
A segunda edição do Business & Breakfast Saúde, realizada esta terça, 3 de Junho no Hotel Epic Sana, marcou um ponto de viragem no debate sobre o futuro da saúde privada em Angola.
Redacção
Decisores de hospitais, clínicas, laboratórios e reguladores defenderam a necessidade de romper com o modelo de negócio centrado no acto medico promovendo soluções digitais, integração de dados e novas práticas de gestão para garantir sustentabilidade e inclusão.
O sector, avaliado em milhares de milhões de kwanzas e vital para o crescimento económico, arrisca tornar-se irrelevante se não evoluir.
Segundo o Banco Mundial e a Organização Mundial de Saúde hoje, 36,5% de toda a despesa em saúde é paga directamente pelo utente. Em breve, este peso pode disparar para 65%. “Estamos a assistir a um colapso silencioso. Ou mudamos já, ou ficamos para trás”, resumiu Edgar Santos, da TIS, perante decisores de hospitais, seguradoras, clínicas e reguladores.
A tradicional facturação por volume de actos está a empurrar o sistema para um ciclo de custos sem fim, fragmentação de informação e exclusão de doentes crónicos. Segundo os mesmos organismos o Estado mantém a despesa pública abaixo de 2% do PIB.
Por sua vez as empresas cortam benefícios e aderem a apólices ‘low cost’, enquanto os hospitais e as clínicas enfrentam inflação, câmbio volátil e escassez de insumos. O resultado? Coberturas cada vez mais limitadas e plafonds rapidamente esgotados. Quase todas as apólices excluem doenças crónicas e tratamentos de alto custo.
“A combinação de plataformas em nuvem, prontuário eletrônico e interoperabilidade podem gerar economias operacionais significativas, frequentemente na faixa de até 25 %. No entanto, esses números variam conforme o nível de maturidade digital da instituição, o escopo do projeto e o grau de integração entre sistemas” reforçou Edgar dos Santos, consultor de negócios TIS.
O futuro passa pela remuneração baseada em valor e premiar resultados clínicos, não quantidade de procedimentos. Práticas de compras centralizadas, formação em telemedicina e análise preditiva respondem à escassez de recursos.
O sector pode, e deve, alinhar incentivos para reduzir desperdício, aumentar transparência e recuperar a confiança do investidor.
Com o mercado mundial da saúde digital a caminho dos 660 mil milhões de dólares até 2025, Angola, segundo a Roland Berger, a oportunidade de saltar etapas, com um quadro legal claro e seguro para investimento, interoperabilidade e protecção de dados.
O evento terminou com o compromisso de acelerar pilotos de interoperabilidade em duas redes clínicas, desenvolver indicadores de eficiência e preparar recomendações sectoriais já no terceiro trimestre.
Sobre a TIS
Fundada em 2013 e com sede em Luanda, a TIS posiciona-se como uma empresa líder em consultoria de negócios e tecnologia, dedicada a oferecer inovações tecnológicas no mercado nacional e internacional. Compromete-se com a modernização tecnológica empresarial, transformação organizacional e inovação sustentável, desenvolvendo respostas personalizadas às necessidades de cada cliente, da sociedade e do mercado. Promove um crescimento inclusivo e responsável, priorizando a transparência, integridade e responsabilidade em todas as suas actividades.