Outubro 18, 2024

Com três unidades especializadas na produção de tecidos, a oportunidade do sector têxtil angolano reside, agora, na indústria de retrosaria, dedicada ao fabrico de botões, fechos, linhas, malhas, alfinetes, elásticos e outros acessórios, que absorvem 15 milhões de dólares por ano em importações.

As declaraçõessão do ministro da Indústria e Comércio, Rui Miguêns, numa reunião, ontem, em Luanda, com operadores do sector Têxtil, que juntou produtores e vendedores da área de confecções para definir formas de viabilização dos negócios e reduzir os gastos com a importação.

“O país já produz tecido, mas, para termos a cadeia  de valor completa, precisamos de quem produza os botões, malhas e  fechos”, frisou Rui Miguêns na reunião consagrada às “Oportunidades da Indústria de Confecções em Angola”, onde a Associação da Indústria Têxtil e de Confecções de Angola (AITECA) declarou que os fluxos de importação se situam em 15 milhões de dólares.

O ministro indicou, como estratégia para enfrentar esta situação, a abertura de fábricas de acessórios capazes de abastecer a indústria de confecções no país, algo de que se deve ocupar o sector privado, mas admitiu que, enquanto se aguarda por essas iniciativas, a importação vai continuar a cobrir as necessidades dos operadores.

Rui Miguêns notou que os industriais que se implantarem na área da retrosaria podem beneficiar da alteração na Pauta Aduaneira, que agravou os impostos pagos sobre os produtos têxteis acabados, dando facilidades às indústrias que tenham capacidade concorrencial.

Além disso, lembrou, o sector da Indústria beneficia de garantias soberanas para propiciar o desenvolvimento da actividade económica empresarial privada.

O presidente da AITECA, Luís Contreiras, concordou em que a abertura de indústrias de acessórios vai reduzir os gastos com a importação desses produtos, mas considerou que o mercado não deve fechar-se às importações “enquanto as empresas  nacionais se organizam para abrir  as fábricas “.

Luís Contreiras apontou as dificuldades que os importadores de produtos acabados têm encontrado depois do agravamento de cerca de 40 por cento sobre as aquisições no exterior, considerando ser esse um “constrangimento” que deve ser “dirimido” entre o Governo e os operadores, que chegam a empregar entre 50 a 100 mil dólares por ano na compra de acessórios no estrangeiro.


Sector relevante para o emprego

Trinta por cento das micro oficinas de produção registadas, entre as quais as alfaiatarias,  representavam, em 2023, cerca de 10.020 empregos directos e 20 mil indirectos, de acordo com números apresentados no encontro pelo presidente da AITECA.

Naquele ano, prosseguiu, foram produzidas 34.388.700 peças de vestuário, um crescimento de 93 por cento  face a 2020, quando a produção era de 18 milhões de peças.

Apesar de ter uma elevada capacidade instalada, o sector têxtil está a operar a 10 por cento, como é o caso da Textang-II, que disse ser paradigmático das outras duas fábricas implantadas no país, às quais se junta uma pequena unidade de produção de tecidos de malha e uma de produção de curtumes, em Luanda.

O mercado conta com cerca de 95 unidades de confecções de vestuário e calçado de médio e pequeno porte  e mais de 500 micro unidades, entre ateliers, alfaiatarias e  micro fábricas de produção de vestuário e calçado.

JA  

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