Washington – O Presidente norte-americano, Joe Biden, prometeu sexta-feira avançar com um novo plano de alívio de empréstimos estudantis para milhões de requerentes, enquanto culpou a “hipocrisia” Republicana por desencadear a decisão do Supremo que rejeitou a medida inicial.
“Este novo caminho vai demorar mais, mas, na minha opinião, é o melhor caminho que resta”, declarou o Presidente numa conferência de imprensa na Casa Branca ao lado do secretário de Educação, Miguel Cardona.
Biden explicou que o seu governo usará a Lei do Ensino Superior para cancelar e reduzir a dívida “sob certas circunstâncias” para “o maior número possível de devedores e o mais rápido possível”.
Será também lançado um novo plano de pagamentos com base nos rendimentos, que reduzirá o valor que cada pessoa deve pagar mensalmente e que vai economizar cerca de mil dólares (915 euros no câmbio actual) por ano à maioria dos devedores.
Da mesma forma, durante o próximo ano, os devedores financeiramente vulneráveis que não possam efectuar os pagamentos não serão considerados inadimplentes, o que na prática equivalerá a uma nova moratória semelhante à aprovada durante a pandemia de covid-19.
“A decisão de hoje (sexta-feira) fecha um caminho, mas vamos encontrar outro. Nunca vou parar de lutar por vocês. Usaremos todas as ferramentas que temos para aliviar a dívida estudantil que vocês precisam para alcançar os vossos sonhos”, disse Biden dirigindo-se aos estudantes.
Horas após a decisão do Supremo Tribunal – cuja maioria conservadora rejeitou o plano de Biden de cancelar as dívidas estudantis de milhões de universitários -, o Presidente tentou permanecer na ofensiva política, mesmo quando a decisão minou uma promessa importante feita aos jovens eleitores, que serão vitais para a sua campanha de reeleição em 2024.
Biden fez a maioria dos seus comentários num tom comedido, mas, no final, acabou por levantar o tom de voz quando um jornalista perguntou se havia dado falsas esperanças aos estudantes. “Eu não dei falsas esperanças,” disse de forma mais exaltada.
“Os Republicanos tiraram a esperança que lhes foi dada”, acrescentou.
Apontando para milhares de milhões de dólares concedidos em benefícios para os ricos sob o Governo de Donald Trump, Biden afirmou: “Esses funcionários Republicanos simplesmente não suportavam a ideia de fornecer alívio à classe trabalhadora e aos norte-americanos de classe média”.
Altos funcionários do Governo indicaram que se reuniram durante semanas para discutir a já esperada reversão do plano original de Biden pelo Supremo Tribunal.
Colocando as consequências eleitorais de parte, Democratas progressistas no Congresso e activistas clamaram para que a Casa Branca oferecesse uma resposta rápida e substancial à decisão do tribunal.
O Partido Republicano há muito que se posiciona contra o perdão de empréstimos estudantis, avaliando tratar-se de uma questão de justiça, tendo comemorado a decisão do Supremo.
Betsy DeVos, que actuou como secretária de Educação do Governo de Trump, chamou o plano original de Biden de “profundamente injusto para a maioria dos norte-americanos que não tem empréstimos estudantis”.
Os Republicanos que procuram a indicação do seu partido para concorrer às presidenciais de 2024 fizeram fila para aplaudir a decisão, como o ex-vice-presidente Mike Pence, que manifestou “satisfação porque o tribunal derrubou o esforço da esquerda radical, de usar o dinheiro dos contribuintes que seguiram as regras e pagaram as suas dívidas, para cancelar a dívida de banqueiros e advogados de Nova Iorque, São Francisco e Washington”.
Os esforços da Casa Branca para bloquear os pagamentos foram uma tentativa de manter uma promessa de campanha de Biden em 2020, que prometeu acabar com a dívida de empréstimos estudantis, um tema especialmente popular entre os eleitores jovens e progressistas.
Esse eleitorado será vital para a corrida presidencial de Biden do próximo ano – mas pode estar menos energizado em apoiar o Democrata após a decisão do Supremo.