Dos 2 milhões de veículos nas estradas, apenas cerca de 366 000 estão seguros. A ASAN relança luz sobre a necessidade urgente de cobertura do seguro automóvel e da utilização generalizada da Declaração Amigável de Acidente Automóvel (DAAA).
A redacção
Numa entrevista colectiva esclarecedora, José Araújo e João Sena, representantes da ASAN – Associação de Seguradoras de Angola, partilharam dados importantes sobre o estado do seguro automóvel e a segurança rodoviária. Com o foco no seguro automóvel e na Declaração Amigável de Acidente Automóvel, a discussão lança luz sobre questões cruciais que afectam a sociedade e a indústria do seguro automóvel em Angola.
A entrevista colectiva sublinhou a necessidade urgente de uma maior sensibilização e de medidas pró-activas para aumentar a segurança rodoviária e financeira, revelando estatísticas alarmantes de acidentes rodoviários com consequências graves, chamando a atenção da população para a importância do seguro e para as vantagens da utilização da Declaração Amigável de Acidente Automóvel.
Os dois especialistas da ASAN destacaram a subutilização crítica do seguro automóvel em Angola. Com uma taxa de penetração de apenas 18%, num mercado estimado em mais de dois milhões de veículos, a grande maioria dos automobilistas circula sem seguro, representando riscos significativos para a propriedade e para a segurança pessoal dos utentes das vias rodoviárias. Este valor é alarmantemente baixo, especialmente quando comparado com o número crescente de acidentes rodoviários, a sua gravidade e o custo financeiro e emocional que estes causam aos indivíduos e às famílias.
“De acordo com os dados que constam do Relatório sobre Sinistralidade Rodoviária referente a 2023, apresentado em Janeiro durante a I Sessão Ordinária do Conselho Nacional de Viação e Ordenamento do Trânsito (CNVOT) foram registados pelas autoridades policiais 14 429 acidentes rodoviários, que resultaram em 3 121 mortos e 17 902 feridos. A sinistralidade rodoviária continua a ser a segunda causa de morte em Angola. Estes números representam vidas, sonhos e futuros alterados irrevogavelmente. No entanto, no meio desta crise, a esmagadora maioria dos automobilistas continua a circular sem seguro obrigatório, o que deixa todos os utentes das vias de circulação terrestre vulneráveis às repercussões físicas e financeiras destas tragédias.” Sublinha João Sena.
Esta situação mostra a falta de compreensão do papel do seguro. Além de uma formalidade legal é um pilar fundamental da segurança rodoviária e da segurança financeira. O seguro salvaguarda o segurado e também todos os utentes da estrada, oferecendo protecção contra os perigos imprevisíveis e muitas vezes inevitáveis da estrada.
João Sena sublinhou também “a importância do envolvimento proactivo e da educação na promoção de uma cultura de seguros, para desmistificar os seguros, tornando-os acessíveis, compreensíveis e, em última análise, indispensáveis para todos os condutores angolanos”.
Os desafios são muitos, desde o combate à não utilização do seguro até à garantia de um processo rápido e justo dos sinistros. No entanto, “o caminho a seguir é claro: com esforços consertados de sensibilização, educação, a aplicação da lei, podemos e devemos transformar o panorama do seguro automóvel em Angola.” Refere João Sena.
“O caminho para a adopção generalizada do seguro automóvel passa pela consciencialização dos automobilistas das suas vantagens, mas também pela utilização da Declaração Amigável de Seguro Automóvel e pela melhoria constante das práticas das seguradoras. À medida que procuramos soluções, a eficácia dos nossos esforços colectivos para enfrentar estes desafios vai determinar o futuro do seguro automóvel na nossa comunidade e a segurança dos automobilistas, que, sem um seguro, não têm qualquer tipo de protecção”, sublinha José Correia de Araújo, Director Executivo da ASAN.