Outubro 7, 2024

Os restos mortais do músico e compositor Justino Handanga que morreu por doença, na segunda-feira, no Complexo Hospitalar Cardiopulmonar Cardeal Dom Alexandre do Nascimento, na segunda-feira, em Luanda, de onde havia sido transferido, vão ser enterrados hoje no cemitério municipal do Bailundo, sua terra natal.

A urna contendo o corpo do cantor chegou na cidade do Huambo às 17 horas de ontem, momentos antes de ter sido acompanhada pelo ministro de Estado e chefe da Casa de Segurança do Presidente da República, Francisco Furtado, e pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, entre outras entidades. Ao chegar, o corpo fez uma breve passagem na sua residência e foi velado durante a noite no pavilhão multiusos Osvaldo Serra Van-Dúnem.

Antes de partir para o município do Bailundo, foi homenageado pelos amigos, colegas e fãs, para dar o último adeus ao astro da música angolana. No município do Bailundo, a Praça Ekuikui II, foi o lugar escolhido para as últimas homenagens, antes de partir para o cemitério municipal.

O Rei da Ombala do Wambu, Artur Mosso, disse que Justino Handanga soube colocar a língua umbundo num patamar alto e espalhou o brilho em todo o território nacional e internacional.

Artur Mosso revelou que a música de Handanga era bem acolhida pelos seus admiradores. “Tinha o dom de cantar, partilhava o conhecimento musical com todos e deixava em delírio os seus apreciadores”.

Segundo o rei, o malogrado deixou um vazio na sociedade angolana, e será lembrado para sempre. “Vai ser difícil o Huambo ter outro talento ao nível de Handanga. A sua música carrega alma e os valores culturais estão presentes por retratar o quotidiano dos angolanos” revelou o soberano.


“Música que serve de bálsamo”

O delegado provincial da União dos Artistas e Compositores Angolanos UNAC-SA, Benvindo Serafim “Ti Chiny”, descreveu a dimensão humana e artística do autor dos sucessos “Abílio”, “Olonamba”, “Ndumbalundu”e “Paulina”, como um verdadeiro herói que soube interpretar com profundidade as canções em língua nacional umbundo.

Justino Handanga, disse, era a maior estrela da música na região Centro-Sul e soube sempre dignificar as canções em línguas nacionais além fronteiras.

“O artista merece muitos tributos, olhando em toda a sua obra, porque em momentos difíceis, a sua música serve de bálsamo para os aflitos” reiterou Ti Chiny.

O malogrado, ressaltou, deixou um grande legado e a União dos Artistas e Compositores Angolanos – Sociedade de Autor (UNAC – SA), vai continuar a lembrar os ensinamentos deste grande músico nascido no Huambo, para encantar o país e o mundo”, continuou o delegado.

Benvindo Serafim “Ti Chiny” revelou que todas estas homenagens que estão a ser feitas, não representam a verdadeira grandeza do malogrado, por deixar um legado que deve continuar a ser transmitido às novas gerações, fundamentalmente. “Este cantor é insubstituível, para além de ser um grande artista, foi uma pessoa bastante popular e tinha sempre um tom de humor apurado”.

A dupla de músicos Grande Nico e Tiagão descreveram Justino Handanga como um mestre que deixou boas lembranças com os seus ensinamentos. “Ele foi um ícone da música e fez parte no crescimento musical de muitos cantores da nova e antiga geração, porque foi um grande conselheiro dos jovens e estava sempre disponível a partilhar as vivências com a juventude”, afirmaram os representantes da província no Top dos Mais Queridos de 2023.

A dupla manifestou que Handanga será lembrado como uma peça fundamental no music hall angolano. “Apesar de que, no princípio da sua carreira, foi muitas vezes discriminado ao cantar em umbundo, conseguiu romper as barreiras e se tornou um astro e as suas obras vão continuar a influenciar a nova geração”.


Justino Handanga uma voz da nação

Natural da aldeia Ndoluca, comuna do Luvemba, município do Bailundo, Justino Handanga nasceu no dia 1 de Janeiro de 1969, começou a sua carreira na década de 1980.

Na infância participava no concurso denominado “Piô-Piô”, realizado aos domingos, pela Organização de Pioneiros de Agostinho Neto (OPA), no município do Bailundo, onde imitava músicos nacionais e internacionais.

Aos 17 anos ingressou nas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola, FAPLA e fez parte de um grupo musical da corporação, denominado “Pela Paz”. No dia 10 de Outubro de 1992 ingressou na Polícia Nacional de Angola, após cumprir o serviço militar obrigatório nas FAPLA.

Justino Handanga foi um músico com popularidade nacional e gravou dois discos no mercado musical. O primeiro com o título “Ondjonguele Ya Telisiwã” Alvo Atingido, em 2004 e o segundo ” Homenagem ao empresário Valentim Amões”, lançado em 2011.

Foi autor dos sucessos como “Paulina”, “Abílio”, “Carlitos”, “Ndumbalundo”, “Olonamba”, “Tenho saudades”, “Ongueva”, entre outros.  Foi finalista por muitas edições do Top dos Mais Queridos da Rádio Nacional de Angola, em 2013 foi vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de música.


Assinatura  de condolências  hoje no Palácio de Ferro

Um acto de assinatura de condolências em memória do artista Justino Handanga, falecido na passada segunda-feira,  em Luanda, acontece, hoje a partir das 9h00, no Palácio de Ferro, uma iniciativa da União Nacional dos Artistas e Compositores – Sociedade de Autores (UNAC-SA).

A iniciativa conta com a colaboração do Ministério da Cultura e Turismo e da Rádio Cultura, do grupo Rádio Nacional de Angola (RNA) e de pessoas anónimas que pretendem render a última homenagem ao malogrado.

Cantor foi finalista do Top dos Mais Queridos da RNA, em 2013


Cuanza -Norte chora autor de “Paulina”

O Governo da Província do Cuanza-Norte, manifestou profunda tristeza ao tomar conhecimento do falecimento na passada segunda-feira do músico Justino Handanga.

Segundo uma nota de condolências do governo local, a música demonstra-nos que “não é somente uma junção de sons e letras, mas sim um excelente contributo para um mundo prazeroso, no equilíbrio físico e mental, facultando a aprendizagem e a socialização.” Justino Handanga, refere, ao embalar na sua capacidade criativa, cativou multidões e influenciou gerações, tornando-se num importante activista social que veiculou valores que moldaram a sociedade.

Para o Governo da Província, a morte do músico empobrece a cultura nacional e enfraquece as fontes de equilíbrio psíquico e emocional, que eram muito bem alimentadas com o produto resultante do talento genial de Justino Handanga.

Segundo o documento, o artista era considerado um emblema do mosaico artístico-cultural, e um patriota de qualidades indescritíveis, que desde muito cedo se entregou de corpo e alma ao cântico popular angolano, na língua umbundo, recheando-nos de sucessos como “Paulina”, “Tenho Saudades”, Ndumbalundo. “Olonamba”. “Carlito” e “Abílio”.

JA

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