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Madagáscar: Angola é pelo diálogo para a manutenção da ordem

Angola reiterou, segunda-feira, em Adis Abeba, Etiópia, o compromisso com os princípios da paz, da estabilidade e do respeito pela ordem constitucional, apontando o diálogo inclusivo e a reconciliação nacional como o caminho mais seguro para preservar a unidade do Madagáscar.

A posição foi manifestada pelo embaixador angolano na Etiópia e representante permanente junto da União Africana (UA) e UNECA, Miguel Bembe, na 1305.ª Reunião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, convocada de emergência para analisar a actual situação de crise política na República do Madagáscar.

 

Segundo uma nota da Embaixada na Etiópia, Miguel Bembe manifestou a “profunda preocupação de Angola face à grave emergência que se verifica, actualmente, no Madagáscar”, bem como a ruptura da ordem constitucional naquele país, através da consumação de um golpe de Estado.“Reiteramos que qualquer tentativa de tomada do poder pela força deve ser firmemente condenada e rejeitada, em conformidade com os princípios da União Africana e do direito internacional”, afirmou o diplomata angolano citado no documento.

 

O embaixador Miguel Bembe, que representa o país no Conselho de Paz e Segurança da União Africana, enfatizou que Angola considera indispensável reflectir, profundamente, sobre as causas que nas últimas semanas já anunciavam esta crise.Nesta conformidade, reiterou que a antecipação de crises deve estar no centro da acção da União Africana, quer ao nível regional, quer continental.

 

A situação actual no Madagáscar ilustra com precisão a relevância da Reunião do Conselho para a Paz e a Segurança (CPS) ao nível dos Chefes de Estado e de Governo, realizada em Nova Iorque, no passado dia 24 de Setembro, subordinada ao tema “Revigorar a prevenção e a resolução de conflitos em África”, refere o documento.Para Miguel Bembe, esta conjuntura confirma, mais uma vez, a necessidade de prosseguir e aprofundar este tipo de reflexão estratégica, incluindo a urgência absoluta de reformar a Arquitectura de Paz e Segurança Africana (APSA).

 

O diplomata afirmou ser imperativo que a União Africana, em coordenação com a SADC, assuma um papel de liderança no processo de resolução e acompanhamento da crise prevalecente mo Madagáscar, bem como evitar a proliferação de iniciativas para o efeito.Neste contexto, o embaixador de Angola enfatizou a necessidade de se promover uma concertação nacional inclusiva, o fomento do diálogo construtivo e pacífico entre todas as partes interessadas, prevenir qualquer escalada de tensão e estabelecer um plano consensual para uma saída pacífica e constitucional da crise.

 

Este processo, disse, deve prestar especial atenção às causas profundas que originaram a presente situação, assegurando que as soluções propostas sejam sustentáveis, legítimas e amplamente aceites pela sociedade.O responsável diplomático expressou, também, total “solidariedade de Angola para com o Governo e o povo irmão malgaxe, tendo em conta os desafios políticos de elevada complexidade que enfrentam”.

 

Início da crise no Madagáscar

A crise, que já fez mais de 20 vítimas mortais, segundo as Nações Unidas, começou em Setembro, após protestos em massa liderados por jovens da “Geração Z” e baptizados de movimento “Leo Délestage” (“Cansado de cortes de energia”).Os protestos foram impulsionados por problemas como cortes frequentes de água e electricidade, má gestão governamental e descontentamento com a corrupção generalizada.

 

A crise escalou quando a unidade de elite do exército, a CAPSAT, se aliou aos protestos no sábado e no domingo anunciou que tinha assumido o comando das Forças Armadas, uma competência dos Chefe de Estado.De acordo com a BBC, o Presidente eleito do país, Andry Rajoelina, fugiu ontem, após protestos em massa e uma rebelião militar.

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