A nível da população de Angola, dos cerca de 30 milhões de habitantes, 52% são mulheres e dessas, 37% estão no meio rural. Oitenta por cento da produção agrícola é assegurada por mulheres, não apenas pelas estatísticas, mas pelo que nos é dado a ver. Quando vamos ao campo, vemos mais mulheres a trabalhar. Então, toda a atenção deve ser dada a essas mulheres, para que produzam”, disse Santa Ernesto, directora nacional para as Políticas Familiares, Igualdade e Equidade do Género, em entrevista recente à Angop.
Os números falam por si e a realidade, como disse a alta funcionária do Estado, “não apenas pelas estatísticas, mas pelo que nos é dado a ver”, permitem tirar as melhores ilações sobre o papel das mulheres no referido meio. Importa que as políticas públicas sejam consentâneas com a realidade e os desafios que as mulheres enfrentam no mundo rural, numa altura em que o desafio passa por incrementar a produção para melhor garantir a segurança alimentar.
Há um grande esforço da parte do Executivo para promover e fortalecer o papel das mulheres na sociedade angolana, preocupação decorrente da 4ª Conferência de Beijing Sobre a Mulher Rural, em que os países foram orientados a prestar maior atenção à situação social e económica da mulher no meio rural. A formação da mulher no mundo rural reveste-se de suma importância pelo facto de as mesmas passarem mais tempo com os menores e quanto melhor preparadas intelectualmente estiverem, maiores serão os ganhos para filhos.
Uma das prioridades que o Estado angolano teve e continua a ter, relativamente ao processo de fortalecimento do papel das mulheres, é precisamente a erradicação do analfabetismo no seio das pessoas do sexo feminino. Embora persistam enormes desafios, na sociedade angolana., não podemos deixar de reconhecer que, de uma maneira, foram feitos muitos progressos na caminhada que a mulher faz, ao lado dos homens, para a sua emancipação. Temos uma cobertura escolar que, felizmente, abarca milhares de mulheres, desde a mais tenra idade, uma realidade que honra a sociedade sobretudo quando as mulheres não se fazem de rogadas para aderirem ao ensino, quando instadas a participar e para assumirem papéis de responsabilidades.
Nu mundo rural, onde as atenções devem estar viradas com maior enfoque, acreditamos que se formos bem sucedidos a implementar as recomendações e sugestões saídas da 4ª Conferência de Beijing Sobre a Mulher Rural, ao nosso nível, mais ganhos para toda a sociedade teremos.
Esperemos que o Estado e os parceiros sejam bem sucedidos na criação de condições para que o mundo rural não continue a conhecer a “desertificação humana” que vive e que as pessoas que lá residem, sobretudo as mulheres que se encontram em maioria, tenham meios para lá desenvolver as suas actividades. Aligeirar as assimetrias regionais, com incidência para o mundo rural, pode ser feito contando com as mulheres que produzem e contribuem para o crescimento da economia local
Fonte: JA