A Declaração de Idoneidade tinha a validade de um ano, quando o bispo Valente Luís foi para renova-la, viu o seu pedido rejeitado, sem quaisquer explicações plausíveis. Segundo fontes o Instituto Nacional de Assuntos Religioso (INAR) recebeu orientações expressas do ministro da Cultura, Filipe Zau para que não fosse renovada a Declaração da ala angolana liderada pelo bispo Valente Bizerra Luís, em obediência a uma suposta ordem de figuras influentes do Comité Provincial do MPLA de Luanda, que pretendem a todo custo remove-lo do cargo a favor de Alberto Segunda, da ala brasileira a troco de milhões de dólares.
Depois da surpreendente decisão do ministro da Cultura, Filipe Zau, em que retirou a liderança da Igreja Universal do Reino de Deus em Angola (IURD) ao bispo Valente Luís, passando ao bispo Alberto Segunda, representante da ala brasileira desta mesma congregação, com a publicação do Decreto Executivo número 74/24, o assunto continua a ser debatido pelo clero angolano.
Segundo a matéria publicada pelo Pungo a Ndongo, o secretário-geral do Conselho Islâmico de Angola (CONSIA), David Alberto Já, defende que o ministro da Cultura devia vir a público dar esclarecimento sobre a alteração que se verificou na liderança da IURD em Angola, sendo que o bispo Valente Luís é o reconhecido oficialmente pelas autoridades angolanas, através do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR).
Na visão do também teólogo e jurista, o INAR devia ter um papel de ‘sanar os assuntos’ que colocam em risco a união nas igrejas, ou seja, ser o mediador, mas nunca fazer parte do problema. “ Infelizmente o INAR apresenta-se como arbitro, jogador e adepto”, sublinha, defendendo ser necessário inverter o quadro, para cumprir o real papel, para o bem da igreja em Angola, para se evitar cisões no seio das confissões religiosas. “ Penso que o processo de mediação devia continuar, ao invés de optar por aquilo que foi feito, retirar a liderança a um e dar a um outro, sem qualquer justificação, porque no fundo parece não se resolveu o assunto”, diz, tendo criticado o silêncio do INAR sobre esta questão.
Ainda sobre a polémica da alteração da liderança da IURD, tendo em conta o tempo em que a igreja está em crise, o também jurista considera que o assunto devia ir ao gabinete do Presidente da República, para decidir, na qualidade de mais alto magistrado da nação. E não havendo entendimento, o Presidente da República tem poderes para intervir neste assunto, para resolver o assunto e ambas partes caminharem de mãos dadas.
Em 2019, quando a Igreja Universal do Reino de Deus em Angola entrou em crise de liderança, devido à dissidência de alguns pastores que recusaram a remoção dos seus cargos, depois de várias rondas de negociações entre as duas alas, em Maio de 2021, o Ministério da Cultura, através do INAR, reconheceu o bispo Valente Luís como o líder espiritual da Igreja Universal, tendo-lhe atribuído uma Declaração de Idoneidade, cujo documento o habilitava a dirigir a congregação em Angola, controlar todo o seu património e único interlocutor válido junto das autoridades angolanas.
Segundo fonte do INAR o documento, foi assinado pelo então director do INAR, reverendo- pastor Francisco Castro Maria, falecido recentemente, por doença, na África do Sul, com anuência do próprio titular da pasta, Filipe Zau.
A Declaração de Idoneidade tinha a validade de um ano, quando o bispo Valente Luís foi para renova-la, viu o seu pedido rejeitado, sem quaisquer explicações plausíveis. Entretanto, segundo investigação feita por este jornal, o INAR tinha recebido orientações expressas do ministro da Cultura para que não fosse renovada a Declaração, em obediência a uma suposta ordem de figuras influentes do Comité Provincial do MPLA de Luanda, que pretendiam remover do cargo Luís Valente a favor de Alberto Segunda.
A decisão foi tomada depois de um encontro entre a direcção desta igreja e o director do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), reverendo Adilson de Almeida, decorrido no dia 16 de Março, que serviu para apresentar um protesto contra o reconhecimento da direcção da ala brasileira da IURD, liderada pelo bispo Alberto Segunda conforme o Decreto Executivo n° 74/ 24, de 14 de Março, publicado em Diário da República.
Na reunião o director do INAR confrontado sobre o Decreto Executivo n° 31/B/ 92, de 17 de Julho de 1992, Adilson de Almeida recusou qualquer responsabilidade sobre o acto praticado pelo ministro da Cultura e Turismo, Filipe Zau, em reconhecer a ala brasileira, apesar de ser um assunto exclusivamente do organismo que dirige.