A última cerimónia de distinções por ocasião dos 50 anos da Independência Nacional fica registada nos anais da História de Angola como um marco de unidade, reconciliação e esperança num futuro cada vez mais pacifico entre os angolanos.
O acto, presidido pelo Chefe de Estado, João Lourenço, distinguiu, na 8.ª cerimónia, personalidades individuais e colectivas que contribuíram, de forma directa e indirecta, para a Independência Nacional, paz e desenvolvimento do país, com destaque para os signatários do Acordo de Alvor.
Na classe Independência, o Chefe de Estado, que se fez sempre acompanhar da Primeira-Dama, Ana Dias Lourenço, condecorou António Agostinho Neto, Holden Roberto e Jonas Milheiro Savimbi, subscritores do Acordo de Alvor, assinado em Janeiro de 1975 com o Governo português.
As personalidades foram representadas na cerimónia de condecorações pelos respectivos filhos, mas no caso do primeiro Presidente do MPLA e de Angola, o acto de recepção foi feito pela viúva Maria Eugénia Neto.
Foram, igualmente, outorgados com a medalha na referida classe entidades estrangeiras que contribuíram para a Independência, acto assinalado por muita emoção, ovações e aplausos dos presentes, em sinal de respeito, concórdia e união.
Para muitos, o evento de ontem, à semelhança das anteriores, juntou no mesmo espaço o passado, o presente e a projecção do futuro que se pretende, sem distinções partidárias.
De referir que a cerimónia homenageou, em diferentes ocasiões, o género, a inocência da criança, a força e a resiliência da mulher e o fervor da proclamação da Independência Nacional, sendo que esta última representa o compromisso de uma geração com o futuro e a afirmação de uma Nação reconciliada consigo mesma e confiante rumo à prosperidade.
Honra à memória de Holden Roberto
A outorga da medalha em reconhecimento ao nacionalista e fundador da FNLA, Holden Roberto, foi entregue ao filho Carlitos Holden Roberto sob o testemunho de outros membros da família.
Em declarações à imprensa, depois da condecoração, Carlitos Roberto disse terem aguardado por este momento durante anos. “Não existe obra humana perfeita. Pensamos que com o tempo as coisas vão melhorar”, sublinhou.
Visivelmente satisfeito pelo reconhecimento, o antigo deputado disse que a memória do pai foi honrada, numa altura em que pensavam que não fosse mais possível.
O filho de um dos subscritores do Acordo de Alvor, actualmente, a residir em Paris, França, disse que a família está pronta para regressar ao país e contribuir para o seu desenvolvimento.
Filho de Jonas Savimbi destaca momento singular para o país
Jonas Malheiro Savimbi foi igualmente distinguido com a medalha na Classe Independência como um dos signatários do Acordo de Alvor, rubricado em 1975 no Algarve, Portugal.
Para o primogénito do antigo líder da UNITA, Julião Savimbi, trata-se de um momento ímpar para a família e o país. O representante, que se fez acompanhar de outros filhos de Jonas Savimbi, saudou a coragem política, o espírito patriótico e de reconciliação nacional do Presidente João Lourenço.
Em declarações à imprensa após a outorga, Julião Savimbi acrescentou que houve da parte do Chefe de Estado angolano “muita coerência”.
“Primeiro em 2019, quando nos foi entregue as ossadas do nosso pai, o que permitiu realizarmos um funeral condigno, e em 2024 quando foi legalizada a Fundação Dr. Jonas Savimbi, e hoje temos a outorga da medalha da Independência”, disse reconhecido.
Questionado sobre a classe em que o pai foi condecorado, Julião Savimbi limitou-se a dizer: “É um mérito, e que o mais importante para a família é a distinção. Vamos desfrutar do momento”.
O primogénito de Jonas Savimbi expressou o sentimento de honra em nome da família, apontando o momento como símbolo da Reconciliação Nacional.
Outra filha do fundador da UNITA, Jinga Savimbi, igualmente presente no evento, apontou a distinção como resultado dos “bons passos” rumo à reconciliação plena de Angola.