
Em 1956, o mundo conheceu uma figura que parecia ter saído de um conto imortal: Javier Pereira, um índio zenú da Colômbia, cuja idade alegada ultrapassava todos os limites do imaginável — 167 anos na data da fotografia, com muitos jurando que ele teria nascido em 1789 e vivido até os 200 anos, falecendo em 1989.
Redacção
Sem documentos oficiais para comprovar sua longevidade, o que sustentava a fama de Pereira era algo ainda mais poderoso: o testemunho de gerações inteiras, o assombro dos médicos e a lucidez surpreendente de um corpo que parecia ter vencido o próprio tempo. Em 1956, patrocinado pela famosa franquia Ripley’s Believe It or Not, ele viajou até Nova Iorque. Lá, submetido a rigorosos exames no Cornell Medical Center, surpreendeu especialistas: embora pesasse apenas 35 kg, medisse pouco mais de 1 metro e tivesse perdido todos os dentes, sua pressão arterial era excelente, suas artérias limpas e sua agilidade espantosa — conseguia equilibrar-se numa só perna, dar piruetas, caminhar por quarteirões e subir escadas com naturalidade. Um dos médicos afirmou: “Ele parece ter mais de 150 anos, e mesmo assim, é mais saudável do que muitos com menos da metade”.
Em uma coletiva de imprensa no luxuoso Hotel Biltmore, em 27 de setembro daquele ano, Javier mostrou que sua alma era tão viva quanto seu corpo: deu socos — em tom de brincadeira — em quatro pessoas, riu, respondeu perguntas e deixou todos perplexos. Quando lhe perguntaram qual era o segredo para uma vida tão longa, ele respondeu com simplicidade:
“Mastigue grãos de cacau, beba bastante café e não se preocupe demais.”
Pereira alegava lembrar acontecimentos do início do século XIX com nitidez: o Cerco de Cartagena em 1815, os conflitos entre indígenas e colonizadores, e uma grande fome que assolou sua terra. Aos olhos de quem o ouvia, não se tratava apenas de memória — era a voz viva da história.
Quando foi encontrado em 1954, Javier já havia sobrevivido a cinco esposas, a todos os filhos e netos — o último dos quais teria morrido em 1941 aos 85 anos. Sua existência virou lenda, símbolo de resistência, um paradoxo humano que colocou em dúvida as certezas da biologia.
Javier Pereira faleceu em 30 de março de 1989, na cidade colombiana de Montería. A Associated Press o descreveu como “o pequeno indiano que muitos acreditam ter sido o homem mais velho do mundo”. Sua idade jamais foi comprovada, mas sua história atravessou fronteiras e séculos. Em 1957, o governo colombiano imortalizou seu legado em um selo postal, como quem reconhece que, entre o mito e a verdade, há vidas que desafiam a própria morte.
E Javier Pereira, com seu sorriso castanho e punhos firmes, continua a ser um deles.