O Presidente da República, João Lourenço, garantiu sexta-feira, na cidade de Ondjiva, capital da província do Cunene, que o Executivo, sob sua liderança, continua atento a todas as necessidades da população da província.
Em declarações à imprensa, depois de inaugurar o Hospital Geral do Cunene “General Simione Mucune”, com uma capacidade de 200 camas, o Chefe de Estado sublinhou que, além de estar atento às preocupações do Cunene, em particular a situação da seca severa, está igualmente atento às necessidades de todos os angolanos.
João Lourenço, que se faz acompanhar nesta jornada de campo de três dias pela Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, mostrou-se satisfeito pelo facto da infra-estrutura hospitalar poupar o sacrifício a muitos cidadãos de percorrerem quilómetros em busca de serviços de saúde noutras províncias ou mesmo na vizinha República da Namíbia.
De recordar que o novo Hospital Geral do Cunene, que homenageia o saudoso general Simione Mucune, natural desta província, está localizado no bairro Naipalala III, no município do Kwanhama.
A infra-estrutura ocupa uma extensão de 82.000 m² e uma área construída de 14.406,92m² e foi dimensionado para atender a população da província do Cunene e municípios fronteiriços, reduzindo, deste modo, as evacuações para a vizinha República da Namíbia.
Depois de percorrer todo o perímetro que compõe a unidade hospitalar, o Presidente da República descartou a possibilidade de se replicar unidades especializadas naquela província à semelhança do que acontece na capital do país, tendo esclarecido não existir capacidade em termos de recursos humanos e financeiros para o efeito.
“Vamos aproveitar as capacidades que esses grandes hospitais têm e acoplar as especialidades. É uma forma de se racionalizar os recursos, não apenas os financeiros, mas sobretudo humanos e, por sinal, os mais importantes. Aqui não haveria capacidade para conseguirmos tantos recursos humanos e dispersa-los para o país”, disse o Titular do Poder Executivo.
Confrontado sobre a melhoria dos serviços de saúde da rede primária, João Lourenço disse que às vezes se fica com a sensação de que só se constroem unidades hospitalares de nível terciário, o que no seu entender é uma ideia errada.
“Nós não estamos a construir apenas hospitais com esta dimensão, com 200 camas e tecnologia de ponta. Estamos a construir também centros médicos e hospitais de nível terciário e não estamos a fazê-lo apenas no quadro do PIIM, mas de outros programas que o Executivo tem virados para o desenvolvimento comunitário”, esclareceu.
Durante a cerimónia, prestigiada pelos ministros de Estado, auxiliares do Poder Executivo e governadores provinciais, o Presidente da República disse que a província do Cunene vai contar, além do Canal do Cafu, com as barragens do Ndue, que fica concluída já no fim deste ano, e as do Calucuve e da Cova do Leão, que serão entregues em 2025.
Em resposta à questão sobre a falta de infra-estruturas integradas, uma das principais preocupações da província, o Titular do Poder Executivo disse que se trata de quatro grandes infra-estruturas que vão minimizar o sofrimento da população do Cunene no que concerne aos efeitos negativos da seca.
A título de exemplo sobre os esforços empreendidos para melhoria da imagem do Cunene, o Presidente João Lourenço sublinhou que o Executivo tem feito muito e não é nenhum favor, “mas não podemos fazer tudo de uma só vez, porque essa capacidade não existe”.
Como sinal deste compromisso, realçou o facto de ser a sua quinta visita à província desde que assumiu o poder em 2017. “Isto significa que prestamos particular atenção a esta província por tudo quanto ela representa”, sublinhou.
Ainda neste capítulo, o Presidente da República recordou que o ministro das Obras Públicas, Urbanismo e Habitação, Carlos dos Santos, anunciou há dias o reinício das obras de conclusão da estrada Ondjiva-Omala, depois de muito tempo paralisadas.
Sobre a jornada de campo de três dias que tem como objectivo principal a inauguração do Hospital Geral do Cunene, João Lourenço esclareceu que a sua deslocação não se cinge apenas com a inauguração do complexo hospitalar, cuja cerimónia aconteceu ontem.
