A província de Malanje pode voltar, em breve, a ser um grande celeiro na produção de arroz no país, afirmou, sexta-feira, no município do Luquembo, o secretário de Estado da Agricultura e Pecuária.
João Bartolomeu da Cunha, que testemunhou o início da campanha da época de colheita do arroz, assegurou que Angola possui condições para se tornar auto-suficiente na produção de arroz e pensar mesmo na exportação deste cereal.
“Apelamos que venham mais empresas para que estes esforços sejam de maior alcance e que em curto prazo o país seja excedentário na produção de arroz e quiçá começar a exportar este cereal”, disse.
De acordo com João Bartolomeu da Cunha, é possível a concretização deste sonho, porque existem pessoas, solos e água, condições que permitem alcançar estas previsões em médio prazo.
Produção e emprego
O município de Luquembo, a 275 quilómetros da sede da província de Malanje, deu início, sexta-feira, à campanha da colheita de 4 toneladas (4.000 quilogramas) de arroz, numa área trabalhada estimada em 600 hectares.
Ao acto, esteve também a testemunhar o secretário de Estado da Economia, Ivan Marques dos Santos e o vice-governador da província, em representação do governador Marcos Nhunga.
O secretário de Estado da Economia, Ivan Marques dos Santos, garantiu que o Governo vai continuar a apoiar as iniciativas do sector privado com vista a proporcionar o bem-estar dos angolanos.
“A intenção desta grande fazenda é empregar pelo menos mil angolanos e nós vamos apoiar, principalmente as comunidades locais, pois a iniciativa dá emprego à juventude do Luquembo e ficamos felizes, porque conseguimos notar que a maior parte da mão-de- obra é angolana”, disse.
Para o governante, o Executivo está comprometido em incentivar, cada vez mais, outras empresas com este modelo de actuação e de empreendedorismo, fomentando a mão-de-obra angolana.
Esta colheita resulta de um projecto, iniciativa da empresa “Marsiris”, alinhado às políticas do Executivo angolano de promoção da produção interna e estima, dentro de três anos, aumentar os campos de cultivo do cereal para 10 mil hectares, de acordo com a sócia-gerente da Marsiris.
Sónia Morais explicou que foram necessários sete meses para a empresa apresentar os frutos das sementes lançadas aos campos de cultivo.
Na ocasião, o vice-governador da província de Malanje para o Sector Político, Social e Económico, Domingos Eduardo, disse que com iniciativas desta natureza é possível o país reduzir de forma significativa as importações de bens diversos e, desta forma, também diminuir a excessiva dependência ao petróleo.
País importa 15 mil toneladas
Angola importa, em média, 15 mil toneladas/mês de arroz para o consumo, numa despesa de cerca de 26 milhões de dólares.
Por exemplo, estima-se que entre 2017 e 2021, a importação do arroz saiu de 37 420 toneladas para 488 722 toneladas, somando gastos de 263,4 milhões de dólares, embora, nesse mesmo período, a produção interna tenha subido 12 por cento.
Este é de resto uma das razões para a aposta do Executivo no Plano Nacional de Fomento da Produção de Grãos – PLANAGRÃO, estratégia em que estão garantidos financiamentos de 2,8 biliões de kwanzas no período 2023-2027.
As províncias do Bié, Cuando Cubango, Malanje e mesmo as do Leste (Moxico, Lundas Norte e Sul) apresentam-se como potenciais centros do relançamento da cultura do arroz.
Em 2022, a importação de alimentos custou ao país 2,8 mil milhões de dólares. Admite-se que o arroz, a par da farinha de trigo, açúcar, óleo de palma e alimentar, e mesmo a coxa de frango sejam dos produtos mais comprados lá fora.
JA