21 de Junho, 2025

 

Por: Agostinho  Sicato

Os últimos acontecimentos de intolerância política do Município da Galanga, Província do Wambu, preocupam. Mostram na necessidade de se trabalhar muito para a cultura de paz tolerância e reconciliação os partidos políticos que têm de dar sinal de boa convivência entre si através de actos simbólicos, ainda que simples, mas que mostrem aos seus militantes e a sociedade que pensar diferente não significa inimizade.

A sociedade tem de despertar e perceber que o país perdeu muito tempo com a guerra cujos únicos vendedores foram os “Senhores da Guerra”, donos e comerciantes de armas a quem a FNLA, o MPLA e a UNITA consideravam parceiros quando lutavam para se matarem entre irmãos. Eles “Senhores da guerra”, nada mais eram do que responsáveis pela destruição de uma cultura de paz milenar presente em todas as culturas dos povos de Angola. Eram os mesmos que de dia vinham com a bandeira da paz apresentando-se como aqueles que querem mediar o conflito mas de noite negociavam com as partes em conflito a venda de armamento.

Todas as tentativas de acordos de Paz visavam a cessação das hostilidades militares. Terminado o conflito as mentes continuaram amarguradas por isso há necessidade de criar condições para uma reconciliação nacional com sinais claros de aceitação mutua sem nunca utilizar a guerra com arma de competição política. O país atrasou por 27 anos por falta de entendimento dos políticos e o povo está a pagar uma factura cara.

O discurso segundo o qual os partidos políticos não são bem-vindos nas zonas onde cometeram atrocidades alimenta ainda mais o e o desejo vingança, alimenta ainda mais o ódio entre os irmãos angolanos já agastados por terem assistido uma guerra imposta por interesses que lhes são alheios.

Os políticos devem entender de uma vez por todas que povo não se odeia, pode haver divergências de visões sobre o mesmo país ou de pontos de vista diferentes sobre uma certo assunto mas vivem em comunhão. Um dos exemplos é a forma como ultrapassaram a divergência religiosa. Hoje é possível encontrar pessoas da mesma família ou da mesma casa a professarem denominações religiosas diferentes ou a pertencerem em clubes desportivos diferentes sem conflitos.

Então não é possível que o mesmo indivíduo que aceita que seu parente ou amigo seja de um clube desportivo diferente ou de uma denominação religiosa diferente não aceite que este seja de um partido político diferente.

Percebe-se que o povo tem sido instrumento de manipulação de políticos que alimentam nele ódio. O povo confia e acredita demais nos políticos por vezes até de forma cega, daí que segue tudo imitando até o tamanho do ódio que estes mostram uns pelos outros.

No caso concreto da UNITA e do MPLA, para terminar com a intolerância política entre seus militantes, primeiro devem-se reconhecer que há ainda feridas abertas cuja cura não depende apenas do passar do tempo, exige acções concretas. É preciso as suas estruturas agirem com exemplos mostrando que é possível conviver na diferença.

Se o Governador de uma Província ou o Administrador de um Município que é ao mesmo tempo 1º Secretário do MPLA convidar o Secretário da UNITA naquela circunscrição e vice-versa para uma visita às comunidades e falarem para o povo numa demonstração de união na diversidade, os militantes seguirão exemplo.

Se um partido destacar o casamento de um militante seu com uma militante de outro partido político mostrando que pertencer a um partidos não condiciona a vida social, os militantes e a sociedade vai encarar de forma normal membros da mesma família pertencerem a partidos diferentes e respeitarem as opções de escolha dos outros.

Se as estruturas máximas dos partidos orientarem por documento a necessidade de seus militantes conviverem com militantes de outros partidos e haver punição severa para quem profere insultos a outrem por pensar diferente, estes irão apresentar um comportamento de boa convivência.

Se os partidos aceitarem o jogo da democracia respeitando internamente quem pensa diferente, a sociedade seguirá o exemplo.

Há espaço para todos viverem em harmonia, basta aceitar que o que me torna eu é o facto do outro ser diferente de mim e pensar diferente ou ter opções diferentes das minhas. Angola precisa de paz porém precisa de partidos maduros sérios que conseguem interpretar cada contexto.

Meu apelo aos políticos é o seguinte: Criem canais de diálogo em todos os níveis com os vosso adversários direitos, não sede alérgicos à críticas pois elas despertam, permitam pensamento diferente no vosso seio e falem de paz e convivência mutua nos vossos

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