No âmbito da atenção que o seu Executivo tem prestado a esta província do Extremo Sul do país, o Presidente da República recordou a histórica visita às zonas das cacimbas, onde a população local consumia praticamente o barro no lugar da água.
“As pessoas morriam de sede e não havia água, mas não cruzamos os braços, a partir dessa altura gizamos um programa que vem sendo executado com algum sucesso”, sublinhou.
João Lourenço destacou também a sua deslocação amanhã à Barragem do Ndue, que vai permitir duplicar o Cafu por quatro.
No fim da visita às instalações do Novo Hospital, o Presidente João Lourenço fez a entrega simbólica das chaves de oito viaturas, nomeadamente um autocarro, três ambulâncias e quatro viaturas de apoio.
Relações com a vizinha Namíbia
Durante a cerimónia inaugural, em que estiveram presentes ministros de Estado, auxiliares do Poder Executivo e governadores provinciais, assim como o ministro da Saúde namibiano, que se fez acompanhar por uma vasta equipa médica, o Chefe de Estado esclareceu que a cooperação com empresas ou profissionais da vizinha Namíbia vai ser feita com base em contratos que ainda não foram negociados.
João Lourenço confirmou existir a intenção entre as partes, cujos moldes contratuais precisam de ser negociados e será a primeira vez na história dos dois países.
O Presidente da República disse também que o Executivo tem procurado cooperar com as unidades hospitalares pertencentes às missões evangélicas e outras de forma geral.
No quadro desta parceria, o Chefe de Estado lembrou que o Governo tem contribuído para a recuperação de algumas unidades sanitárias, com realce para aquelas históricas que são do passado antes mesmo da conquista da Independência Nacional.
Apontou como exemplo a entrega, depois da sua recuperação, do Hospital de Caluquembe às autoridades religiosas, assim como o famoso hospital do Vouga, no Bié.
“Vamos continuar com este apoio, porque se auxiliarmos essas igrejas na reabilitação destas unidades hospitalares, elas vão servir o mesmo povo que o Executivo deve servir”, ressaltou.
“Os angolanos não devem ser assistidos apenas por hospitais públicos. Todos os que podem contribuir para minimizar a carência de unidades hospitalares e da assistência médica às nossas populações são bem-vindos. Temos que conviver e coabitar, quer o sector público e privado, quer o cooperativo e as igrejas no sector da Saúde e da Educação”, sublinhou.
Homenagem ao General Simione Mucune
Durante a cerimónia inaugural, foram passados vários depoimentos sobre aquele que foi o general Simione Mucune, para muitos um homem disciplinado e excelente ouvinte, fazendo jus ao significado do seu nome.
Em declarações ao Jornal de Angola, Madalena Cardoso Mucune, viúva do saudoso general, mostrou-se honrada em nome da família pelo gesto do Governo e do Ministério da Saúde, em particular, ao atribuírem o nome do malogrado ao tão importante complexo hospitalar.
Disse que a maior alegria seria ter presente neste acto o saudoso general e testemunhar em vida essa homenagem. “Infelizmente, a maldita guerra o arrancou muito cedo do nosso seio, numa altura em que se assinala no próximo dia 23 de Outubro, 25 anos desde a sua morte em combate”, disse sentida a viúva.
Madalena Mucune considera a homenagem digna e merecedora para aquele ilustre filho de Angola, que consentiu o sacrifício da própria vida em prol da Pátria.
Maria Mariami Segunda Mucune, primogénita de Simione Mucune, agora com 30 anos e que tinha apenas cinco anos quando o pai morreu, disse ter um sentimento de gratidão com a homenagem.
“É uma honra 24 anos após a sua morte lembrarem dele no Hospital Geral do Cunene, terra que lhe viu nascer e crescer”, a filha do bravo combatente da Pátria. “O complexo hospitalar ‘General Simione Mucune’ é uma estrutura moderna que vem para ajudar muita gente, tal como ele era: tio, amigo, pai e um filho de Angola”, destacou a filha.
JA