O político e jurista Marcolino Moco diz que gostaria de acreditar que João Lourenço não vai concorrer a um terceiro mandato, mas afirma que os “sinais” apresentados pelo Presidente da República indicam que não vai deixar o poder.
“Os sinais não indicam que ele vai deixar, mas eu gostaria de acreditar”, sublinhou em entrevista à Rádio Essencial, acrescentando que João Lourenço “não é claro nas respostas quando lhe é colocada a questão”.
Alerta, por isso, para os golpes de Estado que têm ocorrido em países africanos movidos pelas “alterações na constituição para terceiros e quartos mandatos”.
Marcolino Moco é peremptório em afirmar que “quem, está no poder não está preparado para deixar o lugar à disposição” por acreditar que, “quando se perde o poder, perde-se tudo”. Por isso, defende um pacto entre os partidos, que coloque fim ao que chama de “medo” que toma conta de quem tem o poder em mãos. “O pacto é para quem está no poder não ter medo, não pensar que vai sofrer represálias se sair”, explica.
A manutenção do poder é, de acordo com Marcolino Moco, uma caracteristica do MPLA, que – pretende, a todo custo, seguir na dianteira do destino do pais e, por isso, controla a Comissão Nacional Eleitoral, os tribunais, os serviços secretos e a comunicação social.
Entende, por outro lado, que a CIVICOP é apenas “diversionismo” para que as pessoas se ” esqueçam dos problemas que afectam o país, tal como foi o CAN que Angola organizou em 2010.
Questionado sobre o pedido de destituição de João Lourenço interposto pela UNITA, o também docente universitário considera que “o Grupo Parlamentar da Unita está a fazer um papel ingênuo e sabe que o processo não vai avançar, porque não há independência do poder judicial”..
Apesar de ter sido dirigente do MPLA “a todos os níveis”, Marcolino Moco diz ser vítima de represálias do partido e cita a exoneração do cargo de administrador não executivo da Sonangol, em 2021, e o facto de não ser professor na Faculdade de Direito da Universidade Agostinho Neto como exemplos.
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O antigo secretário executivo da CPLP afasta qualquer possibilidade de se juntar à Unita, argumentando que já não tem tempo. “Tenho 70 anos. Já fui dirigente do MPLA a todos os níveis. Eu já não entraria em nenhum partido. Se fosse possível criar um novo partido, talvez, refere.
Em relação às últimas declarações do presidente do MPLA, segundo as quais “a realização das autarquias deve ser cobrada à Assembleia Nacional”, Marcolino Moco aconselha João Lourenço a deixar de pensar “que toda gente está a dormir” e, nas entrelinhas, sugere que aprenda com o exemplo do antigo presidente José Eduardo dos Santos que “era mais cuidadoso, mais discreto”.
Impopularidade de João Lourenço Irremediável
A animosidade contra João Lourenço espontaneamente manifestada em largos estratos da população urbana, Luanda em especial, atingiu já uma intensidade e ou virulência a que outros sectores da sociedade deixaram de ser indiferentes – incluindo a própria “nomenklatura” do MPLA.
Considera-se que a impopularidade que João Lourenço atingiu e suas perspectivas de empolamento, comprometeram definitivamente aspirações que até há pouco lhe eram atribuídas de se manter no poder após a conclusão do seu actual mandato – o que implicaria uma mudança constitucional. Valor Económico/AM
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