A instalação de serviços de internet em mais de 150 localidades recônditas (comunas e municípios) do país, bem como nas instituições públicas e privadas constitui um dos principais benefícios gerados pelo ANGOSAT-2, lançado a 12 de Outubro de 2022.
De concreto, a disponibilização de internet nessas localidades, anteriormente chamadas “zonas cinzentas”, resulta da instalação de mais de 150 terminais “Very Small Aperture Terminal (VSAT)” – pequenas antenas provedoras de serviços de telecomunicações – que estão conectadas por meio do Satélite Angolano, numa acção da classe empresarial deste sector.
Os respectivos terminais foram instalados em 16 das 18 províncias do país, onde já é possível ter acesso aos serviços de internet, reduzindo, cada vez mais, a assimetria digital, além de promover a inclusão tecnológica para os cidadãos.
“Um ano depois do lançamento do ANGOSAT-2, podemos sentir-se orgulhosos e satisfeitos pela performance desta infra-estrutura espacial, que já permitiu aos operadores de telecomunicações instalarem terminais VSAT, em mais de 150 zonas recônditas do país”, destaca o titular da pasta deste sector.
Na mesma senda, em um ano, o satélite angolano também já permitiu a criação do projecto “Conecta Angola”, uma ferramenta tecnológica lançada, em Junho último, pelo Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN).
Essa plataforma, enquadrada no Programa Espacial Nacional, tal como o projecto ANGOSAT-2, também tem como objectivo a expansão dos serviços de telecomunicações nas zonas ainda consideradas cinzentas ou sem internet.
Com isso, o Conecta Angola permite a disponibilização de internet aos cidadãos, em geral, assim como contribui para a concretização do processo da digitalização da administração pública no país, segundo o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, Mário Oliveira.
Entre outras valências, essa ferramenta poderá, igualmente, apoiar o sector da construção civil, por exemplo, facilitando a interacção entre o empreiteiro ou especialista encarregue da obra com os demais intervenientes de uma determinada empreitada, enviando dados em tempo real, independentemente da localidade onde estiver.
Para além de Luanda, o Conecta Angola também já está instalada em duas comunas do país, designadamente Belo Horizonte, município do Cunhinga, província Bié, em Junho, e Canzar (Cambulo, Lunda Norte), no dia 9 deste mês, com previsões de ser expandido para todas as províncias de Angola, com destaque para Lunda Sul, Moxico e Cuando Cubango, nos próximos meses.
A propósito desse feito histórico, o administrador comunal de Canzar, António Cabuango, destacou que a chegada do Conecta Angola na sua localidade representa uma mais-valia para os munícipes, fundamentalmente para os alunos, que vão socorrer-se desta ferramenta para os seus estudos.
Adicionalmente, além de beneficiar a comuna de Canzar, que até ao momento não tem rede de telefonia móvel, o administrador referiu que os serviços de internet servirão, igualmente, para apoiar o Sistema Integrado de Gestão Financeira do Estado (SIGFE), a nível do município.
A expansão dos serviços de internet nas zonas remotas do país serve, também, para reduzir a exclusão digital e promover o desenvolvimento sócio-económico, bem como abre oportunidades para às Pequenas, Médias Empresas (PME) e staturp criarem soluções de negócio no mercado espacial.
Contributo do ANGOSAT-2 na indústria extractiva
A par das soluções tecnológicas referidas, o Satélite Angolano também oferece um conjunto de serviços para as empresas mineiras, petrolíferas, agrícolas, entre outros segmentos da economia nacional.
Entre as plataformas tecnológicas que já beneficiam dos serviços do ANGOSAT-2, o destaque recai para a “Tech-Minas”, “TECH-Gest”, “TECH-Agro” e “TECH-Ecologia”, que socorrem-se às imagens deste Satélite para apoiar a monitorização das suas actividades.
A Tech-Minas, que consta do Top 100 dos melhores projectos do mundo da inteligência artificial, estando alinhado com os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), permite, entre outros, localizar minerais com precisão, gerar alertas e monitorar a actividade das indústrias, segundo o técnico do Departamento de Estudos de Mercado do GGPEN, Hugo do Nascimento.
Enquanto isso, a Tech-Agro está disponível para o monitoramento e mapeamento das áreas de cultivo, identificação automática do tipo de cultivo e estimativa da produtividade da colheita.
Na mesma senda, a Tech-Ecologia serve para o monitoramento de derrames de petróleo, combate à desertificação e restauração de áreas degradadas, enquanto a TECH-Minas permite localizar minerais com precisão, gerar alertas, monitorar a actividade das indústrias, entre outras funções.
Diante da disponibilidade dessas soluções tecnológicas no mercado nacional, fica provado, mais uma vez, que o ANGOSAT-2 se encontra em fase comercial e está a ser utilizado para a prestação de serviços de telecomunicações aos operadores nacionais, de acordo com o ministro Mário Oliveira.
“A criação das respectivas plataformas é uma das amostras mais evidentes que o ANGOSAT-2 está ao serviço da nação angolana e das empresas que operam em Angola. Temos um conjunto de operadores nacionais que já prestam serviços de comunicação por via do Satélite Angolano, que está a funcionar com toda normalidade como qualquer satélite que opera no mundo”, assegurou.
Por isso, continuou, apela-se às demais empresas a explorarem ao máximo as valências da infra-estrutura espacial, que também permite o desenvolvimento das staturp no país.
Lançado a 12 de Outubro de 2022, na Rússia, o ANGOSAT-2 é um projecto do Governo angolano que faz parte do Programa Espacial Nacional, com o objectivo de diminuir a exclusão digital em Angola e no continente africano, permitindo expandir serviços de telecomunicações às zonas mais recônditas a preços competitivos.
O satélite comporta uma série de serviços, cobrindo o continente africano, com maior ênfase para a região Sul e parte significativa do Sul da Europa.
A sua capacidade de transmissão é de sete vezes maior do que o primeiro Satélite Angolano (ANGOSAT-1), possuindo seis “transponders” na Banda C, 24 na Banda KU e, como novidade, um retransmissor na Banda KA, contra 16 “transponders” (retransmissores) na Banda C e seis na Banda KU do aparelho anterior, lançado sem sucesso, em 2017, a partir do cosmódromo de Baikonur, Rússia.
Sendo um satélite de Alta Taxa de Transmissão (HTS), disponibiliza 13 gigabytes em cada região iluminada (zonas de alcance do sinal do satélite), baseando-se na plataforma Eurostar-3000, com aproximadamente 15 anos de vida útil.
O ANGOSAT-2 começou a ser construído a 28 de Abril de 2018, nas instalações da Airbus, em França, onde foi instalada toda a carga útil do satélite, componente que permite o seu funcionamento.