Outubro 18, 2024

Filha de José Eduardo dos Santos diz que não tem acesso ao processo que determinou o arresto dos seus bens. E assume que morte do marido permanece “um mistério”.

Isabel dos Santos avançou com uma queixa para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem e confirmou que a mesma já foi aceite. Em entrevista ao Expresso, a filha de José Eduardo dos Santos disse não ter acesso ao processo relativo ao arresto dos seus bens, fruto do “segredo de justiça” e que, por isso, não pode defender-se.

“Portugal diz que o arresto e congelamento dos meus bens foi feito a pedido de Angola. No âmbito da CPLP, o pedido foi executado sem qualquer avaliação por parte de Portugal. E eu nem sei do que se argumenta nos inquéritos abertos pelo DCIAP”, defendeu.

Na mesma entrevista, Isabel dos Santos falou ainda do seu marido, Sindika Dokolo, que morreu em 2020, aos 48 anos, no Dubai. Para Isabel dos Santos, o acidente que vitimou Sindika Dokolo permanece “um mistério” e “a morte não ocorreu definitivamente em circunstâncias normais”. “Acho que nunca saberei ao certo o que aconteceu e tenho de aceitar isso”, acrescentou.

“Durante muito tempo fomos seguidos pelos serviços secretos angolanos. Foi assustados. Foram tempos difíceis para a família”, assegurou ainda.

Na entrevista, que vai ser publicada na revista do Expresso desta semana, a empresária angolana, descreve-o a honestidade e a simplicidade do pai, José Eduardo dos Santos, como um “homem honesto”, que não ligava a luxos. Pelo contrário, era “motivado apenas pela ideologia e pelas lutas de libertação em África”.

“Não ligava a casas ou a luxos. Não acreditava nisso. Não era o estilo dele. Não tinha jatos e casarões. Andava de ténis, vestia polos e o mesmo fato de treino da Adidas três dias por semana. Até 2004 viveu numa casa pequena de três quartos. Foi praticamente levado à força para o palácio presidencial. E mesmo aí não gostava dos quartos oficiais e da suíte presidencial. Não se sentia confortável. Preferia os quartos mais pequenos no andar superior”, conta.

Nota ainda que José Eduardo dos Santos teve um papel ativo na independência da Namíbia e na libertação de Nelson Mandela, na África do Sul. Contudo, destaca como principal feito: o fim da guerra de Angola, em 2002.

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