sublinhou que a Agenda 2063 da União Africana reflete essa visão, ao apostar na industrialização, na modernização das infraestruturas, na integração regional e no aumento do bem-estar social das populações.
O Chefe de Estado recordou que vários países africanos têm vindo a implementar reformas estruturais que reforçam a atratividade do continente, nomeadamente através da modernização administrativa, da boa governação, da diversificação económica e do fortalecimento da estabilidade macroeconómica.
Entre os pontos centrais da sua intervenção, Lourenço destacou a importância da Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA), que integra um mercado de 1,3 mil milhões de consumidores e um PIB superior a três biliões de dólares. Segundo o Presidente, este instrumento cria condições únicas para atrair investimentos, expandir negócios e consolidar cadeias de valor regionais.
“África deve ser vista como a nova fronteira da transformação produtiva, da inovação tecnológica e da competitividade global”, afirmou, reiterando que o sector privado desempenha um papel decisivo na criação de emprego, diversificação económica e modernização do continente”, ressaltou.
O estadista angolano defendeu ainda uma mudança de paradigma em relação ao modelo de investimentos, tradicionalmente focado em indústrias extrativas. Para Lourenço, é fundamental promover parcerias estratégicas que favoreçam a transformação produtiva, a agroindústria, a mineração com maior valor acrescentado e setores que gerem empregos qualificados e maior retenção de riqueza dentro do continente.
Ao abordar os mecanismos para acelerar esse processo, o Presidente realçou o papel das Parcerias Público-Privadas (PPP), capazes de alavancar projetos de energia, transportes, telecomunicações e água. Este modelo, afirmou, poderá aliviar a pressão sobre os orçamentos públicos e ao mesmo tempo garantir impactos duradouros no desenvolvimento económico e social.
No fecho da sua intervenção, João Lourenço deixou um convite direto aos investidores internacionais para olharem para África não apenas como fornecedora de matérias-primas, mas como parceira estratégica num processo de transformação económica e social com benefícios mútuos.
Durante a sua intervenção em Nova Iorque, o Presidente da República de Angola e líder em exercício da União Africana, João Lourenço, destacou o papel do sector privado no desenvolvimento sustentável de África, salientando que a cooperação internacional deve privilegiar investimentos que criem empregos e acelerem a industrialização do continente. O Chefe de Estado frisou ainda que o futuro de África depende da valorização do seu potencial humano e da utilização racional dos seus vastos recursos naturais.
E para o especialista em Relações Internacionais, Damarcio dos Santos, o pronunciamento de João Lourenço “foi contextual e oportuno”, tendo em conta os desafios enfrentados pelo continente. “O discurso enquadra-se na atual realidade africana, marcada por limitações económicas, mas também por uma experiência cada vez mais sólida que os países africanos têm vindo a construir de modo particular”, sublinhou.