O processo de restauração dos mangais, nas cinco províncias do país, deve obedecer a padrões científicos para permitir a elaboração de projectos sustentáveis e atraentes, visando o ecoturismo nacional e internacional, defendeu, sexta-feira, em Luanda, a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa.
Em declarações à imprensa, após ter participado na campanha de plantação de mais de 2.000 mangues, na praia dos Ramiros, em alusão ao Dia Mundial das Áreas Húmidas, assinalado ontem, Esperança da Costa disse que a avaliação ecológica da situação actual e futura dos mangais depende de uma intervenção científica.
De acordo com a Vice-Presidente da República, os programas do Governo, no âmbito da restauração do ecossistema marinho, terão resultado positivo com a intervenção de todos e por meio dos padrões da ciência, com vista a minimizar a acção antropogénica.
Os mangais, frisou Esperança da Costa, proporcionam um enorme suporte para toda a biodiversidade, são centros activos de reprodução da fauna e da flora, onde se incluem várias espécies, nomeadamente crustáceos, moluscos e, até, determinadas famílias de peixes com valor comercial.
Segundo a Vice-Presidente da República, os mangais são “autênticos berçários” para outras espécies de árvores marinhas, fontes de sustento para as comunidades adjacentes e também um espaço privilegiado de aves migratórias, tendo como habitat de paz necessária e para a reprodução.
Para Esperança da Costa, a restauração dos mangais, por meio da cientificidade associada ao compromisso de todos, vai permitir que se tenha um ecossistema saudável e sustentável, capaz de atrair o turismo e abrir um campo para a investigação.
Ainda no âmbito do desenvolvimento do Turismo, a governante disse que o projecto de restauração dos mangais é um claro “exercício de turismo” que se desperta, a partir da preservação, conservação e até da auto-sustentação dos ecossistemas.
De acordo com a Vice-Presidente da República, o ecossistema estável permite que as várias espécies tenham áreas húmidas e com mangais de elevado porte, podendo ser elegíveis como Áreas Húmidas de índole internacional, capazes de influenciar o acesso ao Fundo Climático Global.
Relativamente às áreas marinhas degradadas, em determinadas zonas do país, Esperança da Costa referiu que a solução passa pela participação activa de todos os cidadãos, usando a ciência, o que permitirá a obtenção de dados fiéis para restaurar o deteriorado.
No entender de Esperança da Costa, quanto mais se plantarem mangais, melhor será a restauração das áreas degradadas, bem como ajuda a reduzir a emissão de gases com efeito estufa, tida como uma das grandes causadoras das alterações climáticas.
Os mangais, continuou Esperança da Costa, são os grandes consumidores de carbono, que desempenham um papel crucial na mitigação das alterações climáticas, conferindo mais adaptação e resiliência às populações, ao longo de toda a costa, desde Cabinda, Zaire, Luanda, Benguela e até aos mangais alojados em Moçâmedes, no Namibe.
A actividade de restaurar o ecossistema marinho, frisou a Vice-Presidente da República, interpela a todos, pelo facto dos mangais terem uma elevada influência na produtividade pesqueira, com grande impacto no produto interno que dá receitas para financiar outros projectos de desenvolvimento do país.
“Devemos todos participar para que tenhamos e usufruamos os benefícios provenientes dos serviços destes ecossistemas, mas que, também, deixemos para as gerações futuras, alcançando a sustentabilidade”, acrescentou, antes de enfatizar que o Presidente da República, João Lourenço, tem as questões ambientais nas prioridades da agenda governativa.
Agremiação Otchiva
Danilson Munguenda, biólogo e membro da associação Otchiva, informou que ontem foram plantados mais de dois mil mangais, em alusão ao Dia Mundial das Áreas Húmidas e da grande importância ecológica que desempenham para a vida marinha das comunidades costeiras.
De acordo com o biólogo, os mangues são ecossistemas de transição entre o ambiente marinho e terrestre, bem como um factor importante no combate às alterações climáticas.
“Por isso, apelamos às outras associações, estudantes, instituições públicas e privadas, que estamos juntos no projecto de restauração dos mangais”, disse, recordando que a Otchiva, em cinco anos de existência, conseguiu plantar mais de dois milhões de mangais, nas províncias de Cabinda, Zaire, Bengo, Luanda, Cuanza-Sul e Benguela.
JA