Os Chefes de Estado de Angola, João Lourenço, e de Timor-Leste, José Ramos Horta, prestaram, esta segunda-feira, declarações à imprensa, no Palácio Presidencial, no âmbito do reforço da cooperação entre os dois Estados.
Eis o ter das declarações:
Presidente João Lourenço Senhores ministros, membros da delegação de Timor-Leste, da delegação de Angola, senhores jornalistas.Angola tem hoje o privilégio de receber Sua Excelência o Presidente José Ramos Horta, Presidente da República Democrática de Timor-Leste, país membro da CPLP, com quem mantemos muito boas relações de amizade e de cooperação, que duram há anos, relações que pretendemos desenvolver e explorar em novos domínios de cooperação, para benefício dos dois países e dos dois povos.É importante destacar o facto de esta visita do Presidente José Ramos Horta ser a segunda visita de Estado que realiza à República de Angola, sem que algum Chefe de Estado angolano tenha feito uma a Timor-Leste.Nós vamos corrigir esta situação pois, nas relações internacionais, o princípio da reciprocidade deve prevalecer. O Senhor Presidente José Ramos Horta acaba de estender-me o convite para visitar Timor-Leste e isso vai acontecer nas datas que as nossas diplomacias acordarem.Dos vários países que compõem a CPLP, o único país onde Angola não tinha uma embaixada é precisamente a República Democrática de Timor-Leste. Essa situação está corrigida. Já abrimos a Embaixada em Díli, o nosso embaixador em Díli está aqui presente. Isto é um sinal de que corrigimos a lacuna com o objectivo de incrementar as relações entre os nossos dois países.Portanto, Senhor Presidente José Ramos Horta, seja muito bem-vindo a Angola. Sinta-se em casa.As nossas delegações trabalharam e, prova disso, é que acabámos de presenciar à assinatura de alguns instrumentos de cooperação entre os nossos países e vamos ver se pomos a trabalhar a Comissão Mista Bilateral, uma ferramenta importante para que as coisas aconteçam daqui para a frente.Creio que o potencial de cooperação entre os nossos dois países não tem limites. Temos é que saber identificar onde esse potencial existe e procurar tirar o melhor proveito dele.Muito obrigado!Presidente de Timor-Leste, José Ramos Horta:Muito grato! Sensibilizado pela enorme hospitalidade nesta minha segunda visita de Estado a Angola.Pude presenciar, pude ler ao longo de anos, sobre os progressos havidos em Angola desde o fim do conflito, que custou muito ao povo angolano, a economia angolana, mas, firmada a paz em Angola, deu grandes exemplos de como solucionar um conflito, de como pacificar ou de como sarar feridas, de reconciliar a grande nação angolana.Em Timor-Leste, fizemos o mesmo ao longo de anos, sarar as feridas internas, normalizar relações com a nossa vizinha Indonésia e consolidar relações com os países vizinhos e a comunidade internacional, sendo que em 2025, corolário de todos os nossos esforços internos e diplomáticos, seremos o 11.º membro da ASEAN.Onde estamos hoje, um país livre e independente, muito devemos a Angola, assim como a outros países dos PALOP, Portugal e Brasil, os países da CPL que sempre estiveram conosco na batalha moral, na batalha ética e diplomática.E aqui fica registado, uma vez mais, o nosso profundo apreço a todos, lembrando a grande figura angolana, grande figura africana, grande figura do mundo, Dr. Agostinho Neto.Foi precisamente em 11 de Novembro de 1975 que se declarou a Independência de Angola. Timor-Leste declarou a independência no dia 28 de Novembro de 1975.Em 11 de Novembro de 1975 esteve aqui em Luanda uma delegação de Timor Leste para participar e essa delegação composta de alguns membros (ainda estão vivos todos), espero nos vermos para o ano, para os 50 anos da Independência de Angola, para uma vez mais registar.Mas não falamos apenas do passado, falamos do presente, no potencial da cooperação bilateral Angola/Timor-Leste, mas também do potencial da dimensão económica dos PALOP, CPLP e Timor-Leste.Tendo em conta o facto de que Timor-Leste é membro da região, faremos parte de um mercado regional de 700 milhões de consumidores, com quatro triliões de PIB conjunto dos países da ASEAN e será a grande oportunidade para, a nível da CPLP, passarmos declarações sobre a importância da dimensão económica para a concretização de alguns actos de cooperação. Foi o que nós conversámos.E por fim, para mim, o encontro com o Senhor Presidente foi também uma ‘aula magna’ sobre algumas questões internacionais em relação às quais partilho, subscrevo totalmente o ’tour d’horizonte’ que o Senhor Presidente me fez sobre algumas questões internacionais e pelo qual agradeço.