Maio 18, 2024

 

A Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, manteve, ontem, em Luanda, um encontro com o presidente da Federação Internacional de Natação, Husain Al Musallam, com quem abordou, entre outros assuntos, a candidatura de Angola para acolher o Campeonato Mundial Júnior de 2027.

Em declarações à imprensa, no final do encontro, que decorreu na Cidade Alta, Husain Al Musallam falou da possibilidade de Angola, como representante de África, ser o primeiro país organizador do Campeonato Mundial de Natação.

Na qualidade de presidente, Husain Al Musallam afirmou estar comprometido com a ideia e avançou que Angola tem boas condições para organizar um mundial da modalidade.

“Angola tem boas condições para organizar um Campeonato Mundial e este que decorreu agora foi um exemplo, com 40 países. O que precisamos fazer agora é ver o que melhorar, porque, para o Mundial, teremos de ter capacidade para 200 nações e ver a questão dos transportes e logística, considerados aspectos importantes para este tipo de eventos”, sublinhou o responsável.

Acompanhado pelos presidentes das federações da Europa e África, António da Silva e Sam Ram Samy, respectivamente, que apoiam a iniciativa de Angola, e pelo ministro da Juventude e Desportos, Rui Falcão, Husain Al Musallam frisou que a parte médica, sobretudo o antidoping, é outro aspecto que deve ser trabalhado com afinco no país.

Outro assunto abordado com a Vice-Presidente da República, segundo Husain Al Musallam, foi sobre como a Federação Internacional pode ajudar o país na implementação do projecto “Natação para Todos”, em colaboração com as autoridades angolanas.

Husain Al Musallam, em Angola pela segunda vez, acredita que, com a implementação do programa de natação, talentos e atletas valiosos serão descobertos no país.

“A missão é trabalhar com Angola para ampliar a prática deste desporto e para assegurar que as gerações futuras, cada criança, em particular, tenha possibilidade de aprender a nadar. Não necessariamente para ser um campeão, mas para a saúde, salvar vidas, haver cidadãos saudáveis numa sociedade sã”, justificou.

O dirigente acrescentou que foi, ainda, discutida a questão da sustentabilidade, protecção das águas, ambiente, em que as crianças, além de aprenderem a nadar, devem ser sensibilizadas a ter consciência sobre a importância de ter água limpa para uma vida melhor no futuro.

Com vista à implementação do programa, estão no país peritos europeus, asiáticos, americanos e outros, que vão, durante três ou quatro semanas, trabalhar directamente com professores de Educação Física, de modo a dar uma formação sobre como preparar as crianças para o desporto, em particular, a natação.

Quanto às comunidades rurais sem piscinas, nem infra-estruturas para a prática, citou os rios, lagos, eventuais espaços aquáticos, onde as crianças podem aprender a nadar e ser uma experiência voltada, também, ao programa.

“À Vice-Presidente da República, nós transmitimos a mensagem de que precisamos dar oportunidade a todas as crianças de aprenderem a nadar, porque este programa salva vidas e é algo que tem um impacto positivo nas famílias”, informou o responsável federativo.

Apoio da Europa

Enquanto presidente da Federação Europeia de Natação, António Silva manifestou o apoio ao país para trazer a grande competição internacional a Luanda, destacando as boas condições da Piscina de Alvalade e com a ajuda de outras, bem como a criação das condições logísticas, infra-estruturais e humanas.

“Acho que boa vontade existe de todos os continentes. Estão aqui presidentes da Ásia, África e Europa, do qual eu sou o presidente. Portanto, podem contar com o nosso apoio para trazer esta grande competição para Angola e mais especificamente para Luanda”, disse António Silva.

Sobre a implementação do programa de natação no país, com inclusão da paralímpica, o líder federativo europeu destacou o facto de a Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, ser bióloga como uma mais-valia para trabalhar nas questões do ambiente.

“Fiquei muito satisfeito com a participação da Vice-Presidente de Angola na reunião, juntamente com o ministro dos Desportos e o presidente da Federação Angolana de Natação. Penso que as conclusões foram óbvias. A World Aquatics está completamente disponível para colaborar com a Federação Angolana de Natação com vista à implementação do programa que já se iniciou. Vamos continuar a trabalhar”, frisou António Silva.

Na visão do presidente da Federação Africana de Natação, Sam Ram Samy, em muitos países, especialmente africanos, olha-se apenas para o futebol e esquece-se de que a natação é muito importante, pois tem várias componentes vitais e trata-se de um desporto de sobrevivência.

“Relatórios internacionais dizem que milhares de pessoas morrem afogadas. Por isso, é importante para todos, como disse o presidente da Federação Internacional, que o programa Natação para todos, também, é para a vida”, reconheceu.

Ministro considera necessária candidatura

Segundo o ministro Rui Falcão, face à necessidade da generalização da prática da natação, a Federação Internacional assumiu o compromisso de com o país trabalhar para a implementação do programa desenvolvido pela organização, cujo país está disponível.

Sobre o que deveria ser a participação de Angola no quadro das competições da Federação Internacional de Natação (FINA), Rui Falcão disse que, depois de uma reflexão, se entendeu que o país devia submeter a candidatura para 2027.

“Como sabem, nós estamos a realizar o Africano com 42 países. O Campeonato do Mundo terá 200 países. Então, é preciso criar outro nível de infra-estruturas e de apoio logístico, no sentido de sermos capazes de, com qualidade, fazermos o Campeonato do Mundo Júnior. Foi aceite o princípio, a Federação vai reunir aqui e tomar decisões. Mas, em princípio em 2027, o Campeonato Mundial de Júnior poderá ser em Angola”, ressaltou o governante.

Segundo Rui Falcão, o país está focado na criação de condições para o desporto de alto rendimento, no sentido de se ter infra-estruturas capazes de corresponder à demanda de um Campeonato Mundial.

“Já temos o princípio aceite. Precisamos continuar a trabalhar. Há um caderno que deve ser cumprido e temos de ser céleres”, disse, esclarecendo que os programas específicos de formação são das federações, mas, com o apoio do Estado, o trabalho vai continuar.

“Ao contrário do que alguns pensam, estamos muito felizes com os resultados atingidos neste Campeonato Africano. É preciso termos a perspectiva de que a natação é dominada pela África branca. Felizmente, temos a África do Sul, que faz o contrapeso. Nós estamos agora a entrar com alguma humildade, ganhando uma ou outra medalha, mas vamos nos impondo”, reiterou Rui Falcão.

JA

